Cidade: espaço a ser ocupado

Jéssica Futema
Urbanerds
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2 min readMar 25, 2018

A cidade pode ser entendida como uma área que foi historicamente ocupada por possuir determinados recursos naturais, por se encontrar na congruência de rotas entre outras cidades, por possuir características geográficas que a tornam vantajosa como ponto de defesa, por simbolizar o poder de um governo. Além de ser um território físico, a cidade conta com um aglomerado de pessoas que a ocupam e que nela se organizam segundo lógicas políticas, sociais, econômicas e culturais. Esses dois fatores caminham juntos na manutenção da vida urbana, ou seja, não existe cidade sem espaço construído, assim como não existe cidade sem pessoas.

Os espaços construídos só se justificam quando são utilizados, ocupados, habitados. Não há sentido em um edifício de apartamentos sem moradores ou em uma calçada sem pedestres transitando. Aí é que se torna óbvio como a cidade é um local de contradições, já que existem inúmeros edifícios vazios e inúmeras calçadas vazias. A partir de uma percepção escancarada, que não exige quase nenhum esforço de observação, podemos levantar questionamentos sobre os motivos ou os fatores que levam a essas contradições.

As contradições espaciais se mostram, em grande parte, como resultado das desigualdades sociais existentes nos espaços urbanos. Embora tenhamos a impressão de viver e usufruir de uma cidade democrática e acessível, sempre é bom questionar para quem os espaços são destinados e por quem estes espaços são permeados. Como os privilégios sociais e econômicos se manifestam na ocupação espacial urbana? Como as pessoas permeiam os espaços? Todas as pessoas são aceitas nos espaços públicos? De que maneiras as segregações acontecem no meio urbano?

Se ocupar é uma condição para que as cidades existam, que esta ocupação seja consciente e questionadora, já que é evidente que ainda há muito o que ser feito para que o ambiente urbano seja um ambiente menos desigual. Imaginamos que as reflexões e discussões que temos em ambientes restritos possam ser expandidas através deste canal e talvez possam abranger círculos além da micro urbanidade em que cada um de nós vive.

Assim, ocuparemos.

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Jéssica Futema
Urbanerds

Arquiteta e urbanista. Interessada em alternativas mais humanas e mais sustentáveis de viver a cidade.