“Stadtluft macht frei”

L. Okamoto
Urbanerds
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2 min readJan 25, 2018

“Stadtluft macht frei” (em uma tradução livre “O ar da cidade liberta”) é um ditado medieval germânico que representa o caráter “libertador” dos grandes aglomerados demográficos em oposição aos ajuntamentos das populações nos feudos, territórios onde as condições de permanência e existência estavam obrigadas uma subserviência à um senhor feudal.

Porém, a origem das cidades é muito anterior à esse período histórico. A origem das cidades confunde-se com a origem das civilizações. A organização da sociedade como pessoas que se relacionam dentro de um contexto físico e sob certos códigos só é possível no contexto urbano e impulsionou o desenvolvimento humano.

As cidades são resultados da adaptação dos grupos populacionais às condições geográficas existentes, que são determinantes durante o processo histórico. No princípio, a sedimentação humana foi condicionada à existência de água que possibilitou a instalação de áreas agrícolas e a produção massificada de alimentos. Tempos depois, a posição de entreposto comercial, que contemporaneamente se entende por “hub”, proporcionou o crescimento dos aglomerados demográficos, principalmente os portuários, mas também os que se localizam em locais intermediários de rotas comerciais. Numa abordagem economicista, as condições para o desenvolvimento do mercado como ambiente de troca e circulação de mercadorias e de pessoas e por consequência da acumulação surgiram nas cidades.

Muitos campos do conhecimento se dedicam a investigar as cidades sobre os mais diversos aspectos. Urbanistas, historiadores, geógrafos, cientistas sociais, economistas e engenheiros. Assim, as mais diversas teorias sobre o funcionamento e dinâmica das cidades são levantadas e se propõe a compreender esse importante fenômeno humano e fornecer subsídios para as políticas públicas e também para o desenvolvimento de práticas que possibilitem o bom convívio entre todos os agentes presentes.

Segundo o relatório do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas “Perspectivas da Urbanização Mundial” provavelmente ⅔ da população mundial estará vivendo em cidades até 2050, que significa aproximadamente 6,4 bilhões de pessoas. Esse é o desafio que está colocado para o debate qualificado, que não é apolítico e desideologizado, e do qual devemos participar: onde essas pessoas vão habitar, como vão se locomover para seus locais de interesse, os resíduos produzidos por todas elas e muito mais outras. A agenda urbana está posta e precisa ser encarada de forma honesta. Seguimos.

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L. Okamoto
Urbanerds

Pai da Bia, palmeirense, projeto de arquiteto libertário.