POR QUE ESCOLHI O UPCYCLING?

Trabalho pra um dos mercados que mais polui o meio ambiente e definitivamente não gosto e nem me conformo com esse fato. Hoje, estima-se que 170 MIL TONELADAS de resíduo têxtil é descartado todo ano no Brasil e que em média 80% disso vai parar incorretamente nos aterros se decompondo e contaminando o solo por muitos e muitos e muitos anos. Além de outras diversas praticas que o mercado tradicional de moda faz e que afeta a nossa água, o nosso ar, o nosso solo e até os nossos corpos.

Então, no segundo ano da marca, junto com o inicio do meu processo de querer ter hábitos pessoais mais sustentáveis, eu comecei a pensar como a 93ML poderia ser um agente de transformação na indústria e colaborar para que parte dos resíduos voltassem para o ciclo de produção. Inicialmente eu nem sabia que existia um nome para o que eu queria fazer, mas depois de algumas leituras e de pesquisar mais sobre produzir uma moda mais sustentável e encontrar diversas referências de marcas que já estavam fazendo isso, descobri como que se chamava o que eu estava procurando: era o upcycling.

O upcycling é uma técnica que visa transformar resíduos de produção ou produtos que estão para descarte em novos produtos. As vantagens desse processo na moda são várias, além de evitar grandes desperdícios e fazer com que as materias-primas sejam melhores aproveitadas e que voltem sempre pra cadeia de produção, sendo reformuladas e usada por mais tempo, ela não precisa de energia para transformação e nem emite gases danosos como o processo para criar tecidos ou até mesmo para a reciclagem de tecidos. Tudo que ela precisa é de muita criatividade e design pra ser botada em prática e isso não faz mal para ninguém.

Cada pessoa que trabalha com essa técnica tem o seu próprio modo de construir as roupas (ou o que quer que seja o seu produto). Eu divido o processo de upcycling da 93ML em dois momentos principais: o garimpo e a criação.

O meu garimpo normalmente é feito em bazares beneficentes e pequenos brechós, e por vezes tenho sorte de algum conhecido me doar alguma peça (normalmente aceito quando são peças que estão inutilizadas, rasgadas ou manchadas). Às vezes preciso de pedaços maiores do que peças já prontas podem me oferecer e aí é o momento que vou atrás do Banco de Tecidos aqui de Porto Alegre.

Pode ser que o próprio garimpo me traga boas ideias para uma futura criação, já que nunca sei ao certo o que eu vou encontrar, ou que eu esteja atrás de peças, tecidos e cores específicas para tirar do papel algo que já planejei produzir. É um momento bem cansativo e que algumas vezes pode ser bem frustrante e em outras pode ser um grande surpresa.

Já na parte da criação, quando estou desenhando os croquis, sempre fico pensando no que eu tenho disponível de material ou que sei que posso encontrar mais facilmente. Pelo tipo de tecido de reuso que uso acabo utilizando muito o recurso dos recortes no design das peças (me inspirando muito em formas arquitetônicas) para que o momento do encaixe funcione, ou seja, pegar cada pedaço do molde e riscar ele no tecido, fazendo caber todas as partes.

A parte de encaixar a modelagem em um pedaço de tecido, que muitas vezes já tem uma outra forma definida e limitada, afinal as roupas que uso para fazer novas roupas já foram cortadas antes, é uma das partes que deixa o meu processo de upcycling mais complexo e demorado do que cortar uma peça de roupa em um grande tecido novo. Normalmente eu tento umas três vezes antes de tudo se ajustar e ser finalmente cortado.

Poder transformar uma peça que alguém descartou e que poderia em algum momento parar em um aterro sanitário ou pegar os retalhos que encontro no Banco de Tecido, em uma peça que alguém vai desejar e que vai voltar a ter uma vida é o que me motiva todos os dias a continuar com a 93ML. E é por isso que eu escolhi o upcycling.

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Você já conhecia o upcycling? Ficou alguma dúvida? Gostaria de saber mais sobre os nossos processos de criação?

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