Calm Tech
Como um conceito de 18 anos atrás pode ajudar a simplificar as interfaces de hoje.
As vezes fico pensando em como seria bom se todo serviço digital fosse simples e amigável, como por exemplo ir a um bom restaurante, onde o garçon já me conhece, e apenas com um gesto me peguntar se eu queria o de sempre, ou senão, oferecer um outro prato que certamente eu gostaria. Porém as vezes (ou a maioria das vezes) é complicado criar ou tornar algo simples.
Se você é como eu que trabalha com Design na área digital, sabe que diariamente nós somos desafiados a sintetizar uma série de informações que devem se encaixar em pequenas telas, e ainda tornar a interação o mais natural e fluido possível.
Atualmente existem vários autores que falam sobre métodos e técnicas que podem ser usadas para simplificar interfaces, e que realmente são textos interessantes, esclarecedores e práticos.
Há 5 anos, comecei a me interessar pela área de Computação Ciente de Contexto, e elaborando um artigo sobre este assunto, me deparei com um texto de 1996 de Mark Weiser que falava sobre Calm Technology.
Fiquei impressionado como os conceitos propostos há mais de uma década estavam ainda mais relevantes, e desde lá venho reunindo esses conceitos para transformá-los em aplicações no ambiente do Design de Interfaces. O resultado disso foi a criação do workshop Simplificando Interfaces.
O conceito de Calm Technology diz que à tecnologia não deveria “estressar” o usuário com a sobrecarga de informação, apresentando duas grandes áreas: “o Centro” e “a Periferia”.
O Centro representa o local onde devem estar as informações que são relevantes naquele exato momento. A Periferia já seria o local onde permanecem as informações não utilizadas naquele momento.
A intenção é que essas informações movam-se facilmente do centro para periferia, e vice-versa de forma fácil e suave, conforme a necessidade do usuário. Weiser defende esse conceito de Calm Technology falando que:
“quando nossa periferia está funcionando bem, estamos sintonizados com o que está acontecendo ao nosso redor, e assim também para o que vai acontecer.”
Hoje temos interfaces que seriam bons exemplos de aplicação do conceito de Calm Technology, entre eles os seguintes aplicativos: YouTube , Google Now, Solar e o Rise.
Uma interface simples e que mostra o que é relevante sem comprometer o restante do conteúdo, ajuda a incentivar as interações nos primeiros momentos em que o usuário tem com app, assim como reforça a confiança para usá-lo posteriormente quando precisar realizar aquela função oferecida.
O uso do Calm Technology na simplificação de interfaces consiste no uso das seguintes técnicas e conhecimentos:
- G.S.P.
- Touch Gestures
- Motion Transitions
- Contrast Effect
- Mobile Moments
Cada elemento deste contribui para que a simplificação ocorra de forma completa e não superficial, o que infelizmente ainda ocorre em alguns apps onde a primeira tela aparenta ser simples, mas ao interagir com as telas internas ficamos perdidos.
Assim como gostamos de ser bem atendidos em um restaurante de forma transparente, educada e sem complicação, os usuários que usam as nossas interfaces são nossos clientes, e quando oferecemos uma boa experiência certamente eles saem satisfeitos, e o Calm Technology pode ser um dos ingredientes chaves nesse atendimento.
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James Italiano
Para quem tiver interesse, o workshop tem uma carga horária com 70% de atividades práticas, onde vamos selecionar projetos reais e apresentar as suas informações de forma sintética e atrativa, tornando concreto o lema já tão conhecido de que “Menos e Mais”.
Tem interesse? Mande um e-mail para italiano.james@gmail.com e receba mais informações.
Ano 2055: Como lidamos com o conhecimento e as experiências individuais. http://goo.gl/RrlQpp
O filme Her: a simplicidade da interação com a complexidade humana: goo.gl/H6JCIV