#TheDevConf 2017 — Trilha Acessibilidade: Trabalhando com um surdo em um time ágil

Relato da palestra de Felipe de Morais e Ivan Diesel na Trilha Acessibilidade do The Developer’s Conference São Paulo.

Talita Pagani
Utilizza
3 min readAug 8, 2017

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Ivan Diesel no palco se comunicando por LIBRAS. Crédito da foto: The Developer’s Conference.

Este post faz parte da série de relatos sobre as palestras da Trilha Acessibilidade do TDC-SP 2017.

A terceira palestra da trilha também ocorreu no palco Stadium e foi realizada pelo Felipe de Morais e Ivan Diesel, ambos da ThoughtWorks (TW). Assim como a Beatriz, Ivan é surdo e fez sua palestra em LIBRAS de uma forma bem descontraída.

O Ivan começou explicando o que é surdez e contou sua experiência de vida pessoal e profissional. Ele sempre estudou em escola de educação especial para pessoas surdas, o que causou um choque quando ele iniciou a universidade com pessoas ouvintes. A experiência dele na universidade foi facilidade pelo auxílio de alguns professores que adaptaram os materiais e o método de ensino a ele.

Em seguida, ele mostrou um vídeo emocionante de um garoto da África Subsaariana surdo, chamado Patrick, que se sentia excluído dentro de sua própria família porque ninguém conseguia se comunicar com ele. A maioria das pessoas surdas desta região da África não conhecem língua de sinais e acabam sendo excluídas da sociedade. Com a chegada de um professor de língua de sinais à comunidade de Patrick para ensinar a língua aos surdos, pode-se perceber a transformação de Patrick e dos outros surdos por estarem conseguindo se comunicar e se expressar.

Em seguida, Ivan contou sua experiência em uma empresa de tecnologia em que os outros colaboradores ouvintes não davam atenção a ele, não chamavam ele para reuniões, almoços e dificilmente se comunicavam com ele. Ivan contou que quando realizou a entrevista para a TW, já teve um tratamento humano e empático desde o momento da entrevista. As pessoas conversaram com ele utilizando a língua de sinais e ele se sentiu incluído.

O Felipe e o Ivan trabalham juntos de forma pareada e não há problema de comunicação entre eles. Além de LIBRAS, eles conseguem se comunicar por chats e diferentes ferramentas de comunicação entre times. Felipe explicou que, no pareamento, há geralmente uma terceira pessoa que faz a transcrição da comunicação, o que facilita a interação.

Ivan comentou que, na empresa anterior, dificilmente chamavam-no para as reuniões, enquanto que, na TW, ele participa de ao menos três reuniões por dia e auxilia nas tomadas de decisão. Nas reuniões diárias da equipe, há intérpretes mas muitas vezes o Ivan deseja se comunicar sem o intérprete para que os colegas possam se exercitar a comunicação em LIBRAS que eles adquiriram em cursos realizados dentro da empresa. O Ivan participa também das reuniões de clientes e se comunica com eles por e-mail.

A palestra do Felipe e do Ivan foi muito importante para mostrar que integrar uma pessoa surda é questão de vontade da empresa e dos times, pois existem diversas alternativas para reduzir as barreiras de comunicação. Interagir com um colega de trabalho surdo é como interagir com um colega que fala outro idioma. Se aprendemos outras línguas para trabalhar com times de diferentes nacionalidade, podemos aprender LIBRAS para se comunicar de forma inclusiva com pessoas surdas.

Assista ao vídeo da palestra do Felipe e do Ivan.

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Talita Pagani
Utilizza

Consultora de Acessibilidade na Utilizza | Neurodivergente | Mestre em Acessibilidade Web | GAIA — Autismo