Mim

Orlando Lustosa
Planger
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2 min readMar 25, 2017

Estou longe de Mim. Olho no espelho e minha lógica reconhece uma consciência ambulante apossada de um corpo com certa esguiez e coberto de pelos— reconhecidos através de dois pequenos olhos castanhos.

O Presente é quase insuportável, me sustento pelas lembranças do Passado e a esperança do Futuro.

O Passado é um vívido oásis, com dunas repletas de Sonhos e Esperanças, e uma espiral ascendente de sucessos até cair nesta interminável Tempestade chamada Presente.

Emormacei a chuva sozinho, no calor das decisões atrapalhadas, hoje me banho com a água de minha própria ansiedade. Tive que aprender a conviver com os relâmpagos assustadores da Depressão — já permeada pelos vícios que ameaçam penetrar mais fundo em minha carne.

O Futuro é uma densa Floresta, governada pelo assombroso Espírito do Propósito. As Árvores do Tempo Perdido já tem copas firmes que permitem acumular a umidade, trazendo uma névoa escura para todas as direções.

Contudo, nessa mesma Floresta habita a Deusa da Identidade. Sua luz é tão intensa que já toca as paredes de minha caverna solitária e seu canto abrasa meu coração escurecido.

A Floresta é também o lar dos Sonhos Esquecidos, que podem estar enterrados em qualquer raiz ordinária.

Não sei por quanto tempo vagarei em busca de Mim, nem por quanto tempo os Bons Espíritos me trarão luz, mas a chance de fugir da Tempestade já me traz acalento para dormir esta noite. Mas só esta noite.

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