Etnografia e UX, tudo a ver

Lu Terceiro
UX Everywhere

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A etnografia entrou em pauta nesses últimos dias graças ao congresso internacional que acontecerá em outubro aqui em São Paulo. Pela primeira vez, o Brasil irá hospedar o Epic People, com o tema Construindo Pontes.

Inspirados pelo assunto, convidamos a Mariana Vicente, geógrafa que atua na área de UX, para vir conversar conosco sobre etnografia, juntamente com Pablo Turazzi, nosso sociólogo de plantão, para entender melhor como podemos nos apropriar dos conceitos em nossa rotina de trabalho.

Em nosso bate-papo, levantamos alguns pontos como tempo, interdependência entre todos e o meio e alteridade, observação participante e método da negatividade.

Um dos primeiros pontos observados é que o trabalho etnográfico demanda tempo para se obter resultados e que, na maioria das vezes, não possuímos essa disponibilidade.

Tempo para quê? Para se observar o indivíduo em seu espaço, pois ele não existe isolado. Tempo para criar uma relação entre nós e os indivíduos observados, ou seja, trabalhar uma alteridade mais natural, de maneira a minimizar a interferência externa. Dessa forma, conseguir pegar o que não está posto como realidade, aquilo que não é aparente nem explícito.

Ninguém existe só, todos interagimos e dependemos uns dos outros. Eu estou na cidade, e a cidade é com o que eu me relaciono. Eu só sou se estou no mundo. O ser humano modela seu lugar e é modelado por ele.

Como não é possível tirar ou analisar o indivíduo fora do seu meio, é necessário ter tempo para imersão, para vivenciar e entender o que estamos fazendo junto aos demais.

Num espírito de pesquisa de guerrilha, a ideia é buscar a observação participante, onde compartilhamos as descobertas conforme nos integramos no grupo, sempre buscando o processo de socialização e ressocialização. Este pode ser um caminho para absorver a etnografia em nossa rotina de trabalho, tornando essa uma prática constante.

Por fim, o que buscar, além desse conhecimento? Um conceito bastante interessante foi o método da negatividade, ou seja, buscar o que nega minhas hipóteses, buscar aquilo que vá invalidar minhas ideias, pois nesse processo é possível construir um entendimento muito mais completo e sólido.

Links

- Sobre o evento:
http://epicpeople.org/2015/
http://www.interfaceando.com/2015/03/14/etnografia-e-mercado-e-tema-do-epic-2015/

- Sobre alguns conceitos falados:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alteridade
http://www.infopedia.pt/$observacao-participante

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