Papelzinho Xexelento
Uma tática do tempo da vovó pra ser ouvida(o) — e construir consenso no início dos projetos
xexelento (xe.xe.len.to)
adj (xexé+l+ento) Bras gír 1 Inferior, desqualificado. 2 Desagradável, que possui má aparência. 3 Implicante.
Tenho certeza de que isso já aconteceu com você. No início do processo de criação, após olhar pro problema e pros indícios ao redor, a dupla ou a equipe de design começa a juntar os pedacinhos. As coisas estão fazendo sentido e há caminhos promissores a explorar.
Então vocês olham pro lado e podem sentir no ar aquela perguntinha quase escapando da ponta da língua dos clientes e do próprio time: “E aí, vamos ver? Temos telas?”
Sua resposta pra estas perguntas?
SIM. NÃO.
É preciso manter a atenção no que realmente importa.
Somos muito apegados ao visual. Estima-se que quase 2/3 do cérebro se envolva em tarefas e processamentos relacionados à visão.
Mas… não é sempre que as telas vão trazer as respostas. É bem comum, aliás, descobrir que telas tendem a mascarar problemas críticos de fluxo e proposta de produto. E aí vem a tríade que ninguém quer enfrentar: custos altos, muito trabalho e ansiedades descontroladas vindas de todos os lados.
É aí que entram os Papeizinhos Xexelentos.
Venho testando essa abordagem no projeto em que estamos trabalhando agora e isso é o que descobri:
Se você precisa validar uma hipótese de solução com seus stakeholders, quanto mais elaborada e polida ela estiver — num keynote incrível ou em fluxos muito bem desenhados - menos você vai conseguir discutir as propostas em profundidade.
A cena é meio essa, né?
Whiskas Sachê feelings?
Os Papeizinhos Xexelentos — ou qualquer outro artefato em baixa fidelidade — deixam claro que aquilo não é final e que seu interlocutor pode — e deve! — contribuir, criticar, discordar. Se a minha opinião não valer tanto assim, tem gente mais gabaritada que eu dizendo isso - daqui e de fora.
Um de cada vez
Você provavelmente já esteve numa situação em que todo mundo quer opinar e ninguém ouve o que o outro fala. Quero crer que não, mas às vezes a impressão que dá é que a confusão toda é só pelo prazer de discordar! :/
Mantendo sessões xexelentas individuais, você isola o fator social e a pessoa não tem saída a não ser falar sobre o que importa. E isso não leva mais que 30 min a 1 hora — bem menos tempo que uma reunião animada levaria.
Enquanto discute as propostas, você mesmo rabisca em cima, escreve notas e reorganiza pontos de acordo com o feedback do seu interlocutor. E volta a conversar sempre que houver atualizações, mantendo uma frequência de discussão sobre o projeto que diminui eventuais problemas de comunicação lá na frente.
É natural que existam muitas ansiedades no início de um projeto. Todos — stakeholders e nós, designers — queremos resolver o quanto antes os problemas detectados e descobrir se nossas hipóteses de solução funcionaram ou não.
O que tenho percebido é que, além do processo e do produto se beneficiarem muito com a discussão focada, a outra grande vantagem do Papelzinho Xexelento é manter os stakeholders atualizados dos rumos do projeto- o que diminui consideravelmente os níveis de ansiedade e economiza muito em terapia! ;)
Obrigada Marcio Tristão (@mtristao) por essa definição perfeita pro método! ;)
Já usou táticas parecidas no seu dia-a-dia? Funcionou?
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