Resumão UX Conf 2019 - tudo o que rolou no sábado 18 de maio

Marília Procópio
UX Globosat
Published in
7 min readMay 31, 2019
Café com borda de doce de leite e paçoca da UX Conf ❤ + crachá em cima de uma bancada

Milk Free App - A pesquisa por trás da concepção de um app para alérgicos a proteína do leite de vaca

→ Samille de Oliveira Brito, 20 min | link da apresentação
Samille pontuou as diferenças entre alergia e intolerância à proteína do leite de vaca, chamando atenção para a gravidade da APLV. Os sintomas podem surgir após pequenos contatos como com o cheiro do leite e nos piores casos podem levar à morte.

O tratamento se baseia na exclusão total do leite e seus derivados, além do acompanhamento médico. Os pais de crianças com APLV sofrem com embalagens sem padronização e desconfiança de outras pessoas que não entendem ou não acreditam na realidade da doença.

Através de entrevistas, mapas de empatia e criação de personas Samille decidiu fazer o recorte na questão da dificuldade com os rótulos dos alimentos. O Milk Free lê códigos de barra, diz se há proteína do leite ou não e oferece produtos similares que sejam seguros.

Pesquisa com usuários surdos: como entender o estrangeiro em seu próprio país

→ Elias Fernandes, 20 min | link da apresentação
Os surdos correspondem a 5% da população brasileira, isso dá mais ou menos 9.780 pessoas. Elias nos contou sobre como essa população é heterogênea, pois há diferentes perfis como o surdo oralizado e o não oralizado. Falou que o português é como uma segunda língua, já que Libras é a primeira língua da maioria das pessoas com deficiência auditiva. Contou sobre as complexidades de estrutura, movimento, posição e expressão da língua brasileira de sinais e deixou uma recomendação: que façamos mais testes diretamente com pessoas surdas.

Design para construção de novos negócios

→ Eduardo Peixoto, 20 min | link da apresentação
Eduardo é engenheiro e Chief Design Office na CESAR em Recife. Ele falou da construção de negócios ao longo do tempo, comparando conceito de larga escala e o tempo que os produtos levaram para se consolidarem.

Contou um pouco sobre como foi a construção do núcleo de Design no CESAR, sua evolução ao longo dos anos e o que espera para o futuro dos negócios e do design. Reforçou a importância de entendermos sobre dados.

Como criar conteúdo para pessoas com deficiência visual num mundo visual

→ Lívia Gabos, 20 min | link da apresentação
Lívia mostrou exemplos práticos de como criar conteúdos que sejam acessíveis a todos, incluindo pessoas com deficiência visual. É uma questão de acrescentar informações e não de retirar.

Imagem de um exemplo de fluxograma em forma de tabela

Fluxogramas: tabela contendo número ID, o passo, o tipo e próximo passo a partir daí (ID).

Gráficos: tabela descritiva complementar.

Descrição de imagens: ela falou sobre criar descrições simples e dar opções para a pessoa escolher uma mais detalhada.

Comentou ainda sobre o papel das cores como referência, pois mesmo para pessoas que não enxergam a cor é uma informação descritiva sobre os objetos.

E terminou mostrando um pedaço do curta Paperman com audiodescrição.

A importância da gestão de pessoas e a liderança de design - case de atuação

→ Rodrigo Lemes, 20 min | link da apresentação
Rodrigo aludiu às rodas de um carro para falar de 4 pilares que raramente são alinhados dentro das empresas: design, tecnologia, negócios e pessoas. Antes de medir a maturidade de design da empresa ou de lutar por uma diretoria própria, Rodrigo defende medirmos a maturidade do designer. Ele falou sobre modelo farther de liderança, perfil do profissional de design, comportamento e comunicação. Sobretudo, que líderes sejam UXizes para seus próprios times, criando instrumentos de medição, ouvindo e testando.

Modelo de medição que o Rodrigo mostrou com gráficos baseados em uma avaliação 360º

Design de negócio social para a inclusão de uma população carcerária

→ Thaís Falabella, 20 min | link da apresentação
Thaís falou sobre seu mestrado na UEMG e sobre o sistema prisional brasileiro, que apesar das leis avançadas tem uma realidade que fere os Direitos Humanos e a Constituição Brasileira. Nossa população carcerária é a 3ª maior do mundo com 727 mil presos. O encarceramento que falha em reinserir essas pessoas na sociedade tende a fomentar o ciclo de violência.

Thaís trabalhou com a APAC, associação que visa ajudar a recuperar as pessoas ainda em cárcere. Usando o design participativo ela incluiu os presos desde a imersão até a implementação. O processo começou com ela fazendo tour guiado na unidade da APAC e dando palestras sobre design. Depois, Thaís criou um grupo com os presos interessados que se reunia recorrentemente para criar mapas mentais, matrizes SWOTs, idear, construir canvas de negócio e botar a mão na massa. No final, eles decidiram criar bolsas com estampas próprias para vender externamente e ajudar na própria renda. Mas não foi só isso, a Thaís facilitou a capacitação deles em modelar iniciativas, aprender técnicas como a serigrafia e a tocar um projeto do começo ao fim.

Duas bolsas produzidas no projeto, uma com um coração formado por um símbolo de interrogação e a frase "Você se diria inocente?" e a outra com corações na frente de listras verticais e a frase "O amor transcende as grades". As duas estampas foram criadas pelos recuperandos participantes do projeto da Thaís

Polícia Militar, qual a sua emergência? Inteligência artificial e UX otimizando o atendimento do 190

→ Patrícia Prado, 20 min | link da apresentação
Pesquisa às vezes é um caos. Patrícia tomou um tempo para nos contar o início do projeto que queria identificar oportunidades de negócio dentro da esfera da segurança pública. Em uma abordagem super real, ela nos falou sobre os meses de trabalho de pesquisa feitos para descartar recortes de projeto que seriam problemáticos no futuro.

O recorte escolhido foi o das ligações para o 190, fonte de informações para a Polícia Militar. De 4000 ligações em Santa Catarina, 90% eram engano, trotes, tinham ruído demais ou desligavam sem dizer nada. A proposta foi criar uma camada com Inteligência Artificial antes dos atendentes para identificar e filtrar os telefonemas. A apresentação está cheia de dados e mapeamentos interessantes, vale a pena dar uma olhada!

A sala de aula de 200 mil alunos

→ Paola Sales, 20 min | link da apresentação
Paola acredita que a educação tem o potencial de transformar a vida das pessoas. Ela contou como foi começar a área de User Studies no Descomplica, com suas expectativas e realidades.

Para cada desafio, uma oportunidade:

  1. Falta de dados para para recrutamento >> Construir a própria base com informações coletadas em questionários online
  2. Equipe enxuta, incapacidade de atender a todas as demandas >> Workshops internos para capacitar mais pessoas a fazerem pesquisa

De quebra ainda motivou a galera lembrar do seu propósito. ❤

Slide da apresentação da Paola com a frase "Nosso dia de trabalho não pode nunca se transformar em apenas mais um dia de trabalho."

Indo audaciosamente onde nenhum outro designer esteve: A trajetória da transformação cultural de uma empresa com raízes militares através do design

→ Rafael Burity, 20 min | link da apresentação
Rafael falou sobre a sua experiência mostrando o valor do design na ATech, empresa do grupo Embraer.

Para contornar resistências culturais, ele elencou 3 passos:

  1. Criar parcerias: escutar, colocar a mão na massa e entregar valor. Mesmo que não dê para fazer o processo de design redondinho.
  2. Compartilhar: eventos e workshops internos para mostrar os ganhos dos projetos e capacitar mais pessoas a entrarem nos processos de design
  3. Entender o contexto e se estruturar: mapear a empresa politicamente e apresentar o propósito do time

"O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando."

- Antoine de Saint-Exupéry

O UX writing e a padronização de informações: em busca de uma língua em comum

→ Bruno Rodrigues, 20 min | link da apresentação
Bruno contou um pouco sobre a sua trajetória e seu trabalho com copywriting, webwriting e UX Writing. Esse último ele definiu assim:

"O UX Writing torna a comunicação cristalina e facilita a tomada de decisões."

Avisou que o livro fruto do seu mestrado sobre UX Writing sai agora em Julho e será gratuito (Uoba!). Parece que haverão alguns cases de mercado e mais sobre testes em UX Writing.

Onde estão nossas referências negras em Design?

→ Wagner Silva, 20 min | link da apresentação
Wagner se perguntou porque conheceu tão poucos designers negros no mercado e na academia. Ele nos presenteou com algumas referências negras que foi descobrindo sozinho:

  1. Hannah Beachler: Designer de produção do filme Pantera Negra
  2. Wynn Thomas: Diretor dos filmes Estrelas além do tempo e Marte Ataca!
  3. Chuck Harrison: Designer na Sears, Roebuck and Company
  4. Emment McBain: Ganhou o AIGA em 2017 e foi Diretor de Arte para diversas agências de publicidade nos EUA
  5. Gail Anderson: Ganhadora do AIGA 2008 e do National Design Awards (Cooper Hewitt), professora da SVA em NY, sócia da Anderson Newton Design

E divulgou projetos de pessoas negras que tentam mudar este cenário:

  1. Twitter Blackbirds
  2. UX para Minas Pretas: projeto para capacitação de mulheres negras em UX
  3. Designers Negrxs no Brasil: site que o Wagner está desenvolvendo como um hub de perfis de designers
  4. Afrotech BR: só achei link para o internacional

Melhor ainda é ter o próprio Wagner falando de tudo isso. Olha aí! ⬇️

Palestra do Wagner no canal do evento no Youtube

As fronteiras da empatia na pesquisa

→ Carolina Zatorre, 30 min
Carol falou um pouco sobre a sua trajetória como antropóloga trabalhando em projetos de design. Ela defendeu que a empatia não é uma ferramenta e sim uma condição de se viver em sociedade. Falou sobre como o Design pode ser a ponte entre o conhecimento acadêmico e o mercado, pegando a teoria e transformando em prática.

Link legal: Entrevista da Carol para o Podcast Movimento UX, da Izabela de Fátima. Nesse episódio ela fala de projetos em que trabalhou e comenta um pouco mais sobre a diferença entre empatia e alteridade.

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E aí, o que você achou da UX Conf 2019?
Eu já estou com meu ingresso para a de 2020. 🤓

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