Aprendendo com o que o mercado já oferece

Alex Soares
Hub de Design TOTVS
4 min readJun 27, 2022

Como podemos aprender com produtos e serviços que já existem por aí?

Pessoa com segurando binoculo
Pessoa olhando através de um binóculos. (Fonte: unplash.com)

Quando pensamos em caminhos que já foram percorridos na composição de ideias que foram validadas e que já são habituais para o comportamento das pessoas, podem ser ótimos insights para explorarmos a evolução de produtos e serviços.

O benchmarking é uma das ferramentas que podem nos ajudar neste sentido, segundo os autores Dr. Marcos R. Albertin, Dr. Sérgio J. B. Elias e Dr. Dmontier P. Aragão Jr. do livro “Benchmarking para um desempenho superior” eles relatam que essa prática começou formalmente em 1997 na Xerox, no intuito de analisar os concorrentes para aumentar o desempenho e a competitividade.

Com o passar dos anos as empresas começaram a transformar os seus objetivos e perspectivas com a ferramenta, deixando de querer aprender apenas com os erros e acertos das outras empresas, mas sim aprender junto com elas. Atualmente é uma das ferramentas mais consolidadas no universo dos negócios, principalmente quando nos referimos a pesquisa de mercado.

Benchmarking externo

Temos diversos tipos de benchmarking, mas o mais utilizado pelas organizações é o benchmarking externo. Ele acontece quando fazemos comparações de informações internas, ou seja, da nossa própria empresa com empresas do mercado. É uma prática muito comum feita com concorrentes, podendo ser feita também até mesmo com empresas de outros setores com características parecidas com a nossa.

Podemos dividir da seguinte maneira:

  • Competitivo

É quando utilizamos nossos concorrentes como referência, fazendo comparações entre modelos de negócio analisando produtos e serviços. Temos que ter cuidado com este tipo de abordagem para que não se torne um ato de espionagem, por isso é aconselhável usufruir de informações que são divulgadas pela própria empresa e sempre com o fim de pesquisa e não para fins de plágio ou algo similar a este conceito.

  • Funcional

Este traz um conceito diferente, podendo ser empresas concorrentes ou não e que também podem fazem parte de outros setores. Tendo isso estabelecido, é possível realizar parcerias entre as empresas, dividindo conhecimento entre elas e em colaboração gerando aprendizados para evoluir suas soluções.

Como realizamos um benchmarking?

Existem muitos métodos para realizar o benchmarking, sendo o método genérico com base no conceito funcional. A doutora Laura Ribeiro em sua tese "Aplicação do benchmarking na indústria de manufactura", relata ser o método um dos mais populares por ter conseguido compilar os demais que eram utilizados até o seu surgimento. Ele funciona da seguinte forma:

  • Planejamento de projeto

É a etapa inicial do projeto, o momento em que é formada a equipe, a definição dos objetivos que queremos alcançar e as funções que cada participante vai ter no decorrer de cada uma das próximas etapas. Pode ser considerado uma das principais atividades durante todo o benchmarking, porque grande parte da estratégia de como será feita essa imersão acontece aqui.

  • Coleta de informações

Nesta etapa é quando acontece a pesquisa de fato, iniciando com as definições de coleta, ou seja, o que queremos conhecer das empresas parceiras. Na sequência é definido quem serão essas empresas parceiras e o recrutamento delas.

Então é chegada a hora da coleta, que pode ser feita através de métodos quantitativos como formulários, métodos qualitativos como entrevistas em profundidade ou até mesmo métodos mistos, que seria a junção dos dois anteriores.

A escolha dos métodos será definida com base na coleta que é desejada alcançar, em outras palavras, tudo vai depender do que queremos saber das empresas parceiras.

  • Comparação e análise de dados

Depois de ter feito a coleta de dados, vamos seguir para análise deles. É importante que esse mapeamento tenha sinergia com os objetivos estabelecidos na etapa inicial e que a categorização fique muito clara para todos que estão envolvidos no projeto.

Os insights que possuem relação com as melhorias desejadas na etapa de planejamento precisam também estar destacados para fácil visualização.

  • Elaboração e plano de ação

Chegamos na hora de passar o que aprendemos para ideação, tendo as coletas do método de benchmarking como base. Aconselho também compor essas informações com outras investigações centradas no usuário, desenvolvendo de fato um projeto de pesquisa em design.

Com isso o time pode colaborar divergindo e convergindo ideias, até que cheguem em um consenso do que será explorado de acordo com os objetivos iniciais.

É aconselhável testar antes o que foi proposto para que a entrega seja mais assertiva.

Após a validação, podemos seguir para a implantação.

  • Realização e avaliação

O plano é colocado em prática e desenvolvido pelo time, mas temos que nos atentar que nossa entrega não termina ainda. O acompanhamento é muito importante para ver se o que foi proposto está funcionando bem através de métricas

Essa etapa é fundamental, já que é ela que vai nos gerar aprendizados para a evolução dessa entrega.

Modelo de benchmarking genérico

Conclusão

A ferramenta de benchmarking pode nos ajudar a encontrar padrões de comportamento com experiências que já existem, algo que tem muita sinergia com o que aprendemos com as neurociências em outros artigos, como quando falamos sobre tomadas de decisões e emoções. Estes e outros temas nos ajudam a entender porque estes padrões são formados e como podemos utilizá-los a nosso favor como designers.

Construir melhores experiências não significa que temos que reinventar a roda, tudo faz parte de uma evolução, seja elas de produtos, serviços ou da própria humanidade.

Bibliografias

ALBERTIN, Marcos R. et al. Benchmarking para um desempenho superior. São Paulo: Editora Alta Books, 2021.

RIBEIRO, L. M. M. Aplicação do benchmarking na indústria de manufactura: Desenvolvimento de uma metodologia para empresas de fundição. Tese de Doutorado submetida no Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Porto: Universidade do Porto. 2004.

--

--