Mais négocio, menos pixel.

Diego Rezende
Hub de Design TOTVS
5 min readJun 8, 2017

“Designers deveriam saber programar!”

Se você é designer de qualquer coisa digital, já deve ter ouvido isso. Se você é UX designer, com certeza já ouviu isso. Mas será que precisamos? Este texto vai te convencer que não, você não precisa aprender programar.

[Ou precisa, você faz o que for mais apropriado para sua carreira, mas ficamos aí com os questionamentos].

Eu, pessoalmente, acredito que os designers, seja lá qual for a ramificação deles, deveriam se aproximar da área de negócios. Isso mesmo, negócios, mercado e etc. No final das contas o seu design não pode ser só bonito e funcional, ele precisa ser financeiramente viável e dar retorno para a empresa. Se você acha que só precisa entregar uma linda interface e seus usuários vão cair de amores pelo seu produto, que ganhará prêmios, notoriedade, iates e viagens para o exterior…você provavelmente está certo, pois só precisa de uma interface bonita para conseguir tudo isso.

Por outro lado, a tatuagem de aquarela e a mensalidade do Netflix têm algo em comum: precisam ser pagas e, sim, com dinheiro. Chocante, não?

Eu sempre vejo a galera do design reclamando que o chefe não aceita o redesign e que é muito difícil convencer as pessoas a investir em UX. É verdade, pois nós não falamos a língua dos negócios. Precisamos aprender a falar sobre métricas, ROI, investimento e modelos de negócio, apenas dessa forma conseguiremos galgar nosso lugar no panteão da elite do design. Se realmente quisermos ser vistos como alguém que faz algo além de “UX na telinha”, precisamos conversar de igual para igual com os stakeholders e times de negócio, e, além disso, começar a contribuir nas decisões estratégicas do produto. Talvez a única maneira de fazer um bom negócio acontecer é entender como esse negócio funciona.

Innovation by IDEO (Até a IDEO e os deuses do design tentam lembrar a gente que o negócio é um pilar da inovação)

Não estou falando dos cargos da moda como o buzzwords e buzzjobs da vida, ou que você precisa virar um Business Designer Strategist, mas saiba que aprender um pouco de Business Model Generation e análise competitiva vão mais te ajudar do que atrapalhar. Muitas vezes a conversão da interface para HTML 5 e CSS3 não tem nada a ver com as projeções de crescimento para o semestre da empresa.

Talvez até tenha, cabe a você saber argumentar. E se a sua melhor defesa é “mas é isso que o usuário quer”, más notícias novamente. O dever do designer é advogar em prol do usuário, mas a meta da empresa é fazer negócios, trazer dinheiro, e essas coisas precisam convergir de alguma forma.

Se você acredita piamente que é um UX Designer e lá dentro do seu coração tem orgulho em dizer que ajuda as pessoas, pare… pense… será que é verdade? A experiência é a soma de tudo, e tudo significa tudo mesmo: desde o jeito que seu produto é embalado e vendido até o tempo de carregamento da página — que a cada segundo aumentado afasta seu usuário. Se você quer que o seu design tenha relevância, todos os problemas precisam ser endereçados, sejam eles quais forem.

O que você pode começar a aplicar no seu dia-a-dia para ajudar

Canvas de modelo de negócio

https://strategyzer.com/

Existem vários cursos e tutoriais na internet que podem te ajudar a tangibilizar um negócio. O Canvas é um mapa extremamente prático de ser montado e serve de apoio para qualquer decisão de design e negócio. Esta ferramenta pode ser utilizada colaborativamente em qualquer momento para construir ou validar um modelo de negócio. Existem vários cursos e tutoriais na internet que podem te ajudar a tangibilizar um negócio. Você pode aprender um pouco mais no site do SEBRAE

Canvas da proposta de valor

https://strategyzer.com/

Um recorte aprofundado do canvas de modelo de negócio com foco nas áreas de proposta de valor e segmento de clientes. Este mapeamento pode auxiliar, e muito, na montagem de uma estratégia para um produto ou serviço. Ele tem como objetivo montar uma solução para problemas reais que vão se adequar a realidade do seu cliente. Este canvas pode ser utilizado junto com várias outras ferramentas, a galera da KUDOS tem um artigo bem completo de como utilizá-lo

Prototipação

Protótipos para IOT

O protótipo deve ser utilizado para comunicar ideias e conceitos de forma rápida e barata. Ele tem como objetivos ser facilmente replicável, escalável e, mais importante, gerar aprendizado através de iterações rápidas e constantes. O mais comum na nossa profissão é utilizar protótipos para validar conceitos de usabilidade, mas ele pode, e deve, ser utilizado também para validar conceitos de viabilidade e desejabilidade, ou seja, se pagariam ou não por essa solução. O site entrepreneur tem um artigo legal sobre como prototipar um negócio.

Blueprint

https://en.wikipedia.org/wiki/Service_blueprint

O Bluprint é um mapeamento utilizada para descrever como um serviço e seus atores funcionam e interagem entre si dentro de uma jornada determinada do usuário. Ele tem como objetivo elencar todos os processos envolvidos para que um determinados serviço funcione e se mantenha, esta é uma ótima ferramenta para estimar quem será o reponsável por alguma interação ou atividade e quanto custará para o serviço rodar.

Métricas

http://wsidm.com.br/blog/categoria/google-analytics/

As métricas talvez sejam a ferramenta mais utilizada para tomar decisões de negócio. Por serem tangíveis e mais claras de serem medidas os indicadores são amplamente utilizados para tomar decisões de negócio, mas por que não utilizá-las a favor do nosso design? O objetivo das métricas é levantar os principais KPI’s e alinhá-lhos com a estratégia da empresa, com essa informação conseguimos tomar decisões mais claras para o stakeholders e mensurar os resultados o que vai nos dar mais credibilidade no futuro. O Huxley Dias tem um material muito bom sobre esse assunto.

Mas a gente tem que esquecer o usuário?

Não. Você não precisa desenhar experiências ruins para vender, aliás, isso seria uma enorme controvérsia. Porém, além de falar a língua do usuário, é preciso entender um pouco de viabilidade. Existem aproximadamente um milhão de diagramas de venn para cada habitante apontando a necessidade de fundir Necessidades (needs), Viabilidade de negócios (Viability) e Viabilidade técnica (Feasibility), mas parece que a gente esquece disso. Hoje há uma série de métricas que podem ser utilizadas para embasar a decisão dos designers e, cada vez mais, deveríamos usá-las a nosso favor.

Portanto, da próxima vez que você tentar convencer as pessoas em um redesign tenha argumentos que validem a viabilidade da sua ideia.

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