O mundo precisa de mais design, e não de mais designers

Morgana Creuz Ganske
Hub de Design TOTVS
3 min readApr 30, 2021
Grupo de pessoas se movimentando em uma rua
Photo by mauro mora on Unsplash

Recentemente fiz uma pesquisa rápida em meu Instagram, questionando se as pessoas que estavam vendo aquele story eram designers. Para minha surpresa, 52% das pessoas responderam que não. Já na próxima pergunta: Você acha que o design pode ajudar no seu dia a dia, 100% das pessoas responderam que sim. Indo um pouco além, abri uma caixinha para que as pessoas pudessem abrir o coração, e compartilhar sobre como o design ajuda, ou pode ajudar, em seu dia a dia.

Mais uma vez para minha surpresa, a maior parte dos respondentes foram não designers, que compartilharam que veem o design ajudando a criar produtos, serviços, lugares, fluxos, projetos, processos, formatos, ou seja coisas, como uma das pessoas bem definiu, mais simples, intuitivos, fluidos, funcionais, assertivos, leves, aderentes às necessidades… Fiz esta pesquisa informal para validar algumas hipóteses e pensamentos que venho tendo há bastante tempo. E os resultados reforçaram ainda mais, as hipóteses de que o mundo precisa de mais de design, e não de mais designers!

Dois celulares apresentando emojis
Recortes da pesquisa realizada

Calma, respira… eu explico! Sempre acreditei no design como ferramenta para um mundo em transformação. Desde o curso técnico, quando tive contato formal com o design pela primeira vez, até o mestrado sentia que tinha alguma coisa além da forma que segue a função. O que mais chamava a minha atenção era a pluralidade da formação dos professores e colegas, suas atuações e até mesmo visões sobre e, com o design.

Com o passar dos anos fui desenvolvendo minha própria visão sobre o design, me encontrando enquanto designer e, cada vez mais, acredito que o design é sim, uma ferramenta para um mundo em transformação e, que todas as pessoas, independente da sua área de atuação, formação ou momento precisam de mais design em seu dia a dia.

É fato que o termo design é banalizado e, por vezes, usado de forma estranha. Ele é comumente utilizado como sinônimo de inovação, qualidade estética, forma diferenciada, ou ainda, de forma equivocada como adjetivo. O uso sem limites da palavra faz com que esta seja utilizada sem conhecimento substancial.

Talvez tal complicação em sua definição, se deve ao fato de não existir uma definição única para o termo, já que cada teórico, instituição ou conselho define de maneira mais complexa ou direta o seu parecer sobre a área. O que em primeira vista pode parecer um complicador, em outro olhar pode ser visto como sua própria essência. Buchanan, afirma que:

“uma das maiores forças do design é o fato de que não chegamos a uma única definição”.

Esta característica estimula a pesquisa e exploração na área, inibindo a inércia do campo. Eu, particularmente, gosto da definição do ICSID — International Council of Societies of Industrial Design — que afirma que o design é:

“um processo estratégico de resolução de problemas que impulsiona a inovação, constrói o sucesso do negócio e leva a uma melhor qualidade de vida por meio de produtos inovadores, sistemas, serviços e experiências”.

Essa definição mostra a amplitude de atuação da área, abrangendo o tangível e o intangível, tendo a inovação como premissa para solução de problemas, visando a qualidade de vida e, em consequência, o bem-estar das pessoas.

Muito além do visual das coisas, o design é um jeito de pensar. Um processo criativo que transforma o complexo, o desnecessário e aquilo que é confuso em soluções simples, objetivas e, principalmente, com significado.

Não é a ferramenta pela ferramenta do design que faz com que tenhamos essa visão, mas sim a prática, o dia a dia, o conhecimento da essência e dos porquês. Muito além de designers que dominam o campo técnico, acredito que precisamos cada vez mais do design, enquanto jeito de pensar, sendo semeado pelos quatro cantos do mundo.

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