Sobre criatividade, vocação e conquista

Henrique Peixe
Hub de Design TOTVS
6 min readMar 24, 2020
#praCegoVer fotografia preto e branca de um rio com sua ponte quebrando com um trem no meio

Não se preocupe, vou começar pelo final do texto poupando qualquer ansiedade que possa surgir; qualquer pessoa pode ser criativa independente de sua profissão e não falamos em vocação quando o assunto é criatividade.

É isso.

#praCegoVer homem com roupas de época em um filme preto e branco puxa de cima para baixo um cartaz em preto escrito “THE END”
Ok, é isso… Muito obrigado, pessoal!

“Uau! Designer é muito criativo.”

Sou designer (ponto) e essa profissão envolve a tarefa diária de ser criativo, pois trabalhamos com identificação e resolução de necessidades, sem que tenhamos uma receita de bolo (ou fórmula mágica) para cumprirmos este dever.

Então o que temos? Um punhado de metodologias, técnicas, ferramentas e criatividade.

A criatividade será o foco deste texto.

Daí que em ambientes de criação visual (como agências de publicidade) é comum os designers terem o apelido de “criativos”, isso mesmo, somos chamados desta forma. E não é um problema…

“Nossa, que injustiça, né? #forçaGuerreiro”

Tudo bem essa alusão fazer sentido, pois se trata de uma profissão em que a inventividade e a imaginação é inevitável em cada etapa de um projeto, seja em uma entrevista, análise, peça produzida de interação ou layout. Ainda mais se tratando de algumas produções em série ou “pastelaria” (isso é outro assunto também e sou contra, mas entendo) não seria possível sem muita criatividade.

Agora, vem cá… pega aqui minha mão, pensa comigo e atenção!

#praCegoVer homem com roupas de época em um filme preto e branco e olhos arregalados, enquanto seu chapéu pula de sua cabeça
Atenção!

Professores são inventivos ao cantar uma música para ajudar seus alunos a decorar uma fórmula. A (grandiosa) Palmirinha é engenhosa com suas receitas, das mais simples até as complexas. Minha avó inovou ao me convencer a comer menos Fofura (salgadinho com aroma de queijo pouco saudável) ao dizer que eu ficaria amarelo assim como o salgadinho (eu era pequeno e acreditei… e ok, isso também pode ser um pouco errado). Voltando ao assunto, podemos ser criativos até no caminho para o trabalho evitando a rotina e mudando a rota que tomamos diariamente, servindo de exercício para o cérebro.

Depois de todos esses argumentos, que tal prosseguirmos com o seguinte mindset: a criatividade independe da função profissional que o ser humano desempenha.

“Ah, gente… mas eu nunca conseguiria ter essa criatividade.”

Olha, pior que consegue.

Caso não tenha reparado eu escrevi “mindset” ali em cima, mas poderia ter simplesmente utilizado a palavra “mentalidade”. Ou seja, se utilizamos palavras em inglês que existem em português por costume, conveniência ou modismo e nem estranhamos esse tipo de situação, então podemos nos acostumar com nossa criatividade!

Aqui vai a definição encontrada de uma pesquisa rápida no Google sobre criatividade:

  1. qualidade ou característica de quem ou do que é criativo;
  2. inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc.

Daqui por diante nos concentraremos em: NATOS e ADQUIRIDOS.

#praCegoVer homem de chapéu em filme preto e branco levanta seu braço inflando o bíceps de forma exagerada
Exemplo de algo nato…
#praCegoVer homem com chapéu em um filme preto e branco com braço extendido e estourando o bíceps inflado com uma agulha
…ou adquirido?

Imagina as seguintes situações (todas por efeito do destino):

  1. você trabalha no 6º andar e quebrou o elevador, então é necessário subir e descer utilizando a escada durante 1 mês;
  2. você vai participar de uma avaliação para se tornar um diplomata e precisa ler 30 livros em um semestre;
  3. e você quer se tornar um trompetista por prazer, então se propõem a treinar 2 horas por noite durante 2 anos.

Em qualquer uma dessas atividades é bem provável que o início será mais desafiador. Por exemplo, as pernas doerão e faltará fôlego, os olhos se cansarão e os primeiros livros demorarão mais para serem lidos, ou no caso do trompete, além da falta inicial de ar, as bochechas, boca e maxilar ficarão doloridos. Daí, contando com a prática você se sentirá cada vez mais confortável ao longo do tempo. Ou seja, questão de exercício!

O mesmo vale para a criatividade.

“Ah, não né? Agora a criatividade é um tipo de músculo?”

Sim, exatamente por isso tanta analogia.

Quando é dito: “Nossa! Mas tal pessoa tem muita facilidade com isso e aquilo. Já nasceu com dom.” O esforço da pessoa em realizar suas tarefa foi diminuído.

Alguns podem ter propensões em determinados aspectos, mas para atingir o real domínio em que exerce é necessário estudar, testar e errar muito. Pessoas podem ter vocações diferentes, como para números, compreender gramática ou desenhar. Mas todos são aptos a aprender com competência, mesmo que seja custoso é bem possível.

A pessoa criativa está sempre nutrindo seu cerne com diversas coisas para que possam ser utilizadas quando necessário, algo como deixar uma variedade de informações e conhecimentos guardados para servirem de apoio as adversidades que possam acontecer, sejam:

  • ler livros e quadrinhos;
  • assistir filmes, seriados ou documentários com olhar crítico;
  • consultar diariamente canais sobre o seu assunto de atuação para manter-se atualizado;
  • fotografar, desenhar ou pintar;
  • aprender coisas novas sempre que possível, como a tocar um instrumento musical;
  • curiosidade. O errado não é não saber sobre tal assunto, mas ter preguiça em pesquisar e entender sobre o assunto;
  • e o mais legal, experimentar. Colocar a mão na massa e testar o que se aprendeu.

Qualquer um pode ter um conhecimento amplo, mas o ponto principal é manter o cérebro oxigenado e ativo.

Não tem uma receita de bolo para se tornar criativo, então no geral a pessoa inovadora entende o contexto de seu desafio (algo que requer saber as perguntas corretas e observar o entorno), conhece uma grande quantidade de ferramentas, metodologias, sinais fracos, exemplos e assuntos variados (da qual se alimenta constantemente) cruza tudo isso e voilà, nasce algo criativo, inovador ou inventivo (aí você pode escolher como chamar).

Lembrando que o erro nasce quando se põe algo em prática. Não tenha receio de errar, pois a coragem só existe por enfrentarmos o medo, senão do contrário é somente displicência.

#praCegoVer homem em um filme preto e branco correndo em uma pista de corrida com obstáculos, ele tropeça, mas continua
Algumas barreiras a gente ignora.

"Beleza, então como você faz?"

Ninguém perguntou isso, mas aqui vai como eu faço:

E aí? Como vocês exercitam a criatividade de vocês?

É isso… mas pretendo escrever uma segunda parte deste texto após a leitura do Confiança Criativa. E tudo ao seu tempo.

Depois de tudo o que conversamos, quais são as diferenças entre criatividade e adaptabilidade? Se é que existem. 🤓

Nos vemos por aí, pessoal!

#praCegoVer homem em um filme preto e branco manda um beijo com as duas mãos em sinal de despedida
Au revoir!

Ps. a fotografia utilizada no topo é uma cena do filme The General (1926), filme escrito, dirigido e estrelado pelo Buster Keaton, o mesmo cara de todas as imagens utilizadas no texto. Além desta cena utilizar de muita criatividade é a cena mais cara da história do cinema mudo, que teve um destaque no Update or Die.

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Written by Henrique Peixe

Designer de contextos complexos. / Complex contexts’s designer.