É tempo de integrar!

Alex Soares
Hub de Design TOTVS
7 min readOct 4, 2020

Estamos vivendo uma pandemia já faz alguns meses, onde todos nós tivemos que nos adaptar em vários aspectos, seja eles tecnológicos ou culturais, sabemos que nada é mais como era nos anos anteriores.

Mas não foi só isso que mudou nos últimos tempos, dentro da TOTVS o número de designers vem aumentando em vários segmentos que a empresa atua e é cada vez mais comum ver este tipo de profissional alocado em squads por todas as regiões do Brasil.

Esse movimento trouxe para o UX Lab a motivação de construir uma união entre os designers e criar um alinhamento cultural entre todos nós, sendo que esse evento já estava sendo pensado para acontecer no primeiro semestre de 2020 em nossa matriz.

Como nós vimos no início deste artigo, estamos em uma época diferente, por isso não foi possível esse encontro presencialmente, porém o número de designers continuou aumentando e o alinhamento cultural se fazia cada vez mais necessário.

Foi diante de todas essas circunstâncias que surgiu a ideia de fazer tudo de maneira remota, era hora de fazer uma integração com os designers do grupo, foi aí que surgiu o Integra Design.

Você já pensou em reunir 49 designers (isso porque nem todos conseguiram participar) de várias regiões do país, imersos durante dois dias inteiros de maneira remota, compartilhando conhecimentos e experiências através de abordagens colaborativas?

Pois é, foi isso mesmo que aconteceu!

Início do evento

Nesse primeiro encontro do Integra Design tínhamos como tema o Design Thinking, utilizando o famoso modelo de bootcamp, a gente iria absorver alguns conceitos e praticar atividades relacionadas aos seus principais pilares: empatia, colaboração e experimentação.

No início do dia, antes de começar qualquer atividade, todos nós tivemos um momento para fazer uma apresentação uns para os outros, sendo que ao meu ver o evento já mostrou um grande valor nesse sentido, mostrando o tanto de diversidade presente ali, algo que já apresenta total sintonia com o Design Thinking.

Depois dessa interação, o pessoal do UX Lab trouxe algumas reflexões sobre inovação e apresentou para nós os conceitos das inovações radicais, disruptivas e incrementais.

• Inovações radicais: É quando alteramos a base de algo através de uma criação, indo bem além de pequenas modificações.

• Inovações disruptivas: A inovação disruptiva é uma inovação radical, acaba modificando algo que já é consolidado e cria uma nova característica de mercado.

• Inovações incrementais: Quando melhoramos algo que já existe, trazendo pequenas modificações.

Na sequência entendemos que grande parte destes tipos de inovação acabam falhando, já que acaba não existindo a interseção entre negócios, tecnologia, pessoas e sustentabilidade, que é o que ajuda a impulsionar uma inovação de fato.

Para entendermos depois algumas interações que a gente faria mais tarde, seria essencial ter tudo isso bem alinhado com todos os participantes do bootcamp.

Espiral Design

O conceito de Espiral Design foi apresentado para nós também, trazendo talvez um dos principais alinhamentos de design dentro do grupo.

A ideia do Espiral Design é a evolução constante dentro das etapas de pesquisa, ideação, prototipagem, implementação e acompanhamento.

Modelo gráfico do conceito Espiral Design

Com ele o processo torna-se contínuo e permite que a gente sempre revisite as etapas dentro de algo que desenvolvemos, onde vamos estar trazendo melhorias utilizando as abordagens de design.

Os 6 Ds das tecnologias exponenciais

A tecnologia está sempre evoluindo e impactando a vida de milhões de pessoas, porém é preciso entender como identificar as oportunidades que temos com ela e o seu potencial para causar disrupção, isso é muito importante para todos nós da TOTVS.

Foi então que entramos no entendimento do modelo dos 6 Ds das tecnologias exponenciais, desenvolvido pelo futurista Peter Diamandis:

• Digitalização: Primeiro passo para se tornar exponencial é a digitalização como aconteceu com as fotos, músicas e filmes que eram físicas e hoje totalmente digitais.

• Decepção: No começo as tecnologias ainda engatinham, parecem ser decepcionantes e pouco provável de vingarem. A primeira câmera digital é um bom exemplo, afinal ela possuía apenas 0.01 Megapixel de resolução.

• Disrupção: A Disrupção cria um novo mercado para a tecnologia até então decepcionante. As empresas são pegas de surpresa e tentam investir no que parecia não dar certo antes.

• Desmaterialização: Os produtos passam a ser imateriais e o paradigma de possuir algo é substituído com a opção de acessar aquela coisa.

• Desmonetização: Quando as tecnologias evoluem seus preços começam a cair e surgem opções mais baratas de realizar uma mesma ação.

• Democratização: Com a queda dos preços e a facilidade de acesso, mais pessoas podem usufruir de um determinado produto que antes era restrito a poucos usuários.

As pessoas no centro de tudo

Nós vimos até esse momento vários conceitos e alinhamentos interessantes, porém não podemos esquecer que o design é sobre pessoas, entender suas necessidades é primordial antes de qualquer ação nossa.

Vimos vários cases que comprovam essa ideia na hora de construir um produto ou serviço, mostrando que a colaboração de pessoas com perspectivas diferentes referente a jornada de quem realmente vai utilizar, acaba sendo sempre muito eficaz para experiência dos usuários no dia a dia.

E foi então que iríamos colocar a mão na massa, depois de um quebra-gelo para entendermos o mecanismo das dinâmicas, ferramentas e exercitar o nosso repertório criativo, recebemos o objetivo do nosso projeto que seria realizado durante o bootcamp:

“Como nós podemos escalar o design dentro da maior empresa de software da América Latina?”

A minha impressão é sempre muito boa quando temos um propósito bem definido dentro de um projeto, já que acaba tornado-se um guia central do que queremos resolver, existe até uma palestra que o investidor John Doerr fala um pouco sobre isso:

Com o objetivo em mãos, fomos separados em 7 equipes para que a interação entre nós fosse mais assertiva.

Iniciando as pesquisas

Agora nós queríamos entender o que sabíamos sobre o assunto, por isso utilizamos a matriz CSD (certezas, suposições e dúvidas) criada pelo designer Luis Alt.

Essa ferramenta nos ajudou a dar base depois para as pesquisas em profundidade que faríamos entre todas as equipes, levantando as dúvidas que queríamos responder perguntando para os usuários.

Para isso desenvolvemos um roteiro de pesquisa e fomos para as entrevistas, sempre com um entrevistador conversando com o participante e uma pessoa coletando as informações.

Depois de muita coleta, a gente tinha que analisar todo essa material, por isso utilizamos na sequência um diagrama de afinidade, formando histórias com diversidade para sair dessa dinâmica com um insight muito bem estruturado e que faça sentido ser explorado.

Como nós podemos?

Nós precisávamos de um desafio e utilizamos uma das melhores ferramentas que existe para essa ocasião, o “como nós podemos?”.

Ela permite a gente gerar ideias criativas que tenha como referência o insight que estruturamos anteriormente na etapa de pesquisa.

Uma dica importante para quem for utilizar essa ferramenta é que a ideia seja bem clara e objetiva para quem for ler, já que depois o grupo vai escolher com qual desafio vai seguir para os próximos passos no projeto.

Exemplo: “Como nós podemos fazer um bolo de chocolate que seja mais saudável e gostoso para quem vai consumir?”

Terminamos o primeiro dia depois de realizar uma votação em cada uma das equipes para estabelecer qual desafio seria trabalhado.

Agora nós estamos em 2030

No segundo dia de bootcamp a gente iniciou as atividades com um direcionamento inicial: Agora vocês estão em 2030!

Como a gente iria gerar ideias com base no desafio e insight que construímos nas etapas anteriores, a gente não teria agora limitações, bem no conceito dos imagineers da Disney, primeiro com os pensamentos divergentes e depois os convergentes.

Outra questão de extrema importância é a colaboração, a diversidade aqui seria destaque outra vez, já que iríamos usar a ferramenta brainwriting.

A mecânica dessa dinâmica começa com os participantes escrevendo suas ideias e nas rodadas a seguir eles vão continuar a desenvolver as ideias dos outros integrantes do time, complementando a linha de raciocínio um do outro.

No fim dessa atividade a gente teria um momento de votação para ver quais foram as ideias que o time mais gostou.

Priorização

É nessa hora que pegamos as ideias mais votadas e levamos para as matrizes de impacto e risco.

A matriz de impacto é para identificar o quanto aquela ideia é relevante para o cliente ou usuário e para a organização impactada também.

Já a matriz de risco é para saber o quanto a gente conhece sobre os meios que vamos ter que utilizar para desenvolver aquela ideia e seus riscos.

O intuito é preencher as matrizes com as ideias e depois medir quais são as mais disruptivas, radicais e incrementais, sendo que é o grupo que deve entrar em consenso depois com qual delas vamos continuar.

É muito relevante levar as ideias para essa análise, já que é nesse momento que alinhamos qual o tipo de proposta de valor que vamos oferecer dentro de um ecossistema.

Protótipos e feedbacks

Era hora de desenvolver as ideias e prototipar, mas não basta somente criar telas, temos que pensar na jornada do usuário, o caminho que ele vai percorrer utilizando nossa solução e que faça sentido para o contexto dele.

Tem um excelente vídeo da IDEO que mostra isso na prática:

Essa maneira de pensar gerou até encenações dos designers para demonstrar para os demais como as soluções iriam funcionar no dia a dia do usuário, foi sem dúvida alguma um momento muito divertido.

Quando terminava as apresentações, os times recebiam feedbacks dos demais para que tivessem melhorias em um protótipo iterado.

O protótipo é uma maneira rápida e com baixo custo de recursos quando queremos validar uma ideia, onde não entra só a questão financeira mas também de tempo gasto em um projeto, tornando-se uma alternativa muito eficiente.

Fim da jornada

E foi assim que terminamos o bootcamp, é claro que essa estrutura foi uma experiência para os designers, porém no dia a dia é bem mais complexo e a imersão é bem maior, trazendo outras abordagens e ferramentas para o desenvolvimento das nossas soluções.

Mas o fato de ter tido essa interação com designers do Brasil todo, conhecendo mais sobre eles e como pensam em design foi simplesmente incrível e creio que é a maior proposta de valor desse encontro.

Ainda vamos ter mais dois bootcamps antes do fim do ano com temas diferentes e eu já não vejo a hora de passar esse momento com eles.

Afinal de contas, é tempo de integrar!

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