Alegoria da caverna: O poder da vivência no Design
Ficar só desenhando fluxos e conceitos é efetivo para inovar e atender as necessidades do seu usuário? Vem comigo e Platão, precisamos conversar.
A Alegoria da Caverna, história presente no Livro VII da obra A República de Platão, faz parte de uma série de diálogos sobre temas que estruturam a construção de um Estado ideal. A história trata sobre um grupo de pessoas que vivia em uma caverna, presos por correntes e voltados para a parede no seu fundo. Atrás delas, existia uma fogueira que projetava objetos e movimentos em forma de sombras na parede. Como estavam presos, eles julgavam todos os acontecimentos pelo que viam projetado na parede e não pela realidade. Um dia, um dos presos se solta e sai da caverna, se deparando com um mundo novo, repleto de cheiros, cores e formas. Encantado pelas novas experiências, decide voltar para dividir seus conhecimentos com os outros presos.
O que Platão queria nos dizer?
O diálogo trata sobre o conceito de senso comum em oposição ao senso crítico, mostrando a importância da busca pelo conhecimento verdadeiro, alcançado apenas quando usamos a razão. Daí você se pergunta, como isso tudo está relacionado a Design?
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O designer e suas sombras
O papel do designer é entender comportamentos, hábitos e necessidades e traduzir todo o mapeamento em uma solução que gere valor. Ou seja, o trabalho é ir a campo entender como as dinâmicas realmente acontecem, para que seu produto seja baseado em emoções e insumos reais e não em projeções e preconceitos sobre o seu usuário. Estar preso ao computador, aos dados frios e as ferramentas do dia a dia não é o suficiente para construir um conhecimento relevante, que gerará um impacto real para quem está vivendo a experiência.
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Mãos à obra!
“Não há um método lógico para se ter novas ideias, ou para a reconstrução lógica do seu processo. Cada nova descoberta contém um elemento irracional, ou uma intuição criadora.”
— Popper, The logic of scientific discovery
Entendendo a conexão entre a Alegoria e o papel do designer, vimos que para aplicar a lógica abdutiva (definir as melhores hipóteses para solucionar um problema não convencional) criando soluções disruptivas, inovadoras e criativas não podemos viver de preconceitos, crenças e hábitos antigos.
Para tomarmos decisões cada vez mais racionais, aguçando o senso crítico, separei abaixo algumas dicas para você:
Você não conseguirá evitar o caos; ele faz parte da inovação
Como lidar com ele é a chave para uma entrega efetiva.
Se o início do seu processo é de muita pesquisa, vivência, aprendizado e definição, a tendência é afunilar conceitos e organizar ideias até um ponto de partida interessante que gera um grande valor final.
Caso contrário, é possível que faltem informações importantes ao final, chegando no usuário apenas um analgésico da necessidade real ou uma experiência que não faz tanto sentido para ele.
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Pesquisa e entregáveis são pesos opostos em uma balança
Investir demais em um significa que seu processo talvez se prejudique.
Muita pesquisa sem plano de ação não faz seu projeto andar; muita entrega sem pesquisa não entrega valor para o usuário.
Entenda os seus prazos e a disponibilidade dos seus entrevistados para montar um cronograma e definir uma estratégia sensata.
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Priorize o que você quer descobrir definido parâmetros
- Qual o seu objetivo?
- Para quem estou desenhando?
- Que problema estou buscando resolver?
- Qual metodologia vou utilizar?
- Quem são as pessoas da minha empresa interessadas no que estou desenvolvendo?
Perguntas como essas podem ser norteadores interessantes para diferenciar o que é urgente, do que pode ficar para depois e a quem recorrer/ envolver durante sua trajetória.
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Crie um ambiente confortável para conversas com o usuário
Perceba movimentos, objetos que interage, reações, rotina, limitações… Cuidado para não transformar uma troca empática em um interrogatório.
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Separe tempo para tirar insights das suas pesquisas
Dados soltos não são suficientes. O conhecimento nasce de conclusões sólidas baseadas nos padrões encontrados.
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Concentre todos os dados e achados da sua pesquisa em um só lugar
Dica de ouro: Quanto mais perto ficam seus dados e insights, mais fácil de os relacionar e de se organizar estrategicamente para o próximo passo; e por fim…
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Defina qual o seu plano de ação
O que você fará com tudo o que descobriu? Como isso influencia o que você irá construir? Revisitar as etapas iniciais de parâmetros de projeto pode te ajudar bastante nessa parte.
Que tal soltar das amarras e sair da caverna? Te vejo aqui fora.
Referências
- A República, Alegoria da Caverna — Platão
- The Design Squiggle — Damien Newmann
- The logic of scientific discovery, 1959 — Pooper
- Design de negócios, 2017 — Roger Martin