Por que fazer pesquisas em UX?
Atenção: Este texto visa ajudar iniciantes. Se você não se enquadra nesse perfil, talvez sinta falta de mais detalhes sobre o tema, mas ainda vale uma leitura rápida.
Há muitas razões pelas quais devemos ressaltar a importância de se fazer pesquisas. Apesar disso ser um mantra amplamente repetido, ainda é possível ver muitas situações onde a pressa para construir um produto ganha mais força e valor do que construir o produto certo. Claro que sabemos que há situações e situações por aí.
No ILA RIO 2019, presenciei inúmeras apresentações fora de série. Uma me chamou mais a atenção: o Mark Stickdorn. Ele exibiu uma série de slides super interessantes e um acabou ficando muito marcado. Em tradução livre para o português, fica mais ou menos assim.
Resolva o problema certo antes de resolvê-lo da forma certa.
O que ele quer dizer com isso? Simples! Quer dizer que nós somos (às vezes) muito bons em resolver problemas de uma forma brilhante, mas somos péssimos para encontrar o problema certo para resolver.
Vamos às 3 principais razões para se fazer pesquisas
Razão 1: Encontrar o problema certo
Não é difícil ver por aí empresas e startups construindo produtos maravilhosos que não resolvem o problema de ninguém. Logo, ninguém os usa. Essa, inclusive, é uma das principais razões para produtos atingirem rapidamente o mais alto nível de insucesso.
Em 2005, a Samsung buscou entender com as pessoas o que a TV representava na vida delas. Descobriram que a TV era vista como parte da decoração da sala. A partir daí, em vez de brigarem por mais e mais tecnologia focada em imagem e som, equilibraram essas qualidades com aspectos visuais fazendo a TV ser mais fina e mais imperceptível nos ambientes. Isso foi um drive responsável por dobrar as vendas de TVs da empresa em 2007.
Ou seja, a pesquisa aqui cumpriu seu papel de descobrir o elemento capaz de mudar o jogo: saber do que as pessoas precisam.
Para esta parte, normalmente se usa pesquisa qualitativa como entrevistas com usuários, observações, etc. Também se usa pesquisa quantitativa, como formulários ou verificação de dados de mercado.
Razão 2: Saber se funciona bem
Após etapa inicial de pesquisas quali e quanti, é necessário prototipar a sua solução e testar com seus usuários para saber se ela está funcionando bem. Muitas empresas acabam construindo produtos que podem estar embasados em pesquisas e dados de mercado, mas esquecem de validar se a solução atende. Esquecem de responder a seguinte pergunta: o usuário consegue usar?
Quando falamos de "teste de usabilidade" é muito comum se colocar certo glamour sobre esse tema. Isso é um erro! Não há nada de difícil ou glamoroso em simplesmente prototipar um fluxo no papel ou de qualquer outra forma para apresentar aos seus usuários e ver o que eles pensam sobre isso.
Há algumas técnicas para montar um bom roteiro de teste e evitar enviesar o usuário com perguntas tendenciosas. Não vamos entrar nesses detalhes aqui. Porém, não há muito mistério em testar. Faça isso o quanto antes e evite gastar tempo e dinheiro desenvolvendo uma solução impecável sem saber se a solução atinge o problema certo e da forma certa. Não tenha medo de descobrir que a sua solução não presta. Se isso acontecer, agradeça pelo tempo e dinheiro economizado e busque novas soluções.
Razão 3: Provar o valor do trabalho em pesquisa
Cada vez mais se fala da importância em pesquisas, mas a verdade é que os donos dos negócios, muitas vezes, acabam tendo uma visão de curto prazo e pensamento mais imediatista. Nesse cenário, se esse tipo de empresa passa por dificuldades e tiver que escolher entre cortar pesquisadores UX ou desenvolvedores que consertam bugs e colocam novas funcionalidades no ar, é provável que o pesquisador UX seja demitido. Isso porque os impactos da falta de direcionamento em pesquisa só vai ser sentido quando o produto final for apresentado aos usuários, mas ninguém demonstrar interesse.
Além de todos os benefícios da pesquisa para o produto, é importante que a pesquisa também trabalhe para provar a importância em se fazer pesquisa. É muito mais fácil gerar essa cultura quando é possível provar que determinada descoberta fez o produto aumentar algum indicador importante para a empresa como número de acessos, vendas, velocidade nas ações, níveis de satisfação, redução de desistências e por aí vai.
Faça pesquisas após a entrega de um produto ou funcionalidade e compartilhe os resultados com quem você puder. Assim os caminhos da pesquisa estarão mais livres.
O CEO da Amazon é um defensor de pensamento em longo prazo. Ele vê mais importância na jornada futura do que nas margens de lucro mais imediatistas. Hoje, por ironia do destino, a Amazon é uma das maiores e mais rentáveis empresas do mundo. Pense nisso!
É isso! Para se aprofundar mais em pesquisas, recomendo a você entender mais sobre os métodos de pesquisa qualitativos, pesquisas quantitativas e suas aplicações para desenvolvimento de produtos ou serviços.
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