Dicas para fazer a sua transição de carreira para área de UX

Liliane Oliveira
uxco
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6 min readJul 2, 2020
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Recentemente, recebi um convite para ser uma das palestrantes de uma live que abordou o tema “Carreira e Liderança para mulheres em UX” organizado pelo Luiz Resende, fundador do UXCO. Além da discussão ter sido rica e muito proveitosa, quem participou teve a oportunidade de ouvir relatos sobre diversas situações que nós, mulheres, encontramos no dia a dia, independentemente do tempo de experiência profissional.

Embora tenha ficado contente por ter sido convidada, compartilhado um pouco da minha história e aprendizados que venho adquirindo ao longo da minha transição de carreira (que ainda está em curso), também foi uma oportunidade para me certificar de que todas nós, de um jeito ou de outro, passamos ou passaremos por experiências que podem ser semelhantes.

Levante a mão quem nunca sentiu um frio na barriga para falar em uma reunião; ou sentiu medo para falar à frente de uma plateia lotada; ou, ainda, tenha se candidatado para uma vaga de emprego achando que não conseguiria dar conta do recado. Tais experiências nos faz lembrar da famosa síndrome do impostor, que aparece nestes e outros tantos momentos como se fosse um diabinho que fica soprando 24h por dia em nossa orelha para dizer que somos incapazes, não é mesmo?

No entanto, também pudemos ouvir de todas as palestrantes que é possível, sem sombra de dúvidas, chegarmos aonde a gente almeja. Para mim, esta foi a principal mensagem deixada ao longo das conversas. É fácil? Bem, ninguém disse que seria e realmente não é, mas o fato é que precisamos começar a pensar desde sempre que SIM, podemos e somos capazes de chegar aonde a gente quiser.

Como eu disse na live, não existe uma receita pronta para fazer uma transição de carreira. Cada pessoa é de um jeito, tem uma história e outras questões pessoais que devem ser consideradas nesta equação. Ou seja, é importante a gente ter em mente que os caminhos até podem ser diferentes para atingirmos um mesmo objetivo, mas o que importa é saber que SIM, a gente consegue completar o percurso.

Após o evento recebi várias mensagens de mulheres dizendo que se identificaram, de alguma maneira, com a minha história ou fase de carreira e, pensando nisso, resolvi compartilhar algumas dicas considerando meus aprendizados e experiência pessoal para tentar ajudar quem estiver cogitando ou iniciando uma transição de carreira.

1) Por que você quer mudar?

Está claro o motivo que te levou a pensar em fazer uma transição de carreira? Este é o primeiro passo. Toda a profissão tem seus altos e baixos. Há dias mais leves que outros, atividades que podem ser repetitivas, ou que você gosta mais de fazer, entre outras tantas situações que acontecem no dia a dia de trabalho de qualquer pessoa.

Mas, independentemente da área de atuação profissional, o fato é que podemos chegar a um momento da nossa carreira e decidirmos mudar. Porém, se este for seu caso, acho fundamental ter muita clareza dos motivos que te fizeram pensar seriamente sobre o assunto.

2) Você precisa de um tempo para encontrar seu novo caminho

Você já sabe qual é a nova área que pretende atuar? Se sim, parabéns, mas se você ainda não souber, está tudo bem também.

Encontrar uma nova área pode ser difícil mesmo, porque a gente não vira a chave da noite para o dia e é por isso que precisamos refletir profundamente. Muitas decisões precisarão ser tomadas e tudo isso faz parte de um processo. Por esse motivo, é preciso ter um tempo para digerir todos os impactos que a mudança trará para que você se sinta mais segura e poder dizer a você mesma: é isso que eu quero!

No meu caso, levou meses para eu ter certeza do que queria. Confesso, não foi nada fácil. Foi muito cansativo (principalmente no aspecto psicológico), mas talvez porque eu também tenha sido um pouco mais radical ao ter estabelecido algumas metas em termos de “prazo” que, por algumas questões pessoais, fizeram sentido para o meu momento de vida.

Mas esse foi o meu caso e não significa que pode acontecer da mesma forma com você. O importante é respeitar o seu ritmo para encontrar uma resposta no seu tempo.

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3) Estude, estude e estude

Acho impossível parar de estudar, ainda mais quando se trata de fazer uma transição de carreira. Por que digo isso? Porque é justamente com base nos aprendizados que vamos adquirindo que ampliamos nosso repertório, linguagem técnica, descobrimos quem são as pessoas atuantes na área, cursos que consideramos interessantes e assim vamos nos fortalecendo.

A quantidade de cursos (gratuitos e pagos), lives, comunidades, canais no YouTube de profissionais compartilhando conteúdo é impressionante. Minha dica para você dar conta de estudar utilizando estes recursos é fazer uma planilha com uma lista dos conteúdos que considerar importantes e colocá-las em ordem de prioridade. Anote tudo em sua agenda para não se perder - já que muita coisa anda acontecendo simultaneamente.

Acrescento também a importância de buscar livros e artigos sobre o assunto que estiver estudando para aprimorar seus conhecimentos com embasamento teórico.

4) Não se cobre tanto

Quantos papéis sociais exercemos? Mulher, mãe, filha, profissional e quantos outros? A lista poderia ser mais extensa e sabemos muito bem disso. Contudo, acho que precisamos lembrar sempre que normalmente realizamos várias coisas ao mesmo tempo e muitas vezes nos esquecemos disso.

Fazemos quinhentas coisas simultaneamente e ainda nos sentimos culpadas quando cumprimos uma delas. A pressão social é grande e, durante a pandemia, me parece que ficou ainda maior. Penso que autocobrança, até certo ponto, seja importante, mas não deveria ser excessiva. Vá com calma, respire fundo e, no final do dia, olhe-se no espelho e diga: hoje eu fiz o melhor que podia e estou feliz por isso. Garantir saúde física e mental é sempre prioridade!

5) Converse com quem já passou ou esteja passando por uma transição de carreira

Eu acho super interessante ler e ouvir histórias de pessoas que já passaram ou estejam passando por experiências parecidas com as nossas. Isto acaba nos encorajando e nos leva a perceber que as dores e delícias podem ser as mesmas. Com isso, também percebemos que não estamos sozinhas.

6) Converse com pessoas da sua confiança

Converse com familiares e amigos da sua confiança. Como sou pesquisadora, cheguei a entrevistar alguns amigos e pedi para que fossem muito sinceros para me falarem o que achavam que eu fazia ou não bem. Esta experiência me ajudou a repensar várias coisas e a organizar algumas ideias.

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7) Tenha paciência

Neste sentido, acho bom lembrar que nem tudo acontece no tempo que gostaríamos. Digo, novamente, que transição de carreira é um processo que demanda tempo para tomar uma decisão, demanda a realização de estudos contínuos, demanda entender que realmente somos capazes e, muitas vezes, compreender que podemos ter um salário inferior ao que tínhamos em outra profissão - já que iniciaremos em uma área nova.

Precisamos ter paciência para continuar enviando currículo para vagas até ser aprovada e aceitar que necessitamos de tempo para assimilar novos conhecimentos. Enfim, é preciso estar tranquila de alguma forma para lidar com estas e outras questões.

8) Se joga

Quando eu falo se joga quero dizer que não podemos ter medo de tentar várias coisas: de buscar conexões, de deixar com que a síndrome do impostor nos domine, de se candidatar às vagas que considerar interessantes etc.

Pessoalmente, não considero legal ir mandando currículo às cegas. Penso que precisamos estudar pelo menos um pouco sobre a empresa e a vaga publicada, até para saber se são condizentes com nossos valores. Se você estiver confortável especialmente com o último ponto e mesmo assim não preencher todos os requisitos solicitados para a vaga divulgada, acho que vale a pena tentar.

Enviar currículo não custa e participar de entrevistas acaba sendo outra oportunidade para entender o funcionamento dos processos seletivos. Acredite, principalmente, em você!

9) Procure referências

Quais são as referências da sua área? Eu tenho várias e acho fundamental acompanhar cada uma delas. São pessoas que estão sempre compartilhando conteúdos para nos inspirar, fazer pensar, crescer e aprender. Se você ainda não segue as suas, comece hoje mesmo!

10) Indique outras mulheres

Mais do que nunca precisamos nos ajudar. Você trabalha em uma empresa e sabe que há vagas abertas? Ocupa um cargo de gestão? Está estudando e sabe de cursos legais que estão acontecendo? Conhece algumas comunidades da sua área?

Pois bem, contrate mulheres. Faça novas conexões, apoie, indique mulheres para fazer parte de grupos que achar interessantes. Pode parecer pouco, mas são apoios como estes que nos dão força para continuar.

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Liliane Oliveira
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UX Researcher membro da Observe 2020, apaixonada por Artes, Música, Cinema, Viagens, Paisagens, História e ouvir Histórias. LinkedIn: lilianeoliveira