UXConf BR 2017: a evolução da experiência

Daniel Chaves
UXConf BR
Published in
4 min readMay 26, 2017

Ao final de sua apresentação, escolhida para encerrar a UXConf BR 2017, Robson Santos destacou que um processo só é um processo se houver evolução. Coincidência ou não, ela serviu de síntese da conferência deste ano: um retrato da evolução da comunidade brasileira de UX.

Em sua 3ª edição, a UXConf BR se afirma como um evento consolidado e maduro, com conteúdo e organização excelentes. E neste ano, os profissionais e estudantes de UX e áreas afins que estiveram em POA participaram de discussões e assistiram apresentações que foram além de uma usual postura e discurso defensivos e que resolveram apontar responsabilidades e caminhos para a construção de projetos para um mundo mais sustentável e humano.

No primeiro dia, Franz Figueroa, com sua experiência em projetos de aplicativos para crianças, revelou a preocupação com a criação de experiências que exploram vícios comportamentais e defendeu que tenhamos consciência de que "stop points" e muita sensibilidade são necessários para a construção de experiências mais saudáveis.

Seu discurso foi ao encontro ao de Natalia Arsand, que propôs uma abordagem prática para começarmos de fato a pensar no futuro que queremos para o mundo. Com conceitos básicos de sustentabilidade e dando exemplos simples de ações no dia a dia dos projetos e desenho de soluções, Natalia mostrou que não é tão difícil assumir uma postura proativa de projetar e transformar o mundo em um lugar melhor.

Essa preocupação em relação ao mundo, aos diferentes aspectos humanos e ao papel e as responsabilidades de nós designers de experiência deu o tom de apresentações segundo dia de evento.

Pela manhã, vimos Adriana Garibaldi e María de los Ángeles, do capítulo de La Plata, Argentina, da IXDA, compartilharem como um evento como o ISA 14 foi o estopim necessário para uma comunidade de profissionais se estabelecer e desenvolver, com oficinas e workshops frequentes que estimulam e ampliam a capacidade de aprendizado.

Ana Coli trouxe uma nova edição da pesquisa de maturidade comunidade brasileira de UX, mostrando não só novos números como estabelecendo relações entre as informações em busca de compreensão e entendimento sobre o estado atual do nosso mercado e o caminho que como profissionais estamos trilhando.

À tarde, a inclusão deu o tom com as palestras de Thomas Castro e Beatriz Lonskis. Thomas mostrou como o design pode explorar soluções simples e mais empáticas para incluir as mais de 70 identidades de gêneros hoje existentes. Beatriz levantou com propriedade a bola da acessibilidade, e mostrou que se por um lado já não é mais possível falar de experiência sem incluir todos, por outro com pequenas práticas no dia a dia é possível trazer essas questões para a realidade dos projetos sem muita dificuldade.

Sofia Ferrés trouxe um entendimento sobre os bloqueios aos trabalhos de pesquisa em projetos e apresentou dicas simples para manter a resiliência necessária e enfrentar essas situações mais do que conhecidas do dia a dia dos projetos por pesquisadores e designers, como o senso comum e a lógica racional.

Na mesma linha, Austin Knight (que ficou doente e não pode comparecer presencialmente ao evento) apresentou em um vídeo de menos de 5 minutos, tempo suficiente para mandar um recado direto sobre como construir ambientes produtivos e saudáveis para desenvolver projetos sem cair na defensiva: seja curioso, legitime o feedback, promova a compreensão e a colaboração.

"A sociedade tem uma visão muito pejorativa de pessoas que decidem não seguir o padrão básico de sucesso social"

E então, veio a Alessandra Nahra, para canalizar toda essa preocupação de forma mais ampla, e questionar o lugar do profissional de UX no projeto do mundo em que vivemos. Com tantos problemas e trabalhos importantes a serem feitos no mundo, disse ela, é importante pensarmos menos nos meios e mais no fim do nosso trabalho. Um posicionamento político em relação ao que queremos que esse mundo seja, para quem queremos trabalhar e sobre o que queremos produzir.

Essa mensagem poderosa teve eco na provocação final do Robson, que lembrou que nós somos agentes constantes da mudança e que quando nós mudamos, provocamos mudanças ao nosso redor. Foi o ponto final perfeito de um evento promovido e experimentado por profissionais determinados em modificar o mundo real e fazer dele um projeto de sucesso.

Escadaria 24 de Maio

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