Texto é tech, texto é pop, texto é tudo!

Renata Ferreira
5 min readApr 16, 2019

Em uma virada digna de Copa do Mundo, o Texto (com T maiúsculo) retoma da imagem o status de veículo primário da comunicação no século XXI

Vou começar esse texto com algumas frases e expressões que você com certeza já ouviu na vida:

“Vivemos na era da imagem…

Uma imagem vale mais que mil palavras”

Sim, meus amigos, não há como negar que a imagem, seja ela fotografada ou ilustrada, tem uma importância muito grande em nossa sociedade hoje.

E assim o mundo gira: mais de um bilhão de Instagrammers postando, editando e olhando fotos por horas todos os dias, designers e brand marketers pelejando para criar algo realmente original para o visual de suas marcas, milhões de profissionais esperando sair a nova cor do ano da Pantone.

Enquanto todo mundo se debruçava na maravilha das artes visuais, algo no mínimo surpreendente foi acontecendo. E, ironicamente, posso resumir essa pequena revolução silenciosa em uma imagem:

Acho que ninguém prestou muita atenção no crescimento da relevância da mensageria porque é um comportamento tão natural, não é mesmo? O que pode ser mais normal do que você mandar uma mensagem para sua amiga falando “vamos marcar”? Ou aquele velho “oi sumida”?

O que quase ninguém percebeu é que, bem de mansinho, o tal do texto foi voltando para nossas vidas. Tal qual uma pochete que, por mais cafona que seja, sempre acaba voltando pra moda de tempos em tempos porque é INCRIVELMENTE ÚTIL.

SIM! Ele — o texto — voltou! Vai ter gente (redatores apaixonados) dizendo que ele nunca foi embora. De fato, ele sempre esteve aqui. Mas uma coisa é estar presente, a outra é ser celebrado.

Chegou enfim a hora de celebrarmos o texto!

Por que? Porque o que as pessoas mais fazem hoje na web é escrever e ler pequenos textos em forma de mensagem. Veja só: lá atrás, em 2015, os apps de mensagem passaram as redes sociais em usuários ativos num cenário global, de acordo com pesquisa da Business Insider Intelligence. Isso significa o WhatsApp deixando o Instagram e seus milhares de filtros para trás!

“Ué, mas também dá pra compartilhar imagens pelos apps de mensagem!”

Sim, é verdade. Eu não estou dizendo que a imagem morreu, apenas que ela vai ter que compartilhar os holofotes por um tempo. Olhe para seu próprio WhatsApp. Se você contar cada imagem que você posta como mil palavras, ainda assim vai ter escrito mais do que isso em palavras reais (na maioria dos casos).

Para não acreditar apenas no que eu digo, tenho provas. Veja essa pesquisa fresquinha (Fev 2019) da Panorama Mobile Time:

Essa tabela também podia se chamar “O texto está subindo nos tamancos”

A atividade primária nos apps de mensagem é mesmo trocar texto, galera. E isso vai causar um impacto na vida e no mercado que são difíceis de mensurar.

Tá, mas morte à imagem?

Calma, não é bem assim. Mas a forma das pessoas comunicarem entre si mudou e ainda vemos um mercado lento para reconhecer e se ajustar a essa mudança.

Segue aqui alguns impactos que eu aposto que acontecerão:

Morte ao Lorem Ipsum

Lorem ipsum dolor sit amet… este texto em latim é muito conhecido dos designers e da maioria das pessoas que já trabalhou com desenho de interfaces na vida. Para quem não pertence aos dois grupos, explico: é um pedaço de texto sem significado usado para demarcar os lugares na interface onde o conteúdo final vai entrar.

Exemplo de arte bonitinha aplicada com texto Lorem Ipsum

E porque ele vai morrer? Simples: num mundo onde 92% dos usuários do app mais popular do mundo estão trocando mensagens de texto, você não pode simplesmente desenhar uma interface sem saber antes o que vai nela.

O uso do Lorem Ipsum em si parte do pressuposto que a interface é algo que pode ser desenhado antes de se pensar no texto que vai lá dentro. No passado, talvez isso colasse. No futuro do conteúdo, não cola. Não faz sentido relegar o texto a um segundo passo mais flexível do desenvolvimento de experiências interativas.

Cada pedacinho de texto hoje precisa ser trabalhado com cuidado, pois vai ter um impacto enorme na forma com que seu público vai usar sua solução. Não existe mais “some text”. Existe “THE text”.

Todo mundo vai querer sentar com os redatores no refeitório

Isso leva ao segundo ponto: quem detém a capacidade de lapidar esses textos vai ser escolhido primeiro no time de rouba-bandeira na aula de educação física. Não é mais luxo contar com redatores na equipe, já é necessidade.

Pode ser que você já tenha na equipe alguém que escreva bons textos: ótimo! Essas pessoas vão sem dúvida se destacar nesse futuro que já é presente. Mas lembre-se que entalhar esses textos vai se tornar uma arte cada vez mais metódica e calculada, exigindo a mesma quantidade de esforço (talvez maior! Quem sabe?) que o desenho de uma interface. Pague dois salários à essa pessoa, por favor.

Isso significa uma oportunidade enorme de mercado pra redatores com amor pela palavra e cuidado com o texto. Essas vagas já estão abrindo e conhecimento na área já está sendo formado. Se tem interesse e habilidade, corra atrás, a hora é agora!

Enfim chegou a nossa chance de termos um título chique igual outras funções irmãs: vamos ser uma comunidade cada vez maior de UX writers.

Fontes:

Não foi referência, mas é um bom texto (EN):

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