Antes de conhecer UX eu queria guardar livros na estante.

Yasmim Fernandes
UXMP
Published in
5 min readDec 16, 2020

Tudo começou com cinco ligações perdidas e uma amiga me ligando loucamente. Eu, logo pensei que algo ruim tinha acontecido mas, para a minha surpresa algo maravilhoso me esperava. Fui contemplada com uma bolsa da UXMP para o curso Arquitetura de informação oferecido pela Mergo e ministrado pelo Edu Agni.

Sou graduanda em biblioteconomia e ciência da informação e escolhi essa graduação pois eu amo colocar livros na estante e fazer shiiiiiiu… !!!

Brincadeiras à parte, o real motivo de ter escolhido BCI é por acreditar que todas as pessoas devem ter acesso a informação de qualidade e de forma simples e fácil. Durante esses 2 anos de curso a segunda palavra mais citada foi “usuário” (perdendo apenas para “informação”) ou seja, o fazer biblioteconômico é pautado em satisfazer as necessidades informacionais dos usuários. É fácil criar uma ponte entre biblioteconomia e UX, afinal, o foco de ambos é o usuários porém, essa ponte ainda não é facilmente enxergada ou tão óbvia pelos profissionais da área.

Uma breve explanação

Desde os primórdios a “missão” do bibliotecário sempre foi a preservação e guarda do conhecimento produzido pelo homem, ao longo dos anos foi se transformando também em como criar meios de disseminar e deixar acessível tais conhecimentos, o que tem tudo a ver com a internet e os meios de comunicação digitais atuais. Outra perspectiva interessante de olhar sobre essa preservação do conhecimento é que anteriormente a biblioteca serviam as elites, o conhecimento e a linguagem usada sem nenhuma invocação popular, tendo assim um entendimento hegemônico de mundo. Com o passar dos séculos a biblioteca ganha um cunho social, cultural e humanístico servindo assim à população de forma mais abrangente tornando possível que as classes dominadas pudessem acessar outros conhecimentos que não, os produzidos por ela mesma. Ou seja, contribuiu para um acesso à informação mais democrático e com o advento da internet essa democratização da informação cresceu, mesmo com alguns percalços como o fato de que quase metade da população do planeta ainda não tem acesso a internet. E onde eu quero chegar com tudo isso e o que isso tem a ver com User Experience? Bem, a partir desse pensamento conseguimos refletir sobre diversos aspectos mas aqui, gostaria de levantar dois ponto: 1. Usuários offlines. A nossa busca por atender necessidades de usuários não está restringida aos ambientes onlines. Temos que pensar em melhorar a experiência de usuários que estão fora da web também. 2. Linguagem. A linguagem tem que ser inclusiva e empática. Usar um tipo de linguagem especifica de um grupo acaba inviabilizando o seu produto/serviço para potenciais usuários que estão fora desse grupo.

Um professor meu uma vez disse:

“Nossa relação com as pessoas é mais importante que a nossa relação com os sistemas.”

Antes de se pensar em produtos e serviços devemos ser centrados nas pessoas.

Agora adentrando o tema do curso…

Arquitetura de Informação

A arquitetura de informação compreende apenas uma pequena parte de toda experiência geral do usuário, é algo bem básico no mundo do UX e como o próprio Edu Agni disse, muitas vezes esquecido. Porém, saber colocar os métodos e processos de arquitetura de informação nos projetos é essencial para a usabilidade de um ambiente informacional, pois estabelece as fundações necessárias para que um sistema de informação faça sentido para seus usuários, ela foca na organização e estrutura do conteúdo de maneira que o usuário consiga navegar por ela.

Atribuições

“Categorizar e rotular as informações de acordo com a audiência, definir as ferramentas para a busca dessas informações, os critérios adotados na indexação do conteúdo, e projetar wireframes e mapas de navegação.”

Na AI a encontrabilidade precede a usabilidade já que os dados e informações que o usuário busca tem que ser acessados facilmente antes de ser usados em sua necessidade.

Diagrama da AI

Usuários — Os utilizadores do sistema. Quem são eles, qual seu comportamento e padrão de busca de informações e quais são suas necessidades.

Contexto — São as políticas, cultura, objetivos e estratégias de negócio da organização.

Conteúdo — Informação que os usuários utilizam ou estão procurando e desejam achar com facilidade.

É necessário fazer um alinhamento entre esses três elementos criando duas perspectivas:

  1. Outies (externas)- Um olhar de fora. Ser sensível as necessidade dos usuários
  2. Innies (internas)- Entender os objetivos, conteúdos e público. Ajudar a projetar, implementar e gerenciar soluções.

Sistemas

Há quatro sistemas na AI:

Organização: Envolve a classificação de palavras e conceitos de forma exata e ambígua.

Esquema exato — Divide as informações em categorias bem definidas, com regras claras para a inclusão de novas informações. Usado quando o usuário sabe o que esta procurando. (Ex. Alfabeto, tempo, localização e sequência).

Esquema ambíguo — Divide a informação em categorias subjetivas. Usado quando o usuário não sabe exatamente o que está procurando. (Ex. Assunto, tarefa, público alvo, metáfora).

Rotulação: É a forma como representamos as informações no ambiente. (Ex. nome de categorias de produtos ou assuntos).

Navegação: Determina a sequência em que os diversos documentos são consultados, ir de um link a outro. Mostra onde o usuário está, onde ele esteve e onde ele pode chegar. (Ex. Navegação global, Breadcrumb, Mapa do site etc).

Busca: Uso de ferramentas de busca. (Ex. Interface de busca, página de resultados, página sem resultados e página de ajuda).

Teoria e prática

Durante o curso fomos divididos em grupos de 5 pessoas, para passar pelas fases do processo de AI:

  1. Inventário de conteúdo: catalogar as páginas do site/app incluindo seus metadados. A partir do inventário de conteúdo podemos planejar e produzir conteúdos, definir a hierarquia do site, modelar bases de dados, criar um guia de desenvolvimento do projeto etc.
  2. Card Sorting: Pesquisa que ajuda a compreender o modelo mental dos usuários na organização e classificação dos conteúdos possibilitando a criação de um padrão para se classificar e rotular.
  3. Sitemap: Documentação das páginas do site. Visualização da estrutura como um todo. (Fluxogramas).
  4. Wireframe: Esqueleto representando todos os elementos de uma interface. Definindo esses elementos, a hierarquia entre eles, os agrupamentos e organização. Versão simplificada da página.

5. Inventário de identificação dos elementos: Mapear os módulos de informação da interface.

“ Crie módulos, não páginas. A maneira ideal de lidar com a complexidade das páginas é quebrar grandes coisas complexas em módulos menores e bem formados.” — Edu Agni

Concluindo

Há quase um ano e meio eu conheci o UX através de burburinhos e achei muito interessante, fui acompanhando comunidades relacionadas a UX/UI e meu interesse na área foi crescendo cada vez mais e a minha perspectiva de carreira mudou totalmente (fui da área cultural para a tecnologia num pulo). Contudo, ainda não havia tido contato diretamente com o meio. Após ter dado esse primeiro passinho em direção ao UX me sinto mais próxima desse universo pois tive oportunidade de me conectar com pessoas incríveis e vejo que realmente quero fazer parte. Estou empolgada para continuar meus estudos e me aprimorar focando na área.

Fonte: Tenor.com

Por fim, gostaria de agradecer as maravilhosas do UXMP pelo incentivo !!! 😘

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