Arquitetura de informação para organizar nossas interfaces

Camila Pedroso
UXMP
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5 min readJun 8, 2021

Desenvolver pensando em hierarquias para resolver problemas das pessoas usuárias

Após fazer um curso de UX Writing com o professor Bruno Rodrigues e ler o seu livro Em Busca de Boas Práticas de UX Writing fiquei interessada em estudar mais sobre Arquitetura de Informação. A oportunidade só apareceu por causa desse projeto lindo chamado UX Para Minas Pretas. Para desenvolver produtos a estrutura deve ser considerada, sem pensar no visual, mas em quantos passos são dados até encontrar a informação que a interface vai oferecer.

O termo apareceu pela primeira vez em 1976 quando Richard Saul Wurman, autor do livro Ansiedade de Informação, palestrou sobre o tema no instituto americano de arquitetos. No início da era digital a profissão estava em evidência e foi muito requisitada para melhorar a experiência do usuário, os arquitetos da informação exerceram várias funções que conhecemos em uma espécie de “Severinos e Severinas do UX”. Conteúdo, como UX Writing, pesquisas, como UX Researcher e até desenharam as telas como UI. Com o tempo as equipes cresceram e ganharam novos profissionais para cada etapa.

Tá, mas onde entra na hora de criar as soluções?

Site da Amazon em 1999 disponível em webdesignmuseum.org

Para Louis Rosenfeld e Peter Morville, autores do famoso livro do urso polar, Arquitetura de informação é a combinação de organização, rotulação e esquemas de navegação dentro de um sistema de informações. Durante um dia nós tomamos muitas decisões, estudiosos afirmam que são aproximadamente 35.000 e podemos observar como é difícil encontrar as coisas em alguns sites e aplicativos. Sendo assim, as pessoas usuárias precisam da nossa ajuda para tomar decisões mais assertivas e para obter um bom resultado em suas buscas, na fase inicial do projeto três pilares devem ser considerados: conteúdo, usuários e contexto.

Conteúdo: o que e como a solução vai oferecer informações?

Usuários: do que as pessoas precisam para utilizar esse produto?

Contexto: que vantagens a solução vai trazer para a empresa?

Para Wurman Arquitetura de Informação é tornar o complexo claro e com essas respostas podemos utilizar taxonomia, uma definição muito utilizada na biblioteconomia, assim será possível entender e valorizar a organização das coisas. Vamos imaginar que nossos armários são arquivos, dentro deles temos as gavetas e em cada gaveta nós escolhemos o que vamos guardar. Meias, roupas íntimas, camisetas e por aí vai. Então a taxonomia nos orienta sobre classificar com base em hierarquias, agrupando os produtos de acordo com o que significam. As páginas iniciais possuem menus e dentro de cada um deles existe uma categoria com itens relacionados.

Menu e categorias no site da Amazon

Considerando texto como interface, é necessário observar cada detalhe, nessa etapa navegaremos como uma pessoa usuária para anotar todas as informações de cada página, surge aqui nosso inventário de conteúdo. Para produtos novos é importante conversar com as pessoas envolvidas, entender como as informações serão armazenadas no site ou aplicativo e também sobre termos utilizados, questionando como as pessoas buscam essas informações, seus mapas mentais e objetivos. Com esse documento podemos planejar e produzir conteúdo, definir hierarquia das informações, modelagem de banco de dados, índice e um guia para desenvolver o projeto. Ele dá um norte bem interessante e cada pessoa pode planejar tanto o tempo que vai dedicar ao projeto quanto definir uma data de entrega aproximada.

Dados para fazer o inventário
Exemplo de inventário

A Arquitetura de Informação possui quatro sistemas: organização, rotulação, navegação e busca, vamos entender como cada um funciona.

Sistema de Organização

A informação será dividida e definida em categorias a mensagem para incluir novos itens é clara, é utilizado quando as pessoas tem certeza do que procuram. Um bom exemplo é o Youtube

Sistema de Rotulação

Aqui a informação será dividida considerando dúvidas e características individuais. A mensagem sobre incluir os novos itens não tem um padrão. Aqui as pessoas têm muitas dúvidas sobre o que buscam. Podemos avaliar isso nos sites do Globo Esporte e Itaú

Rotular é uma maneira de comunicar de forma eficiente uma informação, e é a maneira mais fácil de uma pessoa compreender e se adaptar a um sistema de organização e navegação. Uma rotulação pouco consistente pode fazer com que os usuários fiquem perdidos. A maioria dos usuários da web perdem muito tempo tentando decifrar rótulos confusos.

Edu Agni

Sistema de Navegação

Jacob Nielsen afirma que um sistema de navegação deve, a todo momento, responder a três perguntas básicas: Onde estou? Onde estive? Aonde posso ir? Então devemos considerar como as pessoas vão navegar e se nossa interface responde essas perguntas. Não é bom gerar confusões, assim a linguagem deve ser direta e objetiva para entregar as informações necessárias.

Sistema de Busca

Para Louis Rosenfeld e Peter Morville, cerca de 1/3 das pessoas que nós testamos normalmente tentam a ferramenta de busca como suas estratégias iniciais e as outras recorrem a ela quando não conseguem uma resposta seguindo os links. Já Nielsen nos orienta que, em caso de mais de cem páginas, devemos oferecer uma busca interna. Aqui devemos considerar como responder perguntas de forma que as pessoas entendam. Sem links confusos ou páginas com o número do erro, o foco é informar quais ações que ela deve tomar para chegar em seu destino.

“Estrutura e organização tem a ver com a construção de ambientes. Sistemas de navegação é sobre adicionar portas e janelas.” Louis Rosenfeld e Peter Morville

A Arquitetura de Informação no UX

Como percebemos, vários autores e autoras já falaram sobre a relevância do tema no design e hoje esse é o principal livro sobre Arquitetura de Informação. Aqui fizemos uma breve introdução sobre alguns pontos, mas já é possível perceber como é essencial estudar mais sobre o tema. Ao deixarmos as pessoas livres de confusões (lembrei desse vídeo), elas encontram o que buscam e ficam satisfeitas. Criar deve ser funcional, acessível e organizado, não esteticamente para designers e desenvolvedores, mas levando em consideração o comportamento de quem usa. Assim temos mais um item básico e essencial para guardar na nossa caixa de ferramentas de UX.

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Camila Pedroso
UXMP
Writer for

Ux Writer, apaixonada pela minha família, gente, maquiagem, arte, música boa e soluções que melhoram a vida.