UX Writing na construção da Central de Ajuda

Usando o Content Design para criar uma central de ajuda do zero

Letícia França
UXMP
4 min readNov 5, 2022

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Fonte: Freepik

No início deste ano, quando entrei numa HR Tech como redatora de branding, me deparei com o desafio de criar do zero a central de ajuda da empresa.

Os principais direcionamentos para a estruturação da central foram:

  • ter um canal de comunicação eficiente para todos os stakeholders;
  • produzir um conteúdo útil, conciso e adequado ao tom & voz da marca;
  • manter os textos atualizados e menos dependentes de layout possível (dessa forma, mesmo que o produto sofresse atualizações, o conteúdo não seria tão afetado);
  • construir um processo otimizado de gerenciamento.

Entendendo o contexto

Para compreender o contexto do usuário e definir a melhor forma de organizar o conteúdo, iniciamos a fase de pesquisa criando um fluxo de três etapas:

  1. benchmarking com outras centrais de ajuda;
  2. acompanhamento das equipes de comercial e CS para entender a jornada do cliente desde a levantada de mão até o onboarding;
  3. acompanhamento dos times de suporte e produto, para entender a jornada do usuário no sistema e as suas principais dúvidas em relação ao uso do software.

Gerando as primeiras hipóteses

O benchmarking nos trouxe algumas hipóteses, mas foi no onboarding com as equipes que conseguimos uma validação.

A partir disso, foram estabelecidas três categorias principais para guiar a arquitetura da central.

A ideia era categorizar os conteúdos de forma que eles compreendessem todos os produtos do portfólio, não se limitando a estrutura da plataforma, mas a jornada do usuário dentro dela.

Após a definição das categorias, fizemos uma taxonomia para criar as subcategorias e os artigos.

Colocando no papel

Todos os produtos do portfólio seguiam o mesmo padrão de acesso:

  • Mobile
  • Web
  • Totem

Por isso, decidimos produzir os textos na seguinte ordem:

Iniciamos os artigos contextualizando o assunto que seria abordado. Logo depois, respondíamos à dúvida do usuário, deixando o passo a passo de como realizar a ação nos diferentes dispositivos.

Validando o conteúdo

Como a validação da estrutura da central foi feita com a ajuda dos times da empresa, a validação do conteúdo seguiu o mesmo modelo.

Foram definidas três etapas com os seguintes critérios:

Revisão do time de suporte e QA

O conteúdo realmente sanava a dúvida do usuário e o ajudava a seguir uma jornada simples e intuitiva?

Revisão do time de conteúdo e SEO

O conteúdo estava otimizado para SEO? Quais links do blog e outros canais poderiam ser inseridos?

Revisão do time de comunicação

O conteúdo estava alinhado ao tom de voz da marca?

Documentação

Para otimizar o gerenciamento do conteúdo:

  • construímos um sitemap com todas as funcionalidades do software
  • planilhamos todos os artigos produzidos + os artigos da próxima entrega, com o módulo a que eles pertenciam e a data da última atualização

Além disso, criamos um canal de comunicação com o time de produto, para que eles compartilhassem as atualizações de releases.

Assim, saberíamos quando seria necessário atualizar os textos.

Integração com o chatbot

A plataforma que escolhemos para alocar a central de ajuda, também possuía integração com o chat e sistema de atendimento do suporte.

Por isso, foi necessário pensar em um fluxo conversacional para guiar o usuário que entrasse em contato por este canal.

Voltamos à pesquisa, e resgatamos as dúvidas mais recorrentes, que surgiram enquanto analisávamos os tickets gerados no atendimento.

Observações

  • Optamos por não utilizar capturas de telas para que o conteúdo não ficasse rapidamente obsoleto.
  • Ao todo, foram entregues 55 artigos para a primeira versão da central de ajuda.

Aprendizados

A Letícia que chegou na empresa em março, era uma profissional orientada a palavras. Já a Letícia que se despediu em outubro, é uma profissional orientada a pessoas.

Durante a minha experiência como pessoa redatora, foi necessário escrever bem, estimular a criatividade, conhecer os conceitos da área de marketing e saber aplicá-los no público-alvo.

Mas ao conhecer o UX writing, precisei pendurar o “ego” atrás da porta, e escrever um conteúdo que não era necessariamente “bonito”, mas simples e eficiente.

O design de conteúdo me apresentou a figura redatora como um profissional pesquisador, que se preocupa, sobretudo, em projetar experiências por meio da escolha de palavras.

Finalizo com as palavras de Nicole Fenton, pesquisadora e design tech, que escreveu:

Escrever é projeto. Escritores desenham histórias e se comunicam com palavras. Você precisa de uma história para conectar as pessoas ao seu site ou aplicativo. Uma cópia clara e eficaz envolve e informa.

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Letícia França
UXMP
Writer for

Publicitária & Senior Copywriter na RD Station