Iuéques Riter, pra quem?

Maraaaa
UXMP
Published in
3 min readNov 24, 2020

Você já se perguntou quantos dialetos existem no Brasil? São incontáveis. Mas, você sabe o que é um dialeto?

Nosso país possui uma grande extensão territorial e é ocupado por índios, imigrantes europeus, africanos, asiáticos e por aí vai. Essa variação sociocultural promove inúmeras combinações linguísticas, e assim temos um dialeto. Em nosso dia a dia, falamos dialetos indígenas, gírias de grupos sociais, falas características do regionalismo, trazendo uma grande pluralidade ao nosso idioma.

Eu vou te mostrar:

  • Mingau: além de ser aquela comidinha que aquece qualquer dia frio a palavra indígena veio do “tupi minga’u”, comida que gruda;
  • Tu: como boa paulista caiçara é a que mais utilizo. É a nossa segunda pessoa do singular, no lugar de “você”;
  • A pulso: foi a expressão nordestina mais usada por minha mãe - uma pernambucana raiz - ao criar quatro filhas. A pulso, é equivalente a fazer algo por obrigação;
  • Abajur : do francês "abat-jour". A maneira de escrever e a pronúncia são adaptadas para o português.
“Preconceito lingüístico: o que é, como se faz” de Marcos Bagno.

O escritor Marcos Bagno aborda a questão dos dialetos e pluralidade linguística em seu livro “Preconceito lingüístico: o que é, como se faz”. O Livro é uma indicação da Chris Luckner, instrutora do curso Ux Writer da Mergo. Consegui fazer o curso graças a Iniciativa UX para Minas Pretas que, graças a parceira com a instituição, me concedeu uma bolsa para fazer esse curso.

De forma bem resumida o livro fala da nossa potência linguística e como somos estimulados desde cedo a não valorizar essa diversidade, acreditando que essas variações tornam nosso idioma pobre. As regras gramaticais são importantes afinal, preservam e permitem a análise do nosso idioma estabelecendo conexões que permitem seu bom uso, entretanto devemos considerar o grande número de pessoas que não tiveram acesso a essas normas.

O Brasil ainda tem um número grande de analfabetos espalhados por todo país, são aquelas pessoas que não possuem habilidade na hora de formular pequenos textos.

Sabe quantos cidadãos estão nessa situação? Mais de 11 milhões, segundo estudo feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) - esse número é equivalente à população da nossa vizinha Bolívia. Esse é um dado atual e foi retirado do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019 . Essa pesquisa traz diversos dados importantes sobre o assunto e também mostra a desigualdade racial em nosso país: a taxa de analfabetismo entre negros e pardos com 15 anos ou mais chega a cerca de 8,9%, enquanto na população branca é de 3,6.

Estamos em uma linha tênue entre as desigualdades e pluralidade linguística e então fica a pergunta: será que como comunicadores estamos preparados? É suficiente a aplicação de normas cultas e regras gramaticais como “verdade absoluta”, desconsiderando as nuances do português do nosso cotidiano?

Essa formalidade linguística não chega a todos de forma igualitária: será que devemos seguir essas regras cegamente?

É muito importante o UX Writer considerar falar com diversos grupos, entender suas diferenças, principais dificuldades, passar sua mensagem de forma assertiva e acolher o leitor. A escrita, em suas diversas aplicações, deve ser inclusiva e feita de maneira que respeite a nossa diversidade linguística.

UX para Minas Pretas

Um grande abraço as pessoas que me ajudaram a construir esse texto com dicas, correções e novos questionamentos.

Avante a uma comunidade UX/UI mais acessível.

Referências:

https://blog.wyden.com.br/noticias/pesquisa-do-ibge-aponta-que-brasil-ainda-tem-11-milhoes-de-analfabetos/

--

--

Maraaaa
UXMP
Writer for

Textos muito pessoais para ler nos dias da minha consulta com terapeuta.