Minhas potentes referências do meu ser designer

Essa reflexão tem o objetivo de despertar os meus colegas de profissão a potencialidade de sermos designers e como podemos perceber de forma tão simples no nosso dia a dia.

Fernanda Paixão
UXMP
4 min readDec 8, 2020

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Vovó, suas filhas e netas

Esse texto também é para os meus colegas de outras áreas compreenderem a grandeza da minha paixão e crença pelo design.

Por mais que por vezes me entristeço, frequentando a academia e o mercado, acompanhando meus colegas dominados pelo “eu sou” e se colocando em um pedestal por ter produzido “a arte”, “o produto”, entre outros.
Ou se endeusando por serem seres super tecnológicos e que dominam todas as teorias e metodologias relacionadas. Ou as milhões de possibilidades que o design nos oferece, para nós que fazemos, que somos, se enaltece e envaidece.

Quero deixar aqui NÍTIDO:
Design não é arte!
Não é tecnologia!
Não é estética!
Não é perspectiva!
Não é instinto!

E preciso que fique bem NÍTIDO:
Design é arte!
É tecnologia!
É estética!
É perspectiva!
É instinto!

É exatamente esse ser, não sendo… não ser, sendo… que me fez apaixonar.
A fluidez determinativa-não determinativa do ser ou não ser o dono da razão. Design é uma voz gritante! Mas não do designer! A sociedade e o querer funcional grita através de nós {designers}

Desde que decidi não querer cursar engenharia, tento mostrar a minha família e para o mundo tudo isso que o design É! Porque com essas noções sociais de super valorização da profissão x e y, senti que eles acharam uma aposta meio furada, lá em 2013.

Depois de 4 anos de vivência e aprendizado em um projeto social (Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia), sendo a essência e o design, de uma forma funcional. Ou seja colocar 80 favelados (eu era uma) para aprender, pensar e produzir tecnologia no maior centro destinado a área no Recife. Tomei coragem e fui lá e disse a todo mundo que era ISSO! Tudo isso! Isso mesmo! Eu quero ser designer!

Família Lima — Casamento Lili & Michael

Nesses viagens de pensamentos e mudanças de rotas, minha família, em um todo {pais, irmãs, tia, tios, avós, primxs} parecem me achar um livro um pouco complicado de ler. Como mainha diz: “essa menina veio pelo avesso”. Porém devo ser aquele livro que guardamos sempre na bolsa, para lermos assim que tivermos uma oportunidade, só por despertar uma curiosidade e tentar compreender. A recíproca é verdadeira!
Estamos nos aprendendo todos os dias. E por um querer da gente.

Numa dessas viagens a Paraíba, para aprender mais sobre design. Tive outra conversa, com painho, sobre “o que é design?” e “Até onde ele vai?”. E durante o diálogo meu pai me disse a frase, com o discernimento de qualquer doutor de design conceituado, “Nanda, o design nunca vai deixar de existir. Porquê o design é a necessidade das pessoas”. UAU! Possa ser que essa seja a melhor síntese, ate então, da grandeza que acredito.

Design pode ser tudo, mas não é, e nem pode ser, egoísta. Porque o feito é para a sociedade! Para o mundo! Com um amor e o intuito que tudo entre em um fluxo funcional. Design é o mergulho além de si. É o mergulho nas necessidades das pessoas!

E assim percebi, com a oportunidade que tive ao ser de uma geração que quebrou históricos de subemprego, mesmo nascendo na periferia, eu não tinha o domínio de tentar ensinar o que é ser designer para a minha família.
Pois é, as pessoas que eu estava tentando há um tempo ensinar uma visão do que era ser, já haviam construído o meu ser, ser designer.

Saber sentir, escutar, compreender é algo além da academia.
Aprendi em casa, com minha vivência e histórias contadas das dificuldades passadas. Muito antes do meu pai tentar me explicar para dizer que tinha finalmente entendido o que falo. E mais antes ainda de fazer vestibular e saber o conceito na academia, nos livros, com autor x e y: “o que é design?”.

Existe um valor! E digo valor sem conectar a algo vendável.
Valor que não se vende, nem se lê. Se sente, se percebe.
Quebrando todos os pedestais egocêntrico: meus pais, meus avós, meus tios, também advindos da periferia, nunca foram pra academia. Minha família nunca leu um livro sobre design. Porém nunca deixaram, em nenhum momento, de ser função, conceito e “por quê?”.

Talvez nem tenha percebido, que o que na verdade, me fez apaixonar pelo design foi o que eles já são pra mim. Eles são os maiores exemplos de designers, além de todos os autores que li na biblioteca ou que escutei palestrar.

Vovô e Vovó e um dia de praia

Chego ao fim desse texto com orgulho de fazer parte dessa família. E agradecendo a vovô e vovó por ter disseminado sementes de fluidez e sabedoria.

Obrigada, gente!! Minha gente!! Porque vocês, só sendo vocês, me proporcionaram que eu fosse e que continue sendo: designer.

Dedico o meu ser designer a todos que solucionam os problemas cotidianos, os que querem fazer tudo funcionar pelo bem de todos.

Design é solução, é evolução, é observar, é perceber, é propor, é se envolver e sensibilizar.

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