O meu encontro entre RP e UX: usuário no centro

Leila Evelyn
UXMP
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4 min readAug 28, 2020

Minha experiência a partir da formação em UX Intensivo pela Mergo aprofundou meus conhecimentos em diversos aspectos

Entendo a comunicação como uma arte, moldada com base em referências, conceitos e seres humanos. O comunicador tem como papel principal acessibilizar informações, se fazer entender. Escolhi a graduação em Relações Públicas também por isso, por acreditar no poder das conexões como maneira de difundir conhecimentos. É comum perceber uma interrogação no rosto das pessoas quando falo sobre RP e sobre UX. Esse talvez seja o maior ponto em comum entre ambas as áreas: a complexidade do óbvio.

Todas as relações entre organizações, empresas e ademais, deveriam ter os públicos como prioridade, assim como todo design deveria ser centrado no usuário, mas não é assim que a banda toca! No Brasil, estamos inseridos em uma cultura centrada no capital: o dinheiro e lucros ditam padrões de oferta no mercado. Boa parte das vezes, sem apego às pesquisas e as segmentações específicas por exigirem tempo e, como se sabe, tempo é dinheiro.

Na contramão desse intenso sistema de aceleração, temos que lidar com uma pandemia mundial. Todos os continentes foram atingidos. Diante da inevitável decadência econômica e social, as previsões indicam uma mudança de comportamento: o consumo por necessidade e por afetividade. O chamado “novo normal” nada mais é que uma consequência de uma série de fatores. Uma parte das pessoas teve que se adequar ao home office viu serviços burocráticos do cotidiano serem digitalizados às pressas.

A estimativa é de que, até 2022, a conectividade esteja ainda mais presente na nossa vida. Sentimentos como medo, dessincronização social, resiliência equitativa e otimismo radical também são apontados como parte da nova roupagem do consumidor do futuro pela Diretora da WGSN Insight, Andrea Bell. O que nos faz chegar no que considero como maior aprendizado do curso: o design é emocional!

No processo de aprendizado compreendi que o chamado “feeling” para o desenvolvimento de sistemas, de produtos e de serviços é um longo e compensatório processo que começa com empatia. É preciso compreender as necessidades do usuário a partir da contextualização sobre a realidade do seu público-alvo.

Para isso, mergulhei de cabeça, fiz do meu quarto o próprio laboratório do Dexter, enchi as paredes com referências que poderiam me ajudar a acordar e dar de cara com meu usuário: matriz CSD; Desk Research; Objetivos específicos; frases das entrevistas e Task Flow.

As paredes do meu quarto rodeados de informações

Empatia é um conceito bastante interessante, que, inclusive, denomina e guia a primeira parte do processo de design. Aprendi com a filosofia que ao ficar triste com a morte de Mufasa, em O Rei Leão, a gente reflete sobre a própria morte e a morte daqueles que amamos. Ou seja, o processo de empatia não é sobre se colocar literalmente no lugar do outro, mas compreender aquela dor a partir das próprias experiências quanto seres humanos.

Quando comecei a buscar mais sobre UX, por impulso, sem indicação ou ideia do que gostaria exatamente de aprender, comprei o livro Redação Estratégica para UX, da escritora e UX Writer da Google, Torrey Podmajersky. Em determinado trecho, a autora afirma:

Quando experiências são criadas, é necessário preocupar-se com as pessoas que vão utilizá-las. Quando essa preocupação não existe, corre-se o risco de falhar na tarefa principal: fazer experiências que atendam ao seu objetivo.

Na primeira aula ouvi do professor Edu Agni que todo designer deveria ser centrado no usuário e foi assim que norteei o meu projeto: um aplicativo que denominei como Autonomia, para ajudar corredores amadores a evitar problemas físicos e lesões.

Os “rabisco frames”, rascunhos do app Autonomia

O universo da corrida não era um ambiente comum pra mim e, mesmo que fosse, sabia que deveria recorrer a pessoas diversas para compreender e absorver o máximo possível antes de colocar a mão na massa. Entrevistei 5 corredores amadores com experiências completamente diferentes, mas com uma paixão comum: a autonomia. A partir dessas conversas, segmentações de público, Matriz CSD e objetivos especifico, cheguei a um perfil que se aproximaria do meu público-alvo:

Segmentação de usuários interessantes ao produto

Por compreender essa paixão e analisar as respostas de cada entrevistado, decidi apostar em um perfil jovial, antenado e completamente dentro da realidade do projeto: uma mulher negra, de 27 anos, nascida e criada no Capão Redondo. A minha ambição foi justamente tornar esse exercício físico verdadeiramente democrático, posto que esse, infelizmente, é um país onde não se investe em infraestrutura, muito menos em regiões periféricas. E que, justamente pelas condições das ruas e avenidas, torna a rotina ainda mais arriscada às pessoas que buscam pela prática.

Ao sentar e olhar para o projeto, mesmo que ainda seja um rascunho do rascunho, sinto muito orgulho. Além das capacidades práticas de pesquisa, ideação e prototipagem, que só pude adquirir graças ao UXMP, essa é uma vitória em diversos outros aspectos.

Durante o curso, pude conhecer novas formas de tornar meu trabalho mais acessível, aumentei minha percepção sobre a importâncias da busca constante por novas referências e, também, tive a prova de um pensamento que já me acompanha a um bom tempo: faço parte de uma comunidade forte, ao qual me orgulho demais. A visão sobre o coletivo é um diferencial.

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Leila Evelyn
UXMP
Writer for

Me disseram que essa era a mídia social do textão, por esse e outros motivos, aqui estou. — 28 anos, Relações Públicas, produtora e várias fita.