Meus primeiros aprendizados de uma aula de UX Writing

Beatriz Carneiro
UXMP
Published in
6 min readSep 29, 2020

Um sábado inteiro dedicado a UX Writing.

Quando soube que fui contemplada com uma bolsa de estudos do UX para Minas Pretas (UXMP) para participar do curso UX Writing Hands On para Iniciantes da Ari Dias, fiquei extasiada! Teria a oportunidade de aprender mais sobre uma área que, nos últimos meses, faziam os meus olhos brilharem. Ao mesmo tempo, me preocupei. O curso aconteceria durante um dia inteiro e eu precisava me organizar bem, pois sou mãe de um bebê de 6 meses.

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A hora da virada

Vivo um momento crucial na minha vida: meu primeiro filho nasceu no início da pandemia e, de lá para cá, entre fraldas, inúmeras noites sem dormir e a montanha-russa de emoções trazida pela maternidade (e pela Covid-19), resolvi deixar a área da educação, na qual trabalhei pelos últimos 14 anos, para, aos 34 anos começar do zero e migrar para UX.

Para alguns, pode parecer uma receita para o desastre: por que largar o certo pelo duvidoso, a esta altura do campeonato, com uma responsabilidade tão importante como um filho?

Preciso dizer que toda a hesitação e insegurança que a última pergunta faz transparecer desapareceram quando me juntei ao grupo de UXMP. Lá, encontrei mães e mulheres que tinham profissões bem diversas e que também estavam migrando aos 30, 40, 50 anos. Fui abraçada por uma rede de apoio que dificilmente encontramos quando decidimos ingressar em um novo mercado de trabalho. Além disso, o “começar do zero” ali de cima também virou uma falácia: por mais que houvesse bastante conteúdo — e o curso da Ari é bem completo — minha experiência como professora e entusiasta das Letras me ajudou a entender melhor o mundo de UX Writing.

Uma caixa enorme de ferramentas

Diferentemente dos que têm trabalhado de casa durante a pandemia e possivelmente estão acostumados com as muitas chamadas de vídeo, compartilhamento de telas e todo o esquema de trabalho remoto, o meu relacionamento atual com a tecnologia resumia-se às canções de ninar e clipes de música do “Palavra Cantada” e da “Galinha Pintadinha” no Youtube.

Ao fazer este curso, no entanto, usei tantas ferramentas de gerenciamento de projetos, edição de imagens e colaboração entre equipes que quase fiquei desnorteada. Respirando fundo e encarando a bronca, descobri o mundo maravilhoso de todos os apps e sites — os produtos — que foram criados para facilitar as nossas vidas. Algumas ferramentas com as quais trabalhamos no curso estão abaixo e estão definidas mais ou menos do modo como eu (com olhos ainda não treinados e inexperientes em UX) os entendo e como os usei durante o curso:

Notion: um aplicativo em que é possível tomar notas de todo o tipo e gerenciar atividades, projetos e tarefas, sejam elas pessoais ou profissionais.

Trello: uma ferramenta a qual você pode gerenciar tarefas e fluxo de trabalho no estilo kanban, marcando o que deve ser feito, o que está sendo feito e o que foi concluído.

Slack: um aplicativo que contém salas de bate-papo para comunicação entre os membros de uma ou várias equipes.

Miro: uma plataforma que te apresenta um quadro branco no qual as equipes remotas podem fazer planejamentos, mostrar informações uns aos outros e colaborar para o fluxo do trabalho.

Figma: essa daqui eu sempre quis usar, mas achava que era muita areia pro meu caminhãozinho. É uma ferramenta em que você pode fazer protótipos e design de todos os tipos.

Eu simplesmente adorei cada uma dessas ferramentas e as facilidades que elas oferecem. Também percebi que elas estão inseridas em um contexto de trabalho pautado pela parceria, colaboração, criatividade e agilidade, conceitos que entendi serem chave para o desenvolvimento saudável de um produto.

Um novo modelo de trabalho

A aplicação de metodologias ágeis para o desenvolvimento de produtos é algo novo para mim. O contexto profissional no qual eu estava inserida era completamente diferente disto e hoje me pergunto porque passei tanto tempo sem conhecer essas práticas. Práticas tais que, quando bem aplicadas por um product owner, fazem com que o backlog retirado do roadmap seja executado eficientemente pelos squads durante um determinado sprint!

Pode acreditar que, ao final do curso, todos estes termos em inglês que inicialmente ficaram rodando na minha cabeça, sentados em vários pontos de interrogação, não eram mais tão estrangeiros assim.

Mas antes de conseguir entender tudo, eu estava a própria Nazaré confusa rs.

Segue abaixo uma lista e uma curta explicação do que pude entender sobre os termos:

Roadmap: um mapa que mostra os objetivos do produto a ser desenvolvido;

Product Owner: a pessoa que é dona do produto e gerencia as tarefas da equipe para que tal produto seja desenvolvido;

Backlog: a lista de tarefas retirada do roadmap;

Squads: os times responsáveis pelas tarefas listadas no backlog;

Sprint: período de tempo estipulado para a realização das tarefas.

A escrita e a tecnologia

Munida das ferramentas e inserida na metodologia, faltava, portanto, entender como funcionava a escrita em UX Writing. O que aprendi é que tudo o que se escreve em um site ou um aplicativo, por exemplo, deve ser simples, objetivo e considerar profundamente a vivência daqueles que vão usar estes produtos, ou seja: considerar a experiência dos usuários. Isso envolve qualquer comunicação a qual o usuário tenha acesso ou receba através de e-mails ou notificações.

Eu devo admitir que tenho potencial para ser bem verborrágica às vezes, principalmente porque venho de uma área em que longos textos de redação e obras literárias são a regra. Sendo assim, é importante treinar a habilidade de usar as palavras com sabedoria e intenção certeira. Afinal de contas, não há espaço em uma tela de celular para tanta informação ou frases muito longas.

Por isso, também entendi o valor que existe em se comunicar claramente com os membros do seu squad, de modo que o trabalho de escrita tenha sim um pé (dois pés, de preferência, para ficar mais firme) e uma cabeça. Se os objetivos não ficarem claros, o time se perde e a jornada do usuário fica prejudicada.

É preciso conversar com a pessoa desenvolvedora que vai codar o site ou aplicativo, entender o espaço que o UI Designer tem disponível nas páginas para que você possa escrever, além de deliberar com seus pares sobre como as frases “Vamos avisar se houver disponibilidade” ou “Vamos avisar quando houver disponibilidade” são fundamentalmente diferentes. Tudo isso é importante.

Uma boa conversa, planejamento e colaboração são essenciais para que o projeto seja entregue. Ah, falando em colaboração, meu bebê ficou bem sossegado no colo do pai, dos avós, da titia e ainda bateu na porta para mamar algumas vezes.

Agradeço muito por esse squad!

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Beatriz Carneiro
UXMP
Writer for

UX Writer, educadora, apaixonada por palavras, doce de leite e canjica.