Ilustração do Undraw

Tabulando e analisando dados de pesquisa

Participei de um processo seletivo e o desafio foi tabular uma base de dados fictícia e apresentar os aprendizados. Nesse texto conto como resolvi esse desafio.

Mikaela Alencar
Published in
6 min readSep 17, 2020

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O contexto e a tarefa

Por questões de regras da empresa, não citarei nome e detalhes do processo, somente como desenvolvi.

O contexto, um e-commerce que também atua com comércio varejista em lojas físicas.

A tarefa principal consistia em tabular e retirar aprendizados de uma base de dados fictícia, enviada por eles. Cada participante poderia resolver a tarefa da melhor forma que conseguisse. Achei a proposta interessante e a forma de condução foi bem humana. Após a empolgação inicial por ser chamada para participar de um processo seletivo, coloquei a mão na massa.

Resolução

Fase 1 — Planejamento

A primeira fase do planejamento foi entender o que foi solicitado. Isso incluía saber:

  • É possível identificar se há necessidade de realizar uma nova pesquisa antes da tabulação e análise?
  • A base de dados é resultado de uma pesquisa? São clientes ou clientes em potencial?
  • Qual área irá consumir essa análise? (no caso do processo seletivo, o time de design, mas poderia ter sido outra área)
  • Quais são os entregáveis?
  • Quanto tempo costumo investir no desenvolvimento de cada tarefa?
  • Tenho quanto tempo até o dia da apresentação?

Após rascunhar a resposta de todas essas perguntas, coloquei o planejamento em documento no Google Docs para que pudesse ser compartilhado com a empresa (o documento é adaptado desse texto aqui)

O planejamento é uma das (se não a) partes mais importantes no desenvolvimento de qualquer tarefa. E, além de gostar de elaborar o planejamento, recentemente aprendi que é nessa fase que você pode negociar também (prazos ou outro assunto)!

Fase 2 — Tabulação

Nessa fase, iniciei a tabulação gerando alguns gráficos como faixa etária e gênero. Troquei algumas ideias com minha mentora e recebi algumas dicas, então melhorei a análise usando gráficos em percentual a partir de uma tabela dinâmica (super simples e ela explica melhor como fazer nesse texto, só clicar aqui).

Percebi que os dados como faixa etária e gênero eram muito homogêneos e continuei a observação buscando evidências possíveis de serem pesquisadas/investigadas e encontrei:

  • Produtos quê os usuários tem mais interesse:
Dados fictícios — Material para demonstrar o que os usuários tem mais interesse
  • Preferência por pagamento com cartões em lojas físicas e online:
Dados fictícios — Conteúdo adaptado
  • Baixa utilização de celular para pagamento em lojas físicas:
Dados fictícios — Conteúdo adaptado
  • Baixa alteração na forma de pagamento mesmo durante a pandemia de Covid-19:
Dados fictícios — Conteúdo adaptado

Essa é uma das minhas partes favoritas, gosto da surpresa das primeiras percepções que os dados trazem e do embasamento que oferecem para as próximas fases.

Fase 3 — Pesquisa Secundária ou Desk Research

Na desk, busquei informações sobre a empresa no próprio site, em relatórios de vendas disponíveis pra download e em sites falando sobre comércio e inovação.

Busquei também informações relevantes sobre os assuntos que os gráficos me trouxeram, e procurei por pesquisas sobre preferência de pagamento na pandemia, meios de pagamento digital e físicos.

Board com referências e trechos retirados de pesquisas desk

Nessa etapa eu costumo criar boards (miro, Google Drive) para colocar as referências e as informações mais relevantes de cada máteria/pesquisa ou relatório. Ás vezes separo por assunto e relevância, depende do tempo e da complexidade do assunto.

Fase 4 — Insights e Hipóteses

Eu começo a considerar insight, a partir daquelas primeiras informações que encontrei analisando os gráficos, porque através delas fui buscar dados para confirmar ou para compreender e assim construir as minhas hipóteses. Além de inserir as referências no board, algumas delas também são colocadas nos slides.

Nesse processo, as hipóteses que apresentei foram:

Conteúdo adaptado — Hipóteses apresentadas na apresentação

Você pode considerar que tem informações demais nos slides? Pode, mas pense que eu já tinha minha narrativa e minhas certezas sobre o tema concluídas e usei cada um dos quadros como apoio. Após a entrevista, essa apresentação foi enviada para a empresa, então seria pouco inteligente criar um material que somente eu conseguiria consumir.

Fase 5 — Métricas

As métricas são formas de medir o que foi proposto como solução, de acordo com o que eu sugeri nas hipóteses. Quando apresento formas de medir o que apresentei, consigo relacionar toda a pesquisa com a parte do produto que trabalhei e mensurar se haverá impacto no negócio.

As que apresentei foram:

Fase 6 — Apresentação

Montar uma boa apresentação não tem muitos segredos, mas é sempre legal ter uma referência ou pelo menos ideia de como quer apresentar.

Os pontos de maior atenção para mim são:

Storytelling: Como vou contar a jornada.

Consistência Visual: As cores, fontes, ícones, imagens, alturas e espaço devem ser harmônicos.

Aprendizados e ponto de atenção

A jornada de participação em processos seletivos, sempre me traz muito aprendizado, tanto prático quanto teórico. O que não diminui a pressão e o nervosismo, principalmente no momento da apresentação.

1º aprendizado: pedir ajuda quando me sentir perdida. Desde que iniciei a migração para UX Researcher, ouvi de profissionais da área para pedir ajuda, mas eu não praticava, durante esse processo finalmente gritei por “help!” e foi fundamental para conseguir ajuda e dicas com a parte visual e a própria tabulação.

2º aprendizado: Planejar o prazo para cada atividade com um pouquinho de folga. Pequei no planejamento estipulando um prazo menor para finalizar cada atividade, e descobri que no momento de analisar, é importante ter um tempo maior para cruzar dados da pesquisa desk, com benchmarking e fazer comparações mais embasadas em dados. As hipóteses não aparecem magicamente. E esse aprendizado ficou só consegui colocar em prática no projeto seguinte.

3º aprendizado: É importante fundamentar conhecimentos de maneira mais tradicional, com leituras, cursos e práticas acadêmicas. Poucas semanas após participar desse processo, tive algumas aulas de Comunicação Visual e Design Gráfico na faculdade, e algumas dificuldades que tive na elaboração de uma apresentação objetiva, simples e consistente foram diminuídas.

Ficou com alguma dúvida sobre o processo? Bora conversar? Vou adorar trocar ideia e figurinha sobre pesquisa experiência do usuário e pesquisa :)

Agradecimento

Já faz um tempo que conto com a mentoria de uma profissional incrível! Além de ensinamentos e dicas da área de pesquisa do usuário, aprendo muito sobre confiança, negociação, coragem e várias outras soft skills. Obrigada Sheylla Lima

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