Uma Writer no curso de UX
Com o incentivo da UX para Minas Pretas eu participei de um curso da Mergo e conheci um pouco do trabalho dos profissionais da área de User Experience. Aqui, eu vou contar brevemente a minha experiência e como este curso impactou nas minhas atividades.
Há algum tempo, eu assisti a uma palestra do Bruno Rodrigues, no YouTube, onde ele disse que “UX Writing é muito mais UX do que Writing”. Essa afirmação apresenta justamente o que diferencia um UX Writer de um redator. Afinal, em UX Writing o foco deixa de ser a gramática normativa, textos “bonitos” e palavras difíceis.
Ou seja: o foco passa a ser quem vai ler o texto e não um livro que dita como o texto deve ser escrito (ou a sua vontade de usar aquela palavra super complicada).
Para virar essa “chavinha” e reforçar ainda mais o que é a Experiência do Usuário e como criar mecanismos para que essa experiência seja positiva, nada melhor do que estudar UX.
Descrição do GIF: Um jovem negro, usando uma camisa azul, sentado em frente a um notebook e faz “legal” com o polegar.
O que eu aprendi (ou reforcei) em um final de semana
Edu Agni, o professor do curso, já diz nos primeiros minutos a seguinte frase: “Vocês não vão sair daqui UX designers”.
Essa pontuação é muito importante, porque deixa evidente que aquele curso é apenas o início de uma jornada que não tem (necessariamente) um fim.
E esse foi o meu primeiro aprendizado: a jornada de uma pessoa que trabalha com UX não tem fim
Não tem fim, porque (anotei algumas frases do Edu), “Criar produtos é resolver problemas das pessoas”. E acredite: as pessoas sempre terão problemas! Logo, o nosso trabalho é identificá-los e criar soluções para resolvê-los.
O produto não é UX
Se você pensou que a sua ideia de resolver um determinado problema já é UX e que ele por si só já é uma excelente experiência para o usuário, você pensou errado. Produto é um ponto de contato.
“UX é sobre o porquê de a pessoa usar o produto, é sobre o usuário!”
A experiência vai além do produto
Esse tópico conversa com o anterior. Faço questão de destacá-lo para ressaltar que não podemos dizer que tal produto é ou tem UX. Quem determina isso é… Quem faz o uso do produto.
Diante disso, por mais que o seu produto seja considerado por você e pela sua equipe como um “produto UX” (???) quem vai determinar essa “uxidade” é a pessoa usuária. E lembre-se a Experiência do Usuário pode ser boa ou ruim.
“Produto é um meio para a pessoa ter a experiência” — Lembre-se disso!
Os aprendizados não se findam nessa breve explanação, mas foram esses pontos que mais chamaram a minha atenção naquele momento.
Juntou tudo: teoria e prática
Além de nos indicar alguns livros, autores, vídeos e fontes de pesquisa diversas, os participantes puderam colocar na prática o que estava sendo aprendido.
A parte interessante disso: quem nunca trabalhou com uma equipe de UX completa, pôde sentir um gostinho de como as coisas funcionam.
Em grupos de 5 pessoas, passamos pelas fases do processo de design:
- Tivemos que encontrar um problema em comum ou conhecido (Empatia);
- Mapeamos o público do problema e criamos a persona (Definição);
- Fizemos brainstorm e recebemos a orientação de dar “ideias sem censuras” (Ideação);
- Prototipamos no Figma (Siiiim! REAL!) (Prototipação);
- Vocês acharam que não testaríamos? Pois, testamos, sim! (Teste).
Unir teoria e prática ajuda (bastante) a fixar o aprendizado. Os exercícios, certamente, ajudaram a entender que o processo de design precisa ser focado em quem fará o uso do produto. Aprendizado destacado na fase de teste.
Mais UX, mais UX, mais UX
Confesso que formalizar o conhecimento e “dar nomes aos bois, é um processo de descoberta incrível. “Dar nomes aos bois”, porque apesar de escrever tentando usar palavras simples para que fossem entendidas por diversos perfis, o conceito de UX ainda não estava presente na minha rotina de trabalho.
Na minha atuação como redatora sempre tento pensar em quem fará a leitura do texto. A motivação para isso foi uma frase que escutei na minha graduação e que sempre me incomodou. Era a seguinte:
“[…] a começar do nível mais elementar das relações com o poder, a linguagem constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder” (GNERRE, 1991, p. 22)
Escrever para não ser entendido não deveria ser uma prática comum. Eu sempre evitei que a minha escrita fosse uma cerca que impede o acesso ao conhecimento que está materializado no texto.
Eu sempre pensei em inclusão, e descobrir o espaço para redação em UX tem sido um grande incentivador para continuar com a premissa de linguagem simples e acessível.
Por isso que a frase do Bruno Rodrigues que apresentei no início deste texto faz muito sentido. É por isso que, independente de qual seja a atuação: researcher, writer, designer etc, é sempre importante destacar que o grande diferencial é o UX e que o produto não é para você.
“Você é UX porque você se preocupa com o usuário”.
Falando em UX…
[…] eu não posso deixar de falar de como eu fiquei feliz em encontrar um grupo de UX (de e para) mulheres pretas.
O UX para Minas Pretas incentiva, motiva e facilita o acesso a cursos, mentorias e afins. A reunião dessas mulheres mostra que é possível chegar lá, que é possível migrar de área, que é possível fazer parte de uma rede de apoio para que consigamos movimentar as estruturas sociais.
Estamos juntas e seguimos juntas para nos vermos no topo!
Descrição do GIF: A tenista Serena Williams está segurando um troféu e encosta o seu queixo no ombro. Alguns flashes no GIF demonstram que ela está sendo fotografada.