O UX Design é a Cura para Aplicativos Ruins de Saúde

Porque um app de saúde sem UX é como um paciente sem diagnóstico.

Fernando Silva Rafael
UXPlore Brasil
5 min read3 days ago

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App saúde

E aí, caro leitor da @UXPlore, já parou para pensar? Você baixa um app para acompanhar a diabetes que, em vez de oferecer um fluxo intuitivo e um passo a passo, apresenta telas complexas, cheia de termos técnicos que só um profissional da saúde entenderia. Você ficaria bravo, não é? E ainda, a chance de abandonar o app, nesse caso, é bem alta. Infelizmente, esse cenário é mais comum do que gostaríamos ou imaginamos.

Por trabalhar em conjunto com a área da saúde, sei que os apps de saúde estão em constante crescimento, e com eles a necessidade de criar aplicativos que não apenas forneçam informações, mas também ofereçam uma boa experiência para quem estiver usando, seja a pessoa alguém que entende da área ou não. E por isso que o UX Design se torna fundamental em casos assim.

Um bom UX Design em um app de saúde é como um médico que cuida do seu paciente: ele entende as necessidades do paciente, acerta no diagnóstico e prescreve o tratamento correto. No caso dos aplicativos, o “paciente” é o usuário, e o “tratamento” é a experiência que ele tem durante o uso do seu app.

1. Mas por que um app de saúde sem UX é como um paciente sem diagnóstico?

Existem alguns pontos básicos para que eu tenha colocado isso como subtítulo do artigo, e eles são:

  • Falta de compreensão: Sem um design claro e intuitivo, o usuário pode não entender como utilizar o aplicativo, o que leva à frustração e ao abandono.
  • Erros: Uma interface cheia de coisas e complexa aumenta o risco de erros na inserção de dados, o que pode dificultar a precisão das informações.
  • Pessoas não vão usar: Um aplicativo difícil de usar dificilmente será utilizado com frequência (se não for um público especifico), comprometendo os resultados esperados.

Para evitar esses problemas, é só seguir alguns princípios básicos do UX Design:

  • Simplicidade: A interface deve ser limpa e intuitiva (com um fluxo bem definido), evitando nomes técnicos e informações desnecessárias.
  • Acessibilidade: O aplicativo deve ser acessível a todos os usuários, independentemente de suas habilidades e limitações.
  • Personalização: Permita que o usuário personalize a experiência de acordo com suas necessidades e preferências (essa é uma dica que vale para quase todos os apps).
  • Segurança: Se você está mexendo com um app de saúde, também deve estar mexendo com dados sensíveis de pessoas, por isso é necessário tomar muito cuidado para não vazar nenhum dado.
  • Feedback claro: Os aplicativos em geral precisam ter um feedback continuo para o usuário, como uma barra de carregamento durante o loading de uma página, ou avisos de erros.

2. Casos de Sucesso

Para que você entenda melhor o que eu estou dizendo, vamos ver um app que é considerado caso de sucesso e sua tela na prática.

MyFitnessPal

  • Simplicidade: A interface do MyFitnessPal é limpa e direta, facilitando a navegação e a compreensão das funcionalidades, mesmo para usuários que não são familiarizados com aplicativos de saúde.
  • Personalização: O aplicativo permite que o usuário personalize seu perfil, definindo metas, preferências alimentares e atividades físicas. Essa personalização torna a experiência mais relevante e motiva um novo usuário a usar o app.
  • Banco de dados: O app possui um banco de dados G I G A N T E de alimentos, o que facilita o registro das refeições e o cálculo das calorias.
  • Sistema de pontos e recompensas: O aplicativo utiliza um sistema de pontos e recompensas (gamificação) para motivar os usuários a atingirem suas metas.
  • Gráficos e visualizações: A visualização dos dados através de gráficos torna a experiência mais divertida e fácil.
  • Desafios e competições: O MyFitnessPal organiza desafios e competições, incentivando os usuários a manterem a consistência e a alcançarem seus objetivos.
  • Melhorias contínuas: A equipe do MyFitnessPal está sempre trabalhando em novas funcionalidades e melhorias, garantindo que o aplicativo permaneça relevante e atraente para os usuários.
App MyFitnessPal

Em resumo, o sucesso do MyFitnessPal se deve à combinação de uma interface simples, personalização, comunidade engajada e gamificação. Esses elementos, em conjunto, criam uma experiência positiva e motivadora para os usuários, incentivando-os a adotarem hábitos mais saudáveis.

3. O Papel da Privacidade e Segurança em Aplicativos de Saúde

Nossas informações de saúde são dados cada vez mais cobiçados para hackers. Eles mostram hábitos, condições médicas e até mesmo informações genéticas. Por isso, a privacidade desses dados é fundamental. Imagine um mundo onde suas informações de saúde pudessem ser usadas contra você, por exemplo, para negar um seguro ou um emprego. Essa é uma realidade que queremos evitar a todo custo.

A preocupação com a privacidade dos dados levou ao surgimento de diversas leis e regulamentações, como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) na Europa e a HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act) nos Estados Unidos. Essas leis estabelecem um conjunto de regras para a coleta, armazenamento e uso de dados pessoais, incluindo dados de saúde.

Em 2022, um dos maiores vazamentos de dados de saúde no Brasil ocorreu no Sistema E-Saúde, expondo informações de milhões de brasileiros. Com o vazamento as pessoas tiveram acesso a histórico de doenças, medicamentos, exames e até mesmo dados financeiros relacionados à saúde de pacientes pelo Brasil todo.

Esse problema real nos mostra os riscos associados gestão de dados em sistemas de saúde e a necessidade de melhores medidas para proteger informações sensíveis, então aqui vão três boas práticas para que você consiga garantir melhor a privacidade de dados no seu app:

Criptografia:

  • Armazenamento: Todos os dados sensíveis devem ser criptografados em todas as etapas do processo.
  • Chaves de criptografia: As chaves de criptografia devem ser protegidas de forma rigorosa, utilizando mecanismos como criptografia de chave pública e privada.

Autenticação Multifator:

  • Combinação de fatores: A autenticação exige que os usuários forneçam mais de uma forma de identificação, como senha, token e biometria (impressão digital, reconhecimento facial).
  • Proteção contra ataques: Essa prática dificulta muito a ação de hackers.

Políticas de Privacidade Transparentes e Concisas:

  • Linguagem clara: As políticas de privacidade devem ser escritas em uma linguagem clara e objetiva, evitando termos técnicos complexos.
  • Informação detalhada: As políticas devem informar os usuários sobre quais dados são coletados, como eles são utilizados, por quanto tempo são armazenados e com quem são compartilhados.
  • Consentimento explícito: O consentimento do usuário para o tratamento de seus dados deve ser livre, específico, informado e inequívoco.

4. Conclusão

2024 chegou galera, e é hora de mudar a forma como pensamos sobre aplicativos de saúde. Aplicando UX Design, podemos criar ferramentas que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Desenvolvedores, designers e profissionais de saúde: juntos, podemos construir um futuro onde a tecnologia seja uma aliada da saúde e do bem-estar 😁🙌.

Gostou do artigo? Obrigado por parar um minutinho do seu dia para ler. Para mais conteúdos sobre UX Design no geral, siga a nossa página @UXPlore.

Até o próximo artigo!!

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Fernando Silva Rafael
UXPlore Brasil

Redator na @UXPloreBrasil - Amante de música e da experiência do usuário 💙