Ser Humano Digital e Tecnologia Humana: Uma Visão Diferente do Futuro

É nítido o avanço tecnológico no mundo atual em que vivemos, mas até que ponto isso é benéfico para nós? Já se perguntou qual seria o futuro da humanidade? Veja o artigo a seguir.

Wesley Henrique
UXPlore Brasil
8 min readNov 8, 2023

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Nos dias de hoje, existem vários avanços tecnológicos revolucionários em andamento: IA’s generativas, IoT (Internet das coisas), Machine Learning, Realidade Virtual e Aumentada, entre outros.

As consequências desses avanços são diversas e uma das principais mudanças causadas é a automação de tarefas que, antigamente, eram de habilidade humana. Um exemplo claro disso são os eletrodomésticos cada vez mais controlados: o aspirador de pó robô com mapeamento é um dos exemplos mais recentes.

Aposto que essa invenção elimina uma tarefa cotidiana bem chata (diga-se de passagem) da sua rotina, não é mesmo? Mas quem imaginaria que um dia isso seria possível? Quantas possibilidades foram levantadas para que isso se tornasse algo tangível e, finalmente, atingisse o mainstream?

Tendências

Antes de iniciarmos o assunto, é importante deixar claro o que é uma tendência.

Segundo especialistas, uma tendência é uma direção de mudança nos valores e necessidades humanas que é impulsionada por forças e já se manifesta de várias maneiras dentro de certos grupos da sociedade.

Uma tendência também pode ser uma nova manifestação de mudança sustentada na sociedade ou na maneira como nos comportamos uns com os outros. Pode ser um ponto de partida que nos ajuda atender simultaneamente às demandas do presente e planejar o futuro. De certa forma, as tendências são a analogia de que nossas mentes precisam para nos ajudar a pensar e entender a mudança.

Identificando possíveis tendências

Photo by Alex Knight on Unsplash

Existem diversas formas de nos mantermos ligados aos sinais de tendências que são dados a todo momento. Isso pode surgir de uma necessidade simples de um ser humano, ou até mesmo algo capaz de evitar uma crise mundial. Seja lá qual for a dimensão do seu impacto, as tendências sempre emitem algum tipo de sinal antes de se tornarem presentes no mundo real e, a partir deles, criar cenários especulativos que podem acontecer em um futuro próximo.

Através da internet, é possível ter acesso a esses sinais: redes sociais, leitura de artigos, páginas de newsletter… existe uma infinidade de caminhos a seguir para se manter por dentro das possíveis mudanças que podem ocorrer no mundo.

Ferramenta útil

Acompanhar inovações recentes e suas consequências também pode ser uma forma de detectar os possíveis sinais das novas tendências. Para auxiliar neste processo, existe uma ferramenta chamada “Futures Wheel” (Roda de Futuros) que tem como função identificar as consequências de um determinado tema em 3 níveis, de acordo com a análise feita diante do assunto escolhido.

O funcionamento dessa ferramenta é simples: primeiramente é preciso definir um tema para que, a partir dele, sejam criadas as consequências nos próximos níveis. Veja o exemplo a seguir:

Imagem explicativa da ferramenta “Futures Wheel”. Fonte: Jisc

Com o Futures Wheel, é possível expandir seu ponto de vista com base nas especulações geradas pelos níveis preenchidos, vale a pena tentar. Veja o exemplo prático abaixo.

Iniciamos escolhendo um tema a ser abordado pelos restantes dos níveis, como por exemplo: Impacto da IAs generativas no mercado de trabalho.

Consequentemente, é definido o primeiro nível, podendo ser uma ou mais “bolinhas” utilizadas, por exemplo:

Nivel 1

1 — Facilitação de tarefas digitais realizadas por colaboradores;

2 — Automação de tarefas diárias;

A partir desses dois pontos identificados, é realizado o preenchimento do segundo nível, pensando nas consequências causadas pelo nível subsequente, veja:

Nivel 2

1.1 — Risco de possíveis erros causados pela informação obtida através das IAs;

2 .1 — Redução de carga horária semanal.

Agora que já temos o segundo nível definido, vamos as consequências que ele pode causar no próximo passo, preenchendo o 3º nível:

Nivel 3

3.1.1 — Aumento de critérios de análise por parte do responsável (ou setor responsável);

2 .1.1 — Impacto positivo no bem estar e produtividade dos funcionários.

Antes de dar segmento ao artigo, devo ressaltar que o exemplo utilizado foi uma singela demonstração do uso da ferramenta e não contém informações concretas. Desde o início do exemplo, trabalhei com especulações dos impactos criados por algo que já está sendo bem utilizado pela população, como o ChatGPT por exemplo.

É importante ter em mente que, toda inovação que atinge as grandes massas, passa por um processo de aceitação antes, que acaba funcionando como um “divisor de águas” entre a meta a ser a atingida e o sucesso propriamente dito.

Do improvável ao indispensável

Sabe aquela novidade que hoje em dia é utilizada pelas grandes massas? No passado, com certeza ninguém acreditava no potencial que existia por trás dela. Este ciclo é inevitável quando se trata de algo novo, e geralmente é abordado como “As Etapas de Aceitação”.

O ciclo é iniciado desde o primeiro sinal emitido por uma tendência e deixa de ser uma especulação quando aquilo que era novo, se torna algo tangível e muito utilizado pela grande maioria da população, chegando ao mainstream.

As etapas de aceitação de uma tendência funcionam da seguinte forma:

Sete Etapas de Aceitação. Fonte: Hyper Island — Curso: Future Thinking.

Antes da tendência se tornar de fato uma tendência, é emitido sinais que podem ou não, fazer com que a mesma passe a ser vista de maneira potencialmente inovadora em um futuro próximo.

No menor dos níveis de sinais emitidos, temos a seguinte etapa:

➢ Margem: Nesta etapa, absolutamente ninguém ouviu falar sobre aquilo. É desconhecido por todos e, por conta disso, não tem a mínima importância;

➢ Denial: Do português “Negação”, nessa etapa de aceitação, o usuário já ouviu falar daquilo, mas não entende sobre e, tampouco, acredita que um dia possa ser algo útil e concreto;

➢ Entendimento: Aumentando os níveis de sinais emitidos por aquela tendência e ganhando visibilidade, nessa etapa o usuário já possui conhecimento breve sobre a mesma, mas não acha tão relevante;

➢ Potencial: Ao atingir essa etapa, a tendência desperta interesse no usuário. Isso faz com que o mesmo busque informações sobre aquela o assunto afim de descobrir mais e estar por dentro da possível novidade;

➢ Aceitação: Nesta etapa, a tendência não é vista como algo necessário. Entretanto, é reconhecido que a mesma oferece alguma utilidade benéfica, sendo vista como algo novo, mas não necessário;

➢ Adoção: Ao contrário da etapa de aceitação, aquela tendência já foi aceita pela grande maioria da população, sendo utilizada de maneira recorrente pelos usuários e, desta forma, agregando valor ao produto ou serviço;

➢ Mainstream: Chamada carinhosamente como “as prateleiras do mercado”, nessa etapa o assunto atinge boa parte da população. Essa é a fase onde toda e qualquer tendência deseja alcançar. Quando essa etapa é atingida, o assunto deixa de ser uma tendência e se torna algo indispensável, sendo muito utilizado pela grande maioria da população.

Dentro do Mainstream, existem grupos de usuários que são distinguidos conforme o tempo que levam para adotar novas tecnologias, abaixo explico melhor cada um deles.

Curva de Adoção

A aceitação é apenas um de vários passos da trajetória que um produto ou serviço deve percorrer para que atinja as grandes massas.

Essa ferramenta consiste em facilitar a exibição de grupos que são separados com base no tempo em que levam para adotar um produto ou serviço inédito no mercado. Veja o gráfico a seguir:

Gráfico de Curva de Adoção da Tecnologia, criado por Wesley Henrique.

Para entendermos melhor como funciona o gráfico, irei explicar cada informação presente nele.

Entusiastas de Tecnologia — Mercado inicial

O mercado de produtos e serviços é dividido em duas categorias: Mercado inicial e Mercado convencional (mainstream). O que difere um mercado do outro, são os grupos existentes dentro dele.

Se um produto ou serviço atinge as grandes massas, ele conseguiu chegar onde todos os criadores almejam: o mainstream.

Mas, caso isso não aconteça, esse produto ou serviço sucumbirá nas profundezas do Abismo das Startups, como é conhecido o local onde vão parar as ideias que não prosperam.

Agora que já vimos sobre as características do mercado e o que acontece com as ideias que não fazem sucesso, vamos entender melhor os grupos de usuários dentro da curva de adoção.

O mainstream

Inovadores (Innovators): são aquelas pessoas que são capazes de promoverem a mudança através da inovação, iniciando todo esse processo. Cientistas, pesquisadores, donos de startups, entre outros.

Primeiro Adotantes (Early Adopters): Esse grupo é preenchido por pessoas que respiram a tecnologia e que vão atrás de novas mudanças, procurando se manter sempre atualizados e por dentro dos assuntos do mundo tech.

Maioria Inicial (Early Majority): Entrando no mainstream, esse grupo é o primeiro da grande massa de usuários a utilizarem o novo produto ou serviço. Geralmente, são jovens antenados com o mundo da tecnologia.

Maioria Tardia (Late Majority): Pode se considerar um integrante desse grupo, aquele que quase sempre é um dos últimos a saber de alguma novidade tecnológica. Geralmente, são pessoas mais velhas que não costumam utilizar tanta tecnologia como o grupo anterior, mas ainda assim, conhecem um pouco sobre tecnologia.

Retardatários (Laggards): Por fim, nesse grupo fazem parte aqueles que realmente não estão atualizados de nenhuma mudança dentro do cenário tecnológico, e que geralmente tomam conhecimento devido a alguma necessidade. Podem ser pessoas da terceira idade, por exemplo.

O que será do futuro da humanidade?

Muitas vezes, ao pensar no futuro, projetamos em nossa mente uma imagem já escrita ou imaginada por alguém. Mas você já parou para pensar em como seria sua vida daqui a 10, 20, ou até mesmo 30 anos? É algo quase impossível de se imaginar, levando em consideração a evolução constante da tecnologia que provoca alterações no comportamento humano.

É de se pensar que as coisas não serão as mesmas nesse intervalo de tempo, e eu convido você a fazer essa reflexão. Quem sabe utilizar alguma das ferramentas apresentadas anteriormente possa te ajudar a criar um futuro (ou vários, não se limite a apenas um).

Traduzido para o português: Transcender ou Morrer.

Se chegou até aqui, meus agradecimentos, caro leitor. Espero que tenha sido uma leitura proveitosa e estimulante. Afinal, pensar no futuro é algo inevitável!

Para finalizar, deixo uma frase para reflexão sobre os possíveis futuros a partir de hoje e nas possíveis consequências causadas pelas mudanças:

Os problemas que temos em nossas vidas hoje vieram de tecnologias anteriores. E a maioria dos problemas no futuro virão das tecnologias que estamos criando hoje.”

Kevin Kelly — Wired

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Até a proxima!

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