19 entrevistas de emprego em um mês: aprendizados sobre um início de carreira em UX/UI Design
Não é clickbait, caros(as) leitores(as)! Isso realmente aconteceu. Neste artigo, eu conto como foi a minha experiência com todas essas entrevistas. Ao longo do texto também vou incluir uma série de dicas para quem está querendo sua tão sonhada vaga e quer se preparar melhor para futuras oportunidades.
Um disclaimer básico: algumas entrevistas foram de processos seletivos de uma mesma empresa. Mesmo assim, tive momentos com três entrevistas agendadas em um dia e semanas com até seis. As 19 entrevistas mencionadas no título aconteceram de 25 de maio até 25 de junho de 2021. Levando em consideração o período de 2 meses do print acima (27 de abril até 27 de junho) foram 31 entrevistas somadas, sendo umas quatro delas em inglês. Sem mentira, uma hora eu cheguei a decorar minha trajetória profissional de tanto que eu falei sobre. Foi insano! Continua lendo para saber todos os detalhes.
Começando pelo começo: como cheguei até aqui
Conseguir ter agendado essa quantidade de entrevistas não aconteceu do dia para a noite. Teve muita preparação no lance.
Eu estava atuando no meu primeiro emprego como UX/UI Designer (eu conto como consegui a oportunidade aqui nesse artigo) e as coisas estavam, no geral, bem legais. O projeto que eu estava atuando era ótimo, eu tinha um entrosamento maravilhoso com meus colegas designers, minha squad de projeto era bem tranquila de trabalhar e tínhamos uma comunicação boa também. Mas eu tinha algumas pedras no meu sapato. Como em nenhuma empresa há somente flores, ao longo dos meses, fui percebendo algumas coisas.
A primeira: falta de profissionais mais experientes para auxiliar os mais juniores. Eu cheguei na empresa crua, sem nenhuma vivência prática em UX (fora cursos) e fui logo de cara assumindo um projeto de ponta a ponta. Tinha um colega UX mais experiente o qual passou pra mim (e outras pessoas designers que entraram depois) todo seu conhecimento. Mas era mais um apoio técnico ocasional, não estava completamente inserido nos projetos — diferentemente quando se tem um sênior atuando no mesmo projeto, por exemplo. Por conta disso, eu sentia que tinha uma responsabilidade muito grande nas costas. E isso deixava meu dia a dia mais pesado, sabe. Com o tempo fui adquirindo mais conhecimento do cliente e do projeto, e assim, ganhando mais confiança. Isso aconteceu, em parte, por eu ter esse perfil de absorver rápido as coisas e me adaptar.
A segunda: os processos estavam em constante mudança. Vejam, isso por si só não é um problema. Pelo contrário, é até saudável que isso aconteça, afinal, somos da área de tecnologia, um setor que se desenvolve na mudança e evolução das coisas. Só que a empresa estava crescendo muito rápido e os processos estavam fugindo do controle. Eles não estavam crescendo de uma forma escalável e modular. Não existiam pessoas mais maduras e preparadas para segurar a barra e tranquilizar os designers mais novos. E eu, como designer de nível pleno (não era tão crua como os recém-chegados, mas também não era tão experiente ainda), estava desgostosa. Eu precisava estar em um lugar onde as coisas fossem mais sistemáticas e organizadas para poder conduzir minhas demandas.
A terceira: a maturidade do setor de recursos humanos. Começando pelo básico, recursos humanos tem que ser… humano 🤷♀️. Parece óbvio, mas acredite, nem toda empresa tem noção disso. Eu acredito que um setor de RH é muito mais que ser a ponte entre colaboradores(as) e a empresa — e não estou me referindo aqui ao kit de onboarding. Um bom RH ouve as pessoas. Do tipo, de verdade. Inspira confiança e confia nos colaboradores(as). Essas pessoas devem, evidentemente, mostrar que existem regras a serem seguidas, entretanto, não é só isso. Precisam saber o que não está em harmonia e trabalhar para melhorar.
A quarta e última razão: o relacionamento no ambiente de trabalho com minha head de design não era lá muito saudável. Algumas coisas aconteceram comigo, outras com meus colegas. Eu gostava tanto do pessoal que tomava suas dores. Eu ficava bem triste com o descaso em alguns momentos, seja pela forma de tratamento em frente aos demais colegas, seja pela postura e comunicação de decisões que vinham de cima. Algo muito complexo e delicado para eu descrever aqui. De forma geral, esses problemas foram me desmotivando a querer continuar lá.
Então, depois da decisão de querer sair, comecei a me preparar para estar aberta a novas oportunidades. Dei uma revisada boa no que eu chamo de “arsenal de recolocação”: LinkedIn, currículo, portfólio e carta de apresentação. Eu estava, em parte, com aquele medinho na barriga de ter que sair à caça de novo, contudo minha vontade de fazer acontecer era maior.
Arsenal de recolocação
O que vou descrever aqui, vale ressaltar, não foram (só) criações das vozes da minha cabeça 🤯. Como tudo na vida de um designer, a gente sempre trabalha partindo de referências. Quem me acompanha por aqui já sabe. Não fiz somente buscas de designers, mas recrutadores(as) também. Existem profissinais excelentes nas mídias sociais. Essa galera faz posts e mais posts com muitas dicas sobre busca de emprego, posicionamento e muito mais. Se vocês nunca pensaram em seguir esse pessoal, minha gente, estão ficando para trás.
Vamos ao que fiz quando decidi aplicar para vagas em outras empresas depois de atuar no meu primeiro emprego de UX/UI Design:
- Atualização do currículo com essa última experiência colocando as atividades executadas e resultados alcançados. Dica 1: usa a descrição da vaga que você aplicou para a empresa que está, ao descrever as atividades. Dica 2: nos resultados esperados coloca alguma meta do setor de design que tenha atingido, algum processo que tenha melhorado, enfim. Conquistas profissionais no setor ou nos projetos que atuou na empresa.
- Tradução do currículo (e LinkedIn) para o inglês. Dica 1: faça isso se pretende aplicar para vagas no exterior, do contrário não precisa. Dica 2: joga no Google Tradutor o texto em português, copia o que sair em inglês e joga no Grammarly para reescrever de uma forma mais clara, pra não ficar com cara de tradutor. Depois pede pra um(a) amigo(a) que é fluente pra dar uma revisada (e paga um café para a pessoa, ou faz aquele pix maroto). Dica 3: faça a dica 2 se você quiser praticar seu inglês e tem tempo pra isso, se não contrata um profissional e pede pra essa pessoa traduzir.
- Atualização do LinkedIn. Não deixa só o nome do cargo que ocupou, descreva as atividades conforme falei ali acima na descrição do currículo. Tenha a preocupação de colocar também palavras-chave para ranquear seu perfil nas buscas dos recrutadores.
- Atualização do portfólio. O meu tinha uma estrutura muito grande, com bio e cases junto na mesma página. Falo sobre ele aqui. Como tinha atuado em dois projetos e cada um teve diversos entregáveis de design, resolvi incluir os dois. E para não ficar grande, resolvi deixar meu portfólio com uma cara de site mesmo, movendo a bio para uma página única e deixando a home com imagens e links para os cases. Dica 1: usa a plataforma da Deeploy para montar o seu case. Lá tem um passo a passo bem massa! Depois só copia as informações para o seu portfólio pessoal. Dica 2: vai salvando as imagens dos entregáveis conforme termina os projetos para poupar tempo. Se não, depois vai gastar um tempão procurando os seus arquivos, salvando e editando as imagens.
- Tradução do portfólio para o inglês. Gente, isso deu um trabalhão danado. Traduzi toda minha bio e o case de estudo que eu tinha. Os dois cases que acrescentei depois já fiz direto em inglês para facilitar.
- Criação de um template para a carta de apresentação. Isso é um nome chique para aquela introdução que você coloca nos e-mails quando vai se candidatar para alguma vaga. Isso é legal para não ficar um e-mail seco e comum. A forma como você escreve esse pequeno texto diz muito sobre seu profissionalismo, além de ser a porta de entrada para o recrutador abrir (e passar mais tempo analisando) seu currículo e portfólio.
Como consegui (muitas) entrevistas
Pois é galera, fiz toda essa mão pra poder estar disponível para outras empresas. Vou dizer que, quando atualizei meu LinkedIn e coloquei o status de #opentowork, os recrutadores começaram a me chamar via mensagem. Sem eu precisar fazer mais nada. Acredite: se você fizer certinho vai começar a aparecer mensagens no seu LinkedIn também 😎.
Agora, antes de sair metralhando por aí, anota num caderninho digital (ou não) algumas coisas que vou enumerar. Esses itens serão essenciais para filtrar suas buscas e para escolher caso mais de uma empresa queira você. Sim, se você arrasar nas entrevistas vai ter que recusar algumas ofertas de trabalho.
Para vocês terem uma ideia, eu recusei umas 4 (quatro) oportunidades em que a vaga já era minha porque não estavam de acordo com meus objetivos de carreira. Recusei várias pelo inbox do LinkedIn, antes mesmo de fazer a primeira entrevista, e outras após a primeira entrevista pelo mesmo motivo. E digo mais: com o tempo e a prática você vai aprender a ler os recrutadores, a fazer as perguntas certas e a não cair em cilada!
- Qual tipo de empresa quer trabalhar? Startup? Empresa média, grande, multinacional? Vou ajudar você com uma visão do que, pra mim, representa cada um desses perfis.
// Em startup, principalmente pequena, você vai fazer de tudo um pouco e os processos estarão sempre mudando. Portanto, escolha essa opção se quer colocar a mão na massa e se tem perfil adaptável a mudanças. E/ou se você curte sugerir melhorias no seu ambiente de trabalho.
// Empresa média ou grande. Se você quer aprender sobre processos de design e quer atuar em um time mais maduro e estruturado. Onde, possivelmente, você terá mais suporte nos projetos que atuar.
// Empresas muito grandes e multinacionais. Vão te colocar no mapa. Escolha essa opção se deseja trabalhar no exterior. Tenha em mente que, geralmente, nas empresas desse porte as coisas são mais demoradas no que diz respeito à burocracia e papelada de coisas administrativas. E, em grande parte dos casos, elas escolhem profissionais mais experientes, mesmo para cargos com níveis mais baixos. - Qual modelo de negócio quer atuar? Em empresas que são o próprio produto (tipo Nubank)? Ou empresas de consultoria (que atuam para vários clientes e produtos diferentes)?
// Nas empresas com o próprio produto, você vai trabalhar iterando (melhorando) a mesma coisa ou, talvez, ajudar na implantação de novas funcionalidades. Se você quer pegar experiência em um único segmento de mercado é um ponto a favor.
// Já nas empresas de consultoria, você vai ter mais chance de pegar um produto do início e, também, atuar em segmentos diferentes a cada novo projeto (se rolar essa sorte para você). - Qual é o seu objetivo de carreira?
// Se você é iniciante na área: essa pergunta vai ser elucidada mais pra frente, depois de ter atuado em mais de um projeto com um ciclo completo de design. Eu sugiro você viver todas as etapas para depois pensar em quais se identifica mais. Mesmo com uma experiência anterior (vinda de outras áreas), que tenha lhe proporcionando mais embasamento visual, pode ser que você goste muito da parte de pesquisa, por exemplo. No meu caso, tenho experiência de carreira com design gráfico e fiz faculdade de publicidade e propaganda (que me deu noções de pesquisa e planejamento). Atuando na área de UX, vi que gosto da parte estratégica de negócio, de conversar com stakeholders e organizar informações de forma hierárquica. A parte visual foi a que menos me atraiu, embora eu consiga executar plenamente. Essas percepções você só vai ter depois que atuar em mais de um projeto, na prática.
// Se você é mais experiente: seus objetivos de carreira podem ir por dois caminhos. Para o lado especialista, dentro da atuação que escolheu, onde você vai colocar a mão na massa e ser referência na empresa dentro dessa área. Ou para o lado de pessoas, onde você vai liderar a galera e dar suporte técnico-emocional. Basicamente, vai viver em reuniões, mas não vai precisar atuar no dia a dia dos projetos nem fazer entregas de design (se a empresa tiver um setor de design mais maduro, diga-se de passagem). Contudo, vão cobrar você pelos resultados do time. - Qual é seu storytelling profissional? Esse ponto é importantíssimo. Você deve ter um textinho pronto (e na ponta da língua) sobre sua trajetória profissional. Pode ser do começo até o momento atual ou o contrário, do cargo mais atual para o início da sua carreira. Tenho várias dicas pra formatar essa parte, mas isso vai ter que ficar pra um próximo artigo (sorry). Uma dica essencial que posso deixar agora é: você pode adaptar esse texto conforme a vaga que se candidatar (se ela for muito boa), dando ênfase a pontos específicos do seu discurso pra impressionar os entrevistadores e para estar alinhado com a cultura da empresa.
- Qual é o storytelling do seu melhor case de portfólio? Pois é, você deve saber como apresentar o seu principal case. Nem toda empresa irá solicitar isso, mas por via das dúvidas, já deixa tudo preparado. Vale ter um apoio visual (vulgo apresentação) à mão ou ir mostrando o portfólio conforme for explicando as etapas do projeto. Dica master: escolha um case onde tenha enfrentado um desafio profissional. Alguma treta que deu e você conseguiu resolver usando algum processo e/ou decisão sua de design. Isso vai impressionar (muito) os recrutadores(as).
- Quanto você quer ganhar? E em qual regime quer trabalhar? PJ ou CLT? Tenha uma faixa salarial pra negociar dentro de cada uma das modalidades, caso não tenha preferência por uma ou outra. E, por favor, faça as contas certinho, do contrário você vai perder muita grana.
Tendo esses itens aí acima frescos na sua cabeça e organizados você vai ver como vai ficar mais fácil: fazer pesquisas por vagas, passar para próximas fases dos processos seletivos e tomar decisões sobre ofertas de trabalho. Você vai ter que escrever e refletir muito, mas tudo vai fluir na direção que você quer. Confia.
Com todo esse arsenal preparado (e já recebendo invites de recrutadores) fui lá no LinkedIn salvar nas minhas preferências de vagas para receber notificações. Depois fui no braço, me candidatando às vagas que me interessavam. Usei outros recursos extra LinkedIn que, por ser uma pessoa maravilhosa (risos), vou deixar aqui de bandeja.
Glassdoor. A plataforma fornece mais que consulta de empresas e salários. Vale a pena você preencher seu perfil, igual ao LinkedIn, para ter acesso a vagas mais assertivas de acordo com seu perfil. E, claro, antes de aceitar uma oferta de trabalho, pode ir lá ver a média salarial e avaliação das pessoas que trabalham/trabalharam na empresa em questão. Inclusive, você pode pesquisar na plataforma pela média salarial do cargo e região onde quer atuar, caso a empresa seja muito pequena e tenha poucos salários cadastrados. Vou dar um exemplo: uma pessoa UX/UI Designer plena de Porto Alegre e região tem uma média salarial muito diferente do mesmo cargo na região de São Paulo, por exemplo. Leve esses fatores em consideração ao fazer sua proposta salarial. Assim, vai ficar mais fácil da empresa dizer sim a sua proposta (ou de você se interessar pela vaga).
Revelo. Você capricha na sua bio, conecta ao seu LinkedIn e só espera. Empresas bem legais e renomadas entram em contato com você por mensagem e agendam as entrevistas. Eles também dão feedbacks de processo por lá. Como o contato é todo feito pela plataforma, você pode dar uma cutucadinha caso eles demorem muito a responder.
Deeploy. Já falei da plataforma aqui nesse artigo para estruturar case de portfólio, no entanto, se você já é nível pleno pode fazer seu cadastro real oficial. Eles têm vagas selecionadas, e muito boas, com excelentes salários e benefícios. Conheci a empresa quando uma de suas recrutadoras me achou no LinkedIn. Ela enviou uma vaga para ver meu interesse e marcamos uma entrevista a qual soube detalhes da vaga e também falei sobre meu perfil e objetivos profissionais. A empresa atua como consultoria fazendo a ponte dos candidatos com as empresas de uma forma mais selecionada. Se eles gostam do seu perfil, eles mantêm contato com você e começam a enviar várias oportunidades. Olha que lindo! Eles selecionam os candidatos passando somente os perfis mais assertivos para as empresas. Para cada vaga eles enviam de 3 a 4 perfis para as empresas escolherem. Ou seja, se a empresa solicita uma entrevista com você, a vaga é quase garantida! Basta vender bem seu peixe.
E só, gente. Não precisa se cadastrar em outros sites comuns, como InfoJobs, Vagas.com.br… Esses sites não oferecem um suporte humano como essas duas últimas que falei acima. Nem perde seu tempo!
O que aprendi com todas essas entrevistas
Falar com toda essa gente me deu muitos insights e uma experiência gigantesca. Eu vou contar tudo aqui para vocês. Senta que tem bolo (se preparem) 😄.
- Eu adquiri, com a prática, muita confiança. Se você se conhece bem, sabe o que falar para os recrutadores(as). E quanto mais você fala, mais decora. E mais fácil fica da próxima vez. Se você não tem muitas entrevistas, tenta praticar sua trajetória e seu case com amigos e pessoas próximas. Vai praticando até decorar. Sério. Isso vai te dar bastante confiança e os recrutadores verão isso em você. Autoconfiança é tudo!
- Startups pequenas e médias estão querendo UX e UI Designers nem tão experientes, mas nem tão juniores. Eles querem pessoas que sabem aplicar as técnicas e metodologias de design e dar conta das demandas. Então, foca no operacional!
- Empresas veem o quesito experiência de formas diferentes. O que pode acontecer é: você em uma startup se considerar pleno, mas em uma multinacional você ser visto como júnior, por exemplo. Por isso, fique atento a política de hierarquia da empresa que quer trabalhar e a descrição da vaga. Em muitas situações o título da vaga não condiz com as atividades que pedem. Muitas empresas não sabem nem usar os termos corretamente (e, convenhamos, sempre surge algum novo).
- Inglês é um mal necessário. Sinto informar. Mesmo você não tendo como objetivo vagas no exterior, muitas empresas valorizam a proficiência no idioma. Essa skill vai abrir portas para oportunidades melhores.
- Gostou de uma empresa e eles chamaram você para a entrevista? Salva a descrição da vaga. Isso vai ajudar muito nas etapas do processo seletivo. E, se você sentir que vale a pena o investimento, adapta seu discurso para o universo da empresa. Desenvolva sua fala pensando em um alinhamento de valores com o que a empresa é, bem como suas skills com o que a vaga pede. Usa os mesmos termos que a empresa usa. Confere o site institucional da empresa para entender onde e como eles atuam no mercado. Isso é dever de casa.
- Muita empresa não vai dar feedback. Eu sei, isso é uma m*rda, com o perdão da palavra. Sei que a gente quer saber por que não nos escolheram, que isso pode nos ajudar a melhorar, mas as pessoas não se importam e não tem tempo. Se tiver algum canal aberto, peça um retorno. Não espera sentado(a). Mas se ganhar um shade, ou não tiver como pedir um feedback, segue a vida. Se você seguir todas as dicas que estou falando aqui, vai ter tanta oportunidade que nem vai dar bola pra essa galera sem coração.
- Não tenha medo de perguntar qual é a faixa salarial que a empresa está disposta a pagar antes de falar a sua pretensão. O máximo que eles vão dizer é que não podem abrir ainda. Todavia, pensa se quer trabalhar em um lugar que não oferece transparência nesse sentido. Pode ser um indício de disparidade salarial entre colaboradores, então fica ligado(a).
- Algumas empresas podem moldar a pretensão salarial de acordo com seu nível (que eles conferem observando seu discurso). Nem sempre as vagas são para um nível específico. Tenta pescar isso nas conversas e ser honesto(a) quanto as suas habilidades, mesmo que isso signifique você ser eliminado(a) por eles terem achado alguém com uma senioridade maior que você.
- Por outro lado, a empresa pode te selecionar mesmo tendo uma experiência menor. Daqui a pouco você tem uma vivência de segmento de mercado que outro candidato não tem. Ou ainda, você pode ter um fit cultural e de valores com a empresa que outro candidato não teria, pela a empresa considerar esses fatores mais importantes. Tudo depende.
- Muitas empresas usam a Gupy pra seleção e você vai receber zilhões de negativas por lá (que chegarão no seu e-mail). Elas terão mais ou menos esse texto:
“Agradecemos seu engajamento e participação no processo seletivo para (insira o título da vaga aqui). Informamos que, neste momento, você não foi selecionado para esta oportunidade. No entanto, seu currículo segue ativo em nosso banco de talentos e será avaliado futuramente para novas vagas alinhadas ao seu perfil.”
- Spoiler 1: você nunca é chamado(a) para esse banco de talentos aí. Spoiler 2: Você não tem como responder o e-mail perguntando por que não foi selecionado(a). Nem pela plataforma dá para fazer isso. Game over.
- As pessoas recrutadoras vão ser sempre solícitas, simpáticas, amigáveis… porque esse é o trabalho delas. No final, escolherão o melhor candidato de acordo com os critérios da empresa contratante. Não se iluda.
- Tenha uma postura investigativa. Afinal, não é só a empresa que precisa avaliar se você é o melhor candidato, você também precisa avaliar se a empresa é a melhor para você trabalhar. Pensa nos seus objetivos de carreira e faça as perguntas que irão te ajudar a obter as respostas que precisa.
- Para finalizar, o mercado tem espaço para todo mundo. Basta estar presente, ser paciente e atento(a). Aproveite a quantidade de cursos que você provavelmente deve estar fazendo e exercite seu networking. Mostre para as pessoas quem você é. Troque ideias. Entre nos grupos da comunidade de UX. Mais cedo ou mais tarde a oportunidade que está buscando vai aparecer. Lembra: tenha confiança no seu taco!
Afinal, para onde eu decidi ir?
Eu falei com muitas empresas e estava com umas três oportunidades na manga. Tive que recusar as oportunidades que estavam solicitando um retorno rápido porque não conseguia me decidir. Eram muito parecidas, no estilo de perfil de empresa (startups com um time pouco estruturado, mas muita oportunidade de crescimento). Ainda não eram o que eu almejava pensando em carreira, embora oferecessem um ambiente de trabalho e pagamento melhores.
A empresa que escolhi, assim como a atual, era em regime PJ, só que quase duplicou meu salário. E eu pude vivenciar na prática a metodologia ágil em um time de desenvolvimento. A empresa era uma startup de eficiência energética e eu trabalhei na iteração de um sistema para controle de processos de cervejarias. Cheguei a fazer, inclusive, algumas visitas nas fábricas. Foi uma experiência incrível. Estou escrevendo no passado porque já saí de lá. Mas, já? Sim 🙈. Depois de dois meses e meio pintou outra oportunidade mais ao encontro do meu objetivo de carreira. E eu simplesmente fui. Que empresa foi essa? O que aconteceu? Isso já é assunto para os próximos capítulos. Novelinha de UX, nos vemos por aqui.
Se você leu tudo, tudinho, meus parabéns pela paciência. Aproveita e dá um clap camarada 😂. E se está com curiosidade sobre o que vem por aí, assina minha newsletter.
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