Da arquitetura para a área de UX Design com Natália Fragalle

Laís Lara Vacco
VagasUX
Published in
7 min readJan 28, 2020

Depois de eu ter migrado para a área de UX Design e compartilhado essa trajetória, recebi mensagens de pessoas dizendo que estavam passando pelo mesmo processo e que ela serviu de inspiração.

Sabendo que existem diversas formas de entrar nesta área e muitas outras histórias de sucesso, resolvi coletá-las e compartilhá-las aqui.

O objetivo é inspirar e ajudar mais pessoas a descobrirem diferentes alternativas para entrar na área de UX Design.

💬 Entrevistada

Nome: Natalia Pauletto Fragalle | LinkedIn
Formação: Arquitetura e Urbanismo
Em qual área atuava: Pesquisa acadêmica em Arquitetura e Urbanismo por 4 anos.

💡 Qual foi o seu principal motivador para mudar de área?

Finalizei meu mestrado em Arquitetura e Urbanismo em 2019 e estava muito desanimada com o cenário e as perspectivas de atuação na carreira acadêmica.

Fui aprovada em dois doutorados em Londres e não pude cursar por conta da falta de oportunidades de bolsa, tanto aqui no Brasil, quanto no Reino Unido, que também vem passando por uma redução nas oportunidades de financiamento de pesquisa. Além disso, sentia falta de exercer uma atividade mais prática, na qual eu visse os resultados do meu trabalho se concretizarem e realmente ajudarem as pessoas.

Gostei muito da minha pesquisa de mestrado — que tratava das transformações urbanas ligadas ao discurso de cidade criativa e à vinda das Olimpíadas de 2012 em Londres — e a considero muito importante. Porém, por conta do cenário atual, não havia muitas oportunidades de financiamento para levar meu trabalho a congressos e demais eventos científicos e fiquei com a sensação de que desenvolvi algo que não atingiria ninguém. No mais, buscando oportunidades para atuar como docente, percebi que as oportunidades na região onde vivo (São Carlos, interior de SP) são muito escassas e muito concorridas e, por conta disso, a remuneração é muito baixa.

Sempre gostei de design e também de estudar, pesquisar e trabalhar com pessoas, por isso comecei a procurar outras oportunidades de carreira que envolvessem meus interesses. O primeiro contato com UX Design veio através do meu companheiro Wesley Tiozzo, que atua na área de Ciência da Computação e conhecia um pouco sobre esse universo. Comecei a pesquisar sobre o que era UX design e percebi que era algo que envolvia todos os meus interesses: possibilidade de atuar na área de tecnologia, multidisciplinaridade, design e, finalmente a possibilidade de melhorar a vida das pessoas e continuar pesquisando e aprendendo todos os dias.

📚 Como você descreveria sua jornada de estudos e práticas até o seu primeiro emprego em UX Design?

Eu não fazia ideia de como começar a trilhar esse caminho! Na internet havia muita informação — artigos, canais do youtube, vídeos, cursos online e cursos presenciais caríssimos — mas eu não sabia o que priorizar ou o quanto valeria a pena investir em um primeiro momento. Entretanto, logo descobri que a comunidade de UX designers é super aberta e disposta a compartilhar informações e ajudar as pessoas que estão começando.

Tive a oportunidade de conversar com três colegas designers — a Jaqueline Martins, o Paulo Ricardo e o Luiz Arthur Nascimento — que haviam migrado para essa área recentemente e me passaram uma porção de dicas!

Uma das primeiras coisas que eu fiz foi criar uma canal no Medium para começar a escrever artigos sobre as minhas experiências com UX design, sendo o primeiro deles um texto que falava em detalhes sobre os motivos que levaram à minha migração de área.

Também organizei meu Linkedin e passei a seguir e adicionar vários profissionais e empresas ligadas à área de UX da minha cidade, do Brasil e do mundo.

Além disso, passei a acompanhar canais do youtube como:

Por recomendação dos meus colegas, comecei a ler os seguintes livros:

  • A Startup Enxuta (Eric Ries)
  • Sprint (Jake Knapp, John Zeratsky e Braden Kowitz)

E, finalmente, comecei o curso online UX/UI: Fundamentos para o design de interface”, oferecido pela USP em parceria com a empresa Taqtile pela plataforma Coursera.

Entretanto, ainda sentia falta de colocar a mão na massa e logo apareceu uma ótima oportunidade com o workshop “Design Sprint: da ideia à construção do produto”, realizado pelo time do ONOVOLAB, centro de inovação localizado em São Carlos (também escrevi um artigo sobre essa experiência).

Turma de participantes do workshop Design Sprint: da ideia à construção do produto.

Logo em seguida conheci a Mergo, escola especializada em cursos de UX localizada em São Paulo e me matriculei no “UX Weekend”, curso de dois dias de duração que tem como objetivo passar os principais fundamentos através da construção de um aplicativo de forma colaborativa.

Também escrevi um artigo sobre esse curso e os resultados do trabalho e recomendo muito!

Apresentação no curso UX Weekend

No mesmo fim de semana, recebi uma mensagem da recrutadora do ONOVOLAB pelo Linkedin, perguntando se eu havia interesse em uma vaga aberta para UX Researcher.

Natália com o time de projetos ONOVOLAB

Apesar da insegurança, aceitei o desafio de participar do processo seletivo, que envolveu entrevistas com o time com o qual eu iria trabalhar, com os C-levels e um teste prático, que consistiu na elaboração de uma pesquisa em torno de um problema dado: as pessoas não conseguem guardar dinheiro (também escrevi um artigo sobre ele no Medium).

Ao longo do processo seletivo fiz mais um curso na Mergo (UI + Mobile, voltado inteiramente para a criação de interfaces) e no início de agosto de 2016 descobri que havia sido aprovada.

Durante todo esse tempo (cerca de três meses), trabalhei como professora de inglês, algo que eu vinha fazendo desde a graduação e só parei quando comecei a trabalhar no ONOVOLAB.

💪 O que você achou mais desafiador nessa jornada e como fez para superar?

Desde o início, eu senti muito medo de começar tudo “do zero” aos 29 anos e também de “jogar fora” a carreira acadêmica que construí ao longo dos últimos 10 anos. Porém, contei com o suporte dos amigos e colegas que citei anteriormente e que me fizeram perceber que eu não estaria “abandonando” conhecimentos adquiridos e nem “começando tudo de novo”.

Entendi que os processos que estudei e dos quais participei ao longo desses últimos 10 anos não podem deixar de ser vistos como processos de design, e a minha postura para encará-los também foi uma postura de designer, voltada à resolução de problemas de forma eficiente, levando em conta às condições, recursos e pessoas envolvidas.

A minha formação em arquitetura, urbanismo e pesquisa me forneceu habilidades e ferramentas preciosas para atuar como UX designer e nada do que eu aprendi até agora será “perdido”.

☂️ Há quanto tempo você está trabalhando na área de UX?

Trabalho como UX Researcher no ONOVOLAB desde setembro de 2019.

📝 Como descreveria suas responsabilidades e atividades na empresa em que começou a trabalhar?

Faço parte do time de projetos da empresa, que presta serviços de inovação a uma série de clientes, que incluem Electrolux, Ambev e Jundu Mineradora.

Meu trabalho como UX Researcher abrange realizar pesquisa para entender o negócio dos clientes, elaboração de roteiro de testes de usabilidade, condução dos testes e análise e consolidação dos resultados. Porém, além disso, como somos um time enxuto, também atuo como facilitadora de workshops de resolução de problemas, como a Design Sprint e às vezes como UI designer na construção de protótipos e produtos mínimos viáveis.

Atualmente, tenho me dedicado a trazer as ferramentas de design para a gestão interna da empresa, trabalhando com a otimização de processos e resolução de desafios.

🌆 Como foram os seus primeiros dias de trabalho e como foi o apoio das pessoas da empresa, sabendo que era seu primeiro trabalho na área?

Na minha primeira semana de trabalho já tive a oportunidade de auxiliar como facilitadora em uma Design Sprint, na qual aprendi muito! Fui super bem recebida pelo time e todos sempre tiveram muita dedicação em me ensinar aquilo que não sabia. Por outro lado, nunca me consideraram como uma pessoa inexperiente e eu sempre tive muita autonomia para fazer o meu trabalho e dar minhas opiniões. Com isso, aprendi muito em muito pouco tempo.

Natália na facilitação de Design Sprint na Cervejaria Ambev Rio de Janeiro

🔥 Que dica você daria para as pessoas que estão em processo de migração para a área de UX Design?

Não sinta medo de começar algo novo, por mais assustador que isso possa ser. Nada do que você fez ou aprendeu até aqui será perdido! Conte com a ajuda da comunidade de design da sua cidade e também pela internet. Todos estão muito dispostos a ajudar, trocar experiências e discutir temas de interesse. Também me coloco à disposição para conversar com todos que tiverem interesse em conhecer mais sobre essa área e as suas oportunidades!

Obrigada por ler!

Se gostou da entrevista deixe seus 👏. Compartilhe nas suas redes se achar que essa história poderia inspirar mais pessoas.

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