Design de Produto em 2024: tá difícil, será que vale a pena?
“Ninguém me chama pra entrevista, tem pouca vaga, requisitos muito altos, nunca respondem”.
O mercado de UX Design em 2024 se encontra em um momento de transição. Estratégia é o mantra para todos.
Antes, algumas definições:
- Trabalho: prestação de serviço, o dia a dia.
- Emprego: a ocupação, o fazer dinheiro.
- Carreira: vida profissional, longo prazo.
- Profissão: o ofício, as habilidades.
Não falarei sobre: IA, definição de senioridade e diferença entre UX e Product Designer.
Mercado
A euforia da pandemia, com a explosão de vagas e alta demanda por profissionais, deu lugar a uma realidade mais complexa e competitiva. Eu não escrevo esse artigo com o intuito de alarmar no sentido de “absolutamente não migre”, mas alertando que esse processo deve ser consciente e bem calculado. E se você já migrou, serve igual.
Digitalização, startups, investimentos: um movimento que ocorria há alguns anos e que teve seu pico durante a pandemia, testemunhamos uma expansão sem precedentes no setor de tecnologia. Empresas de todos os tamanhos clamaram por especialistas para impulsionar o crescimento e a inovação. Os times cresceram, os projetos se multiplicaram, e a demanda por talentos em UX parecia insaciável. A régua era mais baixa, às vezes um bootcamp era suficiente para ser contratado.
Mas nenhuma festa dura para sempre, nem mesmo uma internacional. Com o fim da pandemia e a retomada da normalidade, o cenário econômico mundial mudou. As empresas já haviam digitalizado seus produtos e serviços, não precisavam mais de tantas pessoas e a demanda se estabilizou. Ficou mais difícil obter investimentos e a soma de todos esses fatores resultou em demissões em massa e na queda dos salários.
Nós vimos um movimento de crescimento e expansão alto, depois de corte e muitas baixas em vagas. Um o contrário do outro. As coisas vão acalmar e estabilizar? Sim. É de uma hora pra outra? Não. UX não é mais a galinha dos ovos de ouro “faça um curso de 3 meses e saia ganhando 5 mil reais”. (In)felizmente também por causa desse tipo de anúncio, a oferta de pessoas continuou subindo. Não adianta mais fazer 1 bootcamp e achar que vai migrar. Não adianta fazer um curso só, uma prática só.
As empresas contratam mais estrategicamente, não se pode mais assumir riscos da mesma forma então buscam mais eficiência e assertividade. Ao invés de montar uma grande equipe com vários especialistas (research, writing, arquiteto de informação, UI, etc), agora se busca uma equipe menor com profissionais mais generalistas. Não tem mais 85 mil vagas de junior e 32 mil de especialista (números fictícios, ok?). E quem sai de algum lugar, talvez pode brigar por vagas com pessoas de um nível abaixo. Ex.: um pleno pode aceitar ser junior porque não consegue voltar para o mercado como pleno. A competição está mais acirrada. Nós precisamos ser mais estratégicos em relação à carreira.
Tem meia dúzia de vagas de Product Designer e precisa ser muito bom. É difícil hoje quem se mantenha só porque se vendeu bem na entrevista. Ou entrega ou roda. É necessário ser mais completo, entender de mais coisas, ser mais profundo. Precisa estudar, praticar e entregar valor de verdade.
Indivíduo
É realmente doloroso quando estamos procurando um emprego e nada emplaca. Mas também é uma boa prática parar e analisar se é esse mesmo o caminho que você quer para o futuro.
E eu não quero desencorajar ninguém, mas sim convidar a refletir por 2 minutos. Principalmente para quem veio para a área por uma promessa de ““salário alto””, que acontece com muitos anúncios. Vale a pena ficar dando murro em ponta de faca dessa forma apenas por isso?
Não tem problema fazer por dinheiro, porque todo mundo precisa comer, e não é uma premissa ter amor pelo que faz. Mas se tirarem uma parte do dinheiro da cena, você ainda faria o que faz hoje? Não é para trabalhar de graça eternamente, mas ajudaria e ensinaria outras pessoas? Fazer voluntariado não só por praticar, mas por ajudar mesmo?
Aqui são perguntas que eu mesma já me fiz: É essa a área que eu quero? Eu sou apaixonada por design? Por problema? Por pessoas? Estou disposta a aceitar uma vaga mais ou menos pra aprender, aplicar o que sei, resolver BO (e isso não é permissão pra empresa abrir vaga “esquisita”)? Qual é a minha vocação? Qual é o meu propósito? O que é design para mim? Qual a função do design para o mundo na minha opinião?
Se te perguntarem “Você já teve dúvida se design é pra você?”, o que você diria? (e essa pergunta é retórica). A questão não é ter dúvida, porque muita gente tem, e é normal, mas se você está disposto a enfrentar tudo o que vem com “será que esse é o meu caminho?”.
Não desista: Ainda tem bolo
- O mercado de UX não acabou, mas está mais exigente. Enquanto houver produto digital, haverá demanda por designer de produto digital.
- Flexibilidade e resiliência: A gente só precisa de 1 sim, mas até lá tem muito não.
- Estude. Um pouco de tudo. Design além do UX, história, negócios, comportamento, pessoas, ciência. Nunca pare de estudar.
- Procure “pessoas referência”: quem está fazendo o que você quer fazer em alto nível?
- Pensar um pouco menos em trabalho e um pouco mais em carreira (sem deixar de pensar em emprego).
- Se você decidir que o caminho é esse, entenda que não vai ser fácil, mas é satisfatório. Quando escolher, trabalhe para ser ótimo. E o salário também é bom.
Referências e outros links:
Panorama VagasUX — Cenário da Pessoa Iniciante em UX — 2023
2024 Tech Layoffs: Designers, I have some good news
Predictions for product & UX designers in 2024
Why it seems like the sky is falling for digital design
What Spotify’s latest layoff means for a career in UX Research
The future of junior designer’s role
My biggest Regret- starting a UI/UX career in 2023
2024 Tech Layoff : A Designer’s Self-Rescue Amidst the Layoff Wave
Why 2024 sucks for junior UX designers?
“It is NOT easy getting a design job anymore.” -
no X/Twitter“The days of the larger design teams *may* be at risk of fading away for a bit.” —
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