Você, homem, é um sujeito fabricado

Vale.jo
Vale.jo
Published in
14 min readSep 6, 2021

O papel dos homens no patriarcado traz consequências negativas para eles?

Arte: Magui

Se eu te falar “imagine um homem”, o que lhe vem à cabeça? Qual é a personalidade desse homem?

Há grandes chances de você ter pensado em um homem branco, alto, forte e confiante. Com muitas das características que nos são ensinadas desde a infância como inerentes a eles.

E se eu te disser que esse homem foi fabricado e serve a um propósito?

Um pulinho no passado…

No século XVIII, prevalecia a teoria do sexo único. Havia apenas um sexo: o masculino. A mulher era considerada um homem invertido: incompleto e menos desenvolvido.

O foco recaía sobre a anatomia corporal. Como apontado por Thomas Laqueur, no livro Inventando o Sexo, a ciência da época categorizavam os órgãos sexuais femininos como iguais aos homens, mas voltados para dentro — alguns deles seriam “atrofiados.

Por isso, as mulheres eram consideradas “naturalmente” inferiores e imperfeitas.

O século XIX, com a Era Vitoriana, deu lugar ao modelo dualista e aos principais ideais de masculinidade que conhecemos hoje. Ocorreu a passagem da perspectiva biologizante anterior para uma perspectiva sócio-política. A mulher não é vista mais como o inverso do homem, mas como o seu complemento, o seu oposto.

Surgiram normas sociais de gênero a serem seguidas rigidamente e a necessidade de afirmação constante dos papéis sociais, além de um medo de ser tachado como uma identidade inferior.

Ser homem passou a significar não ser mulher e não ser homossexual, esse que subvertia a “natureza” e incorporava códigos, supostamente, femininos.

Os tipos de vestimentas, a forma de andar e falar, a personalidade atribuída a cada um dos sexos foi influenciada por esse modelo que dava aos homens o status heroico e provedor.

Na mesma época, se estabelece a famosa família nuclear burguesa (com a mãe pertencente ao espaço privado, cuidando da casa e dos filhos, e o pai pertencente ao espaço público, político e do trabalho) e a imagem do homem colonizador.

A fragilidade é um dos maiores pecados possíveis de serem cometidos por um homem, essa característica pertence somente ao domínio da mulher.

O medo de ser visto como mulher ou homossexual faz nascer o mito da virilidade, isto é, a necessidade constante de provar sua força física e emocional.

É o que o psicólogo e pesquisador Sergio Gomes da Silva chama de “primeira crise da identidade masculina”, em seu artigo Masculinidade na história: a construção cultural da diferença entre os sexos.

Pasmem: a cultura ocidental não é a única no mundo

Nem toda cultura atribui os mesmos valores de comportamento ao masculino e ao feminino, eles não são inatos.

A antropóloga Margaret Mead, em seu livro Sexo e Temperamento, estuda as organizações culturais de povos da ilha de Nova Guiné e traz reflexões sobre outros modos de ser “mulher” ou “homem” no mundo.

Os Arapesh atribuíam a pintura corporal em cores apenas aos homens, por exemplo. Um contraste com as cores sóbrias das vestimentas dos homens vitorianos e que ainda vemos ser difundidas hoje como próprias da masculinidade.

No que se refere à personalidade, ambos os sexos foram caracterizados como gentis, não-agressivos e ligados à coletividade. O cuidado com as crianças era de responsabilidade de todos.

No povo Mundugumor, por outro lado, ambos os sexos possuíam características mais violentas, inclusive entre casais. A pesca era vista como uma atividade feminina, diferente de nossos conceitos ocidentais que, automaticamente, relacionam a caça — em todas as suas formas — aos homens.

Cuidado: frágil

Você já deve ter se deparado com os termos “masculinidade tóxica” e “masculinidade frágil” em algum momento pela internet. Mas sabe o que esses termos significam de verdade?

Dizemos que a masculinidade é tóxica porque ela afeta negativamente a própria subjetividade e a das pessoas ao redor. Pense nas características que associamos aos homens: o foco na agilidade, resolução de problemas, força, violência e confiança extrema.

Os únicos sentimentos que os homens reconhecem e nomeiam são a alegria e a raiva, a complexidade acaba aqui. A tristeza, a saudade, a angústia, o medo… todos são inaceitáveis para a performance de masculinidade estereotipada e inatingível.

A incapacidade de lidar com as próprias emoções de maneira saudável tem consequências não só para os homens como grupo, mas para toda a sociedade.

Essa busca incansável para conquistar e manter a sensação de poder que lhe foi “prometida” se desdobra na agressividade com as mulheres, com a população LGBTQIA+ e com todos os corpos que não se adequam a essas regras inventadas.

Toda masculinidade é tóxica porque o próprio conceito de “masculinidade” é em si problemático e a adição do “tóxica” é apenas um pleonasmo.

Para uma masculinidade “saudável” é preciso destruir o próprio conceito de masculinidade e criar “outra coisa”. Mudar o que significa ser um homem, os símbolos relacionados a isso.

Dizemos que a masculinidade é frágil porque qualquer coisa significa uma ameaça. Por que o mercado oferece sabonete, desodorante, perfume, shampoo especificando “para homens” no rótulo?

O ego dos homens não se sente tão abalado quando usam produtos e frequentam lugares criados por eles e para eles.

Em uma contradição interessante, os homens existem em uma sociedade homoafetiva. Homens idolatram e têm como referência outros homens (amigos, familiares, professores, cantores, atores, esportistas, políticos…).

Há uma tentativa desesperada de reforçar comportamentos como ferramentas de autoafirmação. Fingir ser quem não é, gostar de coisas que não gosta para se encaixar em um padrão esperado; onde ser mais ou menos “homem” caminha de mãos dadas com ser superior ou inferior.

A atual crise da masculinidade deixa ainda mais evidente o uso de extrema agressividade e a aversão à diversidade como mecanismos de proteção dessa “essência masculina” e do que é visto como virilidade.

A ascensão dos movimentos masculinistas, o surgimento dos coachs de masculinidade, os cursos de “resgate sua energia masculina” e “aprenda a ser mais macho” são bons exemplos dessa defesa conservadora da tradição.

Não basta só nos perguntarmos “por que o homem não quer mudar?”, mas passarmos a refletir o que significa mudar. Essa mudança não pode se dar apenas no nível superficial da estética. Precisamos questionar comportamentos, silenciamentos, repetição de padrões e o motivo de eles existirem dessa maneira.

O tal do sujeito universal

A palavra gênero está tão presente no nosso dia a dia, mas muitas pessoas ainda não pararam para refletir sobre ela ou a relacionam apenas às mulheres e aos movimentos sociais, como movimento feminista e LGBTQIA+.

Gênero é, antes de tudo, uma relação social. E como qualquer relação social está localizada histórica e geograficamente, como comentamos. A construção do gênero constitui o que entendemos por homem e mulher (seguindo a divisão binária que ainda pauta nossa sociedade).

Isso quer dizer que — preparem-se para o choque — homens também têm gênero!

O motivo de não internalizarmos essa ideia como deveríamos deriva de uma coisinha que surgiu na Europa e se espalhou como o fogo para os países junto ao colonialismo: o sujeito universal.

Arte: Magui

Nosso subconsciente foi treinado para enxergar homens cis brancos heterossexuais como neutros; como se raça, gênero e sexualidade fossem categorias vazias e só aplicáveis para aqueles que saem desse ideal perfeito de ser humano.

Esse indivíduo perfeito — sem raça, gênero ou sexualidade — tem em suas mãos todos os mecanismos de poder para dominação e opressão desses outros degenerados que nunca conseguirão alcançar tamanha genialidade (contém fortes doses de ironia).

E que dor impensável ter esse poder arrancado deles por feministas, negros, imigrantes, homossexuais… até porque é deles por direito, não é? (Spoiler: não é)

Esse quadro se liga à heteronormatividade, tendo como da ordem da natureza apenas relações românticas entre pessoas de sexos opostos e normalizando as instituições do casamento e da família nesses moldes.

E se liga também, por exemplo, à constituição da masculinidade negra no senso comum. A agressividade tão cultuada no modelo de masculinidade branca e heterossexual também reafirma o ideário colonizador racista do homem negro como animalesco e selvagem, sem controle. Os homens negros não seriam “assertivos”, mas violentos; e seus desejos são taxados como perigosos.

Na frase impactante do psiquiatra e filósofo negro Frantz Fanon: “O homem negro não é um homem”. Sua humanidade e seus afetos são negados na sociedade.

O racismo estrutural resulta não só em uma histórica criminalização (64% da população carcerária, segundo o Instituto Igarapé) e uma hipersexualização desses corpos, mas em um genocídio em massa. O Atlas da Violência de 2019 mostrou que de 100 pessoas assassinadas no país, 75 são negras.

Quando pensamos nos homens trans, outro leque de reflexões se abre. Esses homens também sentem a pressão de seguir padrões estabelecidos para serem aceitos de alguma forma, mesmo com as violências transfóbicas recorrentes.

No entanto, eles podem ser grandes aliados na construção de masculinidades mais saudáveis, tanto de forma subjetiva, quanto social. Como diz Thales Alves — psicólogo, gastrônomo e homem trans negro — no documentário O que te torna viril?: “O que é ser um homem hoje só é questionado porque o que é ser mulher está abaixo”.

Ser homem na nossa sociedade é um constante esforço de autorepreensão, repetição de padrões e negação violenta do outro que escapa a esses ideais para se reafirmar enquanto homem de verdade.

“É tudo culpa da Globo”

A mídia tem um papel fundamental na difusão dos imperativos de masculinidade. Ela produz e reproduz as normas de gênero e é uma das principais responsáveis pela criação de um imaginário do que é ser homem e do que é ser mulher — de novo, dentro dessa estrutura binarista ainda em voga nas sociedades ocidentais e capitalistas.

Na maior parte, isso se dá de forma até sutil, como a escolha de palavras para compor um discurso específico, cores, quem aparece nos cargos de poder e como se constitui o relacionamento entre os personagens.

Com a globalização, houve um aumento expressivo da circulação de imagens e corpos; principalmente no fluxo das potências globais para os países chamados de terceiro mundo ou subdesenvolvidos, contribuindo para a implementação de estereótipos e a consequente universalização.

A primeira ocorrência que nos vem à cabeça quando pensamos em um protagonista de uma produção audiovisual é relacionada ao poder e a violência que são corporificados no tipo corporal desses homens heroicos e interessantes, e também incidem diretamente no comportamento deles.

Pensemos na grande maioria dos super-heróis ou protagonistas de qualquer filme/série de ação e fantasia (e até de outros gêneros que não tem a violência como recurso narrativo).

Homens brancos, heterossexuais, bonitos, fortes, ágeis, com o pouco sentimento e fragilidade demonstrados direcionados ao par romântico. Passados trágicos como justificativa do mistério/frieza/violência para a proteção emocional, capacidade incomparável de resolver qualquer problema no mundo. E, uma capacidade tão incomparável quanto de causar destruição por onde passa sem uma punição satisfatória (isso quando há).

Exemplos de personagens famosos, da esquerda para a direita: Thor (Thor: Ragnarok), Wolverine (X-Men), John Mcclane (Duro de Matar) e John Rambo (Rambo)

Mas o poder pode vir atenuado em outras formas menos óbvias, como na figura do gênio…

Exemplos de personagens famosos, da esquerda para a direita: John Forbes Nash Jr. (Uma mente brilhante), Mark Zuckerberg (A rede social), Andy Dufresne (Um sonho de liberdade) e Will Hunting (Gênio Indomável)

Ou do engraçadão das comédias que achamos que é uma subversão do ideal masculino, mas apenas mostra outro lado da mesma moeda (irresponsabilidade, imaturidade e “ah, olha como ele é engraçado”).

Exemplos de personagens famosos, da esquerda para a direita: Lenny Feder (Gente Grande), Frank Ricard (Dias Incríveis), Ace Ventura (Ace Ventura) e Kevin James (O rei do bairro)

Parece familiar?

Precisamos falar de como o melhor amigo apaixonado ou o cara super-romântico que claramente é a melhor opção para a mulher (ou a menos pior) geralmente é o que é rejeitado?

Vejamos: temos sensibilidade, vulnerabilidade, esforço de comunicação, construção de um relacionamento que não se baseia primeiramente na aparência ou habilidades “atraentes”… É, realmente não dá. Inaceitável. Vamos criar uma situação para transformá-lo em um babaca.

Essas imagens existem para objetificar os corpos dos homens e agradar as mulheres? Sabemos que não.

As mulheres podem se sentir atraídas em alguma medida por esses modelos, mas foram ensinadas, assim como os homens, que esse é o ideal; que são esses os companheiros que elas devem procurar e se apaixonar; são esses homens que as farão felizes. (Spoiler: dificilmente vão e eles sequer existem)

Esse arquétipo deriva de homens brancos decidindo como os homens brancos — e de maneira ainda mais problemática, os homens não-brancos e LGBTQIA+ — devem ser representados no cinema e na TV.

Eles controlam as narrativas e criam personagens que expressam como eles querem ser vistos e incentivar outros homens a se verem assim também: poderosos na vida pessoal e profissional, invencíveis, viris, geniais, totalmente desejáveis — um tanto de egocentrismo e narcisismo, talvez. Um tanto de ilusão, com certeza.

Mas existe esperança!

Tentativas reais de subversão de estereótipos estão surgindo cada vez mais na mídia, como o protagonismo “inusitado” de Newt Scamander, em Animais Fantásticos e Onde Habitam. Um herói ligado ao cuidado, que prefere evitar conflitos e violência, não tem a confiança como característica e tem grande empatia e sensibilidade, principalmente com a natureza.

Outro exemplo maravilhoso é a construção da masculinidade em Brooklyn Nine-Nine.

Arte: Magui

A paternidade sensível de Terry e o cargo de poder do Capitão Holt em um personagem homossexual que foge do padrão recorrente (aliás, ótimos exemplos de afetividade negra em séries de TV); muitas demonstrações de sentimentos, confiança e apoio entre amigos.

A caracterização do Boyle como homem heterossexual que tem hobbies ditos “femininos” e tem orgulho deles, além de mostrar outro exemplo de paternidade presente e sensível; a relação saudável de amizade e de respeito entre homens e mulheres; o relacionamento entre Jake e Amy, com a quebra do estigma da masculinidade frágil do homem quando a mulher chega a um cargo de poder superior ao dele, além da comunicação sincera e aberta entre os dois.

Enfim… realmente restaura a esperança de personagens complexos, reais, que admitem seus erros e não precisam de recursos ultrapassados para serem interessantes. Recursos esses que, na vida real, afetam até mesmo os homens.

E os homens sofrem

Será que o papel do homem no patriarcado traz consequências negativas para eles?

É importante ressaltar que não podemos comparar as violências sofridas pelas mulheres com as sofridas por homens.

Mulheres sofrem violência física, psicológica, econômica, simbólica; são privadas do poder de ir e vir, o medo e o constante estado de alerta são naturalizados e servem até de mecanismo de proteção.

Quando colocamos raça, classe e sexualidade para serem debatidas, a conversa fica ainda mais violenta e complexa.

Mas, sim, o homem sofre violência de gênero. O mito da virilidade que falamos no começo deste texto produz macro e microviolências, mais voltadas para o campo da subjetividade e com o papel maior de conformar esses corpos a continuarem perpetuando o sistema de opressão e fazerem valer o poder que é “deles por direito”.

A negação de tudo que é ligado ao feminino tem consequências explícitas socialmente para as mulheres e para os homens considerados desviantes. Mas as consequências emocionais atingem todos os corpos.

Na constante tentativa de encaixar-se no ideal de masculinidade, de reprimir sentimentos que não são femininos, mas humanos, os homens representam os maiores níveis de suicídio e depressão.

Desabafos que envolvem sentimentos de isolamento e solidão são comuns.

As narrativas da vaidade, do cuidado, da proteção e da preocupação com a segurança como referentes às mulheres provocam direta e indiretamente a morte de milhares de homens por ano. A saúde masculina — física ou mental — é quase um tabu; os homens evitam falar sobre.

Sem falar no papel da indústria pornográfica no inconsciente masculino, das práticas sexuais extremamente pautadas na ideia de performance e força física.

A educação sexual precária junto com o bombardeio de imagens pornográficas favorece a construção dos desejos de uma forma irreal e prejudicial para os relacionamentos com os outros e consigo mesmo.

Sexo e intimidade são muitas vezes lidas como a mesma coisa pelos homens, não acostumados a serem sinceros sobre seus sentimentos e inseguranças — a mostrar vulnerabilidade.

Além do papel da pornografia para a agressividade com as mulheres, a influência na cultura do estupro, o consentimento duvidoso e o estabelecimento de certas ideias do que as mulheres gostam durante as relações sexuais.

E o resultado de toda essa política do corpo violenta fica explícita nos dados:

  • Vivem 7 anos a menos que as mulheres e se suicidam 4 vezes mais (IBGE)
  • Negros e pardos entre 10 e 29 anos possuem 45% mais chances de suicídio do que brancos na mesma faixa etária (Ministério da Saúde, 2019)
  • Constituem 83% das mortes por homicídio e acidentes no Brasil (Ministério da Saúde, 2010)
  • 1 em cada 4 homens de até 24 anos afirma se sentir solitário sempre (Pesquisa O silêncio dos homens)
  • Sofrem duas vezes mais acidentes no trabalho (Ministério do trabalho)
  • 6 em cada 10 homens afirmam enfrentar um distúrbio emocional (Pesquisa O silêncio dos homens)
  • 1 em cada 4 homens afirma estar viciado em pornografia (Pesquisa O silêncio dos homens)

Todos os dados acima e outros muito interessantes estão na pesquisa nacional bem completa feita por iniciativa do Papo de Homem, com apoio de várias organizações, que entrevistou mais de 40 mil homens.

Inclusive, há dados divididos por faixa etária e orientação sexual que abordam os ensinamentos familiares do que significa ser homem (não demonstrar fragilidade ou expressar emoções, conversas com amigos sobre medos e dúvidas, o ato de pedir ajuda, entre outros).

Nem tudo está perdido

Mudanças sociais históricas estão em curso: grandes avanços do movimento feminista, naturalmente demandando novas masculinidades e quebrando o silêncio opressor; o movimento LGBTQIA+ conquistando espaços com muita luta; a presença de outros corpos em cargos de poder; o aumento da procura por ajuda psicológica.

Todas essas transformações contribuíram para uma maior aceitação social de traços antes lidos como femininos: empatia, alegria, calma, comunicação emocional, carinho.

As tecnologias que propiciaram a maior circulação global de imagens e produtos midiáticos de representação do homem ocidental de desejo, também propiciou a maior circulação das pautas defendidas pelos movimentos sociais e ampliou o alcance para a expressão de novas masculinidades possíveis, inclusive nas indústrias midiáticas.

Desde pequenas quebras do paradigma com o maior cuidado corporal e adoção de outras estéticas na moda; até a criação de movimentos e grupos de homens que apoiam a luta das mulheres (como a Campanha Laço Branco, de origem canadense) ou com o intuito de debater sobre os princípios que pautam suas formas de ser no mundo.

Na questão estética, temos exemplos conhecidos como os cantores Harry Styles e Damiano David (Måneskin). O modelo alemão Mark Bryan faz sucesso no Instagram por superar os estereótipos e defender que as roupas não têm gênero. Como diz sua própria bio na rede social: homem cis-hétero que ama Porsche e usar saltos e saias diariamente.

Além disso, vemos um maior espaço para a expressão em outros estilos musicais com um histórico homofóbico forte, como o hip-hop — Lil Nas X é um ótimo representante. E a popularização da arte drag em vários campos — Pablo Vittar, Rita von Hunty, Lorelay Fox, Gloria Groove, citando apenas exemplos nacionais.

Vários projetos pelo país tentam repensar as masculinidades através das rodas de conversa e da conscientização. Como estes princípios foram construídos, como impactam negativamente na vida deles e de outras pessoas e maneiras de mudar esse quadro e se reinventar. O coletivo Ressignificando Masculinidades, por exemplo, é um desses projetos.

Escrito por: Natacha Moreira

Gostou desse texto? Aplauda! Clique em quantos aplausos (de 1 a 50) você acha que ele merece e deixe seu comentário.

Quer saber mais? Nos acompanhe em nossas redes: Instagram | Site | Linkedin

--

--

Vale.jo
Vale.jo

Somos uma comunidade que valoriza e reúne trabalhos de pessoas LGBTQIA+. Acompanhe nossa publicação pelo link: https://medium.com/vale-jo