O que é necessário para ser um escritor cristão

Valmir Nascimento
Cultura e Teologia
Published in
3 min readSep 14, 2018

Volta e meia alguém me pergunta o que é necessário para ser um escritor. Esta é uma pergunta legítima, afinal, quem não tem o sonho de publicar um livro?

Não sei se sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso, mas, devido aos meus livros, suponho possuir certa experiência para oferecer algumas dicas sobre o tema.

1. Leia bastante. Não há como ser um bom escritor sem ser um bom leitor. Mesmo que você pretenda publicar obras de ficção, ter uma boa e vasta experiência de leitura é essencial (Lewis, Tolkien, Dostoiévski etc). A leitura aprimora a capacidade de escrita e proporciona o conhecimento necessário para você produzir os seus próprios textos. Como dizia C. S. Lewis, leia tanto os livros clássicos quanto os contemporâneos.

2. Escreva frequentemente. A excelência surge com a prática e com a repetição (já afirmava Aristóteles). A excelência não está no ato, mas no hábito. Por isso, antes de publicar sua primeira obra, dedique-se suficientemente a escrever artigos, ensaios, posts e demais textos (twitter, nem tanto!). Isso vai ajudá-lo a aperfeiçoar a sua capacidade redacional, desenvolver estilo próprio e aprimorar a habilidade de se comunicar formalmente. A menos que contrate um ghostwriter, ninguém se torna escritor da noite para o dia!

3. Estude a gramática. Compreender e aplicar as regras gramaticais adequadamente é essencial para o autor. Aspirantes ao ofício das letras devem, por isso, estudar com afinco a ortografia, as regências e o uso correto da pontuação, por exemplo. Não é necessário ser um perito na língua de Camões, evidente, mas quanto maior for o domínio dessas regras, mais refinados serão os textos produzidos. Revisores ajudam, mas não fazem milagre! (Recomendo o livro Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo, Dad Squarisi e Arlete Salvador)

4. Especialize-se. Não tenha a pretensão de escrever sobre tudo. Escolha uma área e dedique-se a ela! É preferível que você seja um bom escritor em certa área do conhecimento, ainda que restrita, do que medíocre em meio dúzia de outras.

5. Persista. Como em qualquer área, os frutos somente virão com o tempo e depois de muito trabalho. Mesmo que editoras rejeitem seu primeiro manuscrito, persevere. Max Lucado, autor que já vendeu milhares de livros no mundo todo, teve a sua primeira obra recusada diversas vezes. Talvez você seja diferente, mas, em todo o caso, esteja preparado para alguns “nãos”.

6. Priorize o seu tempo. Escrever exige tempo e dedicação. Daí a importância de separar um momento do dia para essa tarefa, mantendo o foco e a constância. Repito: foco e constância. Não adianta se esforçar vigorosamente durante uma semana e, na seguinte, abandonar o projeto. Fuja das distrações e de tudo aquilo que rouba seus minutos e horas. Lembre-se que você tem tempo para aquilo que você prioriza na vida. O que você prioriza?

7. Escreva para a glória de Deus. Sempre é bom refletir sobre o motivo pelo qual você quer se tornar um escritor? Se for para ganhar dinheiro, abandone essa ideia e vá fazer outra coisa! Escritores cristãos, é claro, devem escrever com o propósito essencial de glorificar a Deus, a fim de ajudar, edificar e proporcionar conhecimento aos leitores. Na perspectiva bíblica, portanto, é recomendável que o labor da escrita venha acompanhado de oração e plena submissão à vontade de Deus.

Valmir Nascimento Milomem Santos escreveu as seguintes obras: O cristão e a universidade, Seguidores de Cristo e Entre a Fé e a Política, títulos da CPAD, Graça Preveniente (Editora Reflexão) e Cristianismo Público (Fonte Editorial); além de ter participado de outras obras como co-autor.

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Valmir Nascimento
Cultura e Teologia

Doutorando em Filosofia, Mestre em Teologia, Graduado em Direito. Escritor, professor e conferencista. Conselheiro do Inst. Bras. Direito e Religião.