Quem tem medo do James K. Smith?

Valmir Nascimento
Cultura e Teologia
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2 min readMar 4, 2021

Surgem daqui e dali algumas críticas ao filósofo cristão James Smith, propondo-se, inclusive, uma “aproximação cuidadosa” com o autor. Com o maior respeito e com a devida lhaneza no trato dessa questão, pois que muitos daqueles que expressaram opinião acerca do tema são caros a mim, mas me permitam uma parte.

Ora, todo leitor que se preze sabe da regra básica de filtrarmos tudo aquilo que lemos. Digo isso para lembrar que, realmente, Smith deve ser lido com o olhar crítico necessário ao processo de formação intelectual, e confrontado sempre que necessário. Mas essa preocupação direcionada ao Smith parece esconder outros elementos não perceptíveis, notadamente a canonização de outros papas da teologia cristã e o medo da crítica de Smith ao racionalismo evangelical, que muitos parecem não compreender — ou não gostar.

Então, combinamos assim, quanto ao Smith basta não canonizá-lo e nem considerar suas assertivas como dogmáticas ou inerrantes, como fizeram com outros teólogos, e tudo estará certo.

De igual forma, lembre-se que Smith está expressando o seu ceticismo não em relação a Deus, mas na capacidade humana de acessar o divino tão somente pelo intelecto. Eu sei que isso dá pano para um bom debate, mas ao dizer que “a verdade do evangelho é menos uma mensagem a ser ensinada do que a manifestação de um mistério”, não creio que Smith esteja fugindo da tradição cristã.

Talvez eu tenha entendido errado, mas o Smith não está dizendo que o Evangelho “não é uma mensagem”, e sim que essa concepção “é menos que a manifestação de um mistério”. Bom, de minha parte não tenho problema com isso, afinal a manifestação do mistério parece indicar um viver pleno em Deus, numa verdadeira experiência espiritual (Cl 1.26;27).

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Valmir Nascimento
Cultura e Teologia

Doutorando em Filosofia, Mestre em Teologia, Graduado em Direito. Escritor, professor e conferencista. Conselheiro do Inst. Bras. Direito e Religião.