Coronavírus, o grande experimento

Thiago Holanda Dantas
vanitas
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12 min readMay 18, 2020

Quem está falando a verdade?

Estamos vivendo o maior experimento social que a humanidade já viveu. Nunca antes bilhões de pessoas foram postas em quarentena, milhões perdendo suas liberdades individuais, muitos sendo usados como cobaias de medicamentos, e sofrendo com a incógnita de não saber o que está acontecendo de verdade. Ações que em tempos normais demorariam muitos anos, são aprovadas em questão de horas. Tecnologias não testadas são postas em caráter emergencial,pois, a realidade que se põe, de tal forma, que o não fazer nada se mostra mais arriscado do que testar novos planos. Na realidade, o mundo se tornou um grande laboratório e ninguém sabe se essas ações darão algum resultado.

O vírus que veio da China

A história da pandemia começa na China, onde o vírus foi primeiramente detectado,na cidade de Wuhan, em um mercado local “úmido”(wet market), onde os cientistas suspeitam que a doença possa ter sido transmitida de animais selvagens para os seres humanos. Lá, animais, como morcegos —eram vendidos como iguaria para a classe mais rica. Isso já havia acontecido em 2003, com um vírus similar do tipo SARS((síndrome respiratória), que começou em um mercado molhado, do mesmo tipo de Wuhan, só que em Foshan, se espalhou por alguns países e não foi tão letal quanto o COVID-19 e matou cerca de 800 pessoas.

Parece que a China não aprendeu a lição, pois, em 30 de dezembro, o Dr. Li Wenliang ,soou o alarme quando seu hospital em Wuhan começou a atender pacientes com uma pneumonia tipo SARS. Entretanto, as autoridades chinesas convocaram Li e ele foi obrigado a admitir que fez falsas declarações e que estava perturbando a ordem pública. O que os experts afirmam é que a tentativa de calar Li, fez com que o COVID-19 se espalhasse e se algo fosse feito naquele momento, poderia ficar restrito apenas à alguns hospitais em Wuhan. como explica Ian Jones, professor de ciências biomédicas da Universidade de Reading: “Houve uma tentativa de abafar em Wuhan, talvez alguns dias a uma semana, antes que a ameaça fosse aceita. Nunca saberemos se uma ação mais rápida nesses primeiros dias poderia ter evitado o surto ”.

Em Janeiro, uma equipe liderada por Yong-Zhen Zhang, do Centro Clínico de Saúde Pública de Xangai e da Escola de Saúde Pública, publicou o genoma do vírus inicial em dois sites de acesso aberto. No final daquele mês, médicos e cientistas chineses relataram a primeira descrição da nova doença na revista médica Lancet. Foram esses pesquisadores e médicos que tiveram a bravura de publicar em revistas estrangeiras suas descobertas. Somente após isso, com quase um mês de negação dos fatos, nos quais os médicos e jornalistas que notificaram as autoridades e outras universidades, morrerem ou desapareceram, inclusive Li, que morreu dia 7 fevereiro e foi alçado a herói nacional, o governo chinês respondeu no dia 23 de janeiro com um lockdown (fechamento total), da cidade de Wuhan.

Foi uma resposta à lá partido comunista, pois, mais de 9 milhões de pessoas do dia para a noite foram proibidas de ir e vir e quem estava fora da cidade, não pode voltar. Isso numa ditadura é comum, como na República Soviética, onde cerca de 6 milhões de pessoas foram alocados à força para outras partes do país pelo capricho do partido com muitas mortes pelo caminho, mas nesse caso, após o fim do regime,nunca havia sido feito antes.

A batalha contra o vírus e o heroísmo dos médicos e autoridades é mostrado no documentário/peça de propaganda “The Lockdown:One month in Wuhan”. Nessa propaganda, feita com recursos hollywoodianos e velocidade chinesa, é relatado o primeiro mês de lockdown de 23 de janeiro à 23 fevereiro, como uma bela peça soviética, todos são vistos como heróis, inclusive os médicos que primeiramente noticiaram o caso, como aqueles que morreram pela causa, o vírus, não é mostrado como produzido pela falta de higiene local , mas sim, que foi primeiramente notificado no mercado, como se alguém trouxera o vírus de fora. No final, o grande líder, o partido comunista, vence a epidemia e o número de mortes começa a baixar.Apesar de estar longe do fim do fechamento, que só ocorreu 76 dias depois, ainda sim, o consultor sênior do Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Bruce Ailward, elogia no documentário/propaganda, a forma como a China atacou o problema e diz que o mundo agradecerá pelo tremendo esforço dos cidadãos de Wuhan.

É possível fazer traçar um paralelo claro no modus operandi realizado em Wuhan e em Chernobyl. Nos dois aconteceram desinformação e criação de narrativas, no caso do desastre de Chernobyl, que aconteceu na União Soviética, pouco antes da queda do muro de Berlin. O politburo (comitê executivo comunista) nega sua omissão ou demora para responder à crise e consegue culpar as autoridades locais de Chernobyl, por não ter contido a epidemia antes. Nos dois casos, funciona basicamente assim: Os médicos/trabalhadores informam seus superiores, que temem seus superiores, mas relatam o acontecido, as autoridades locais temem o partido, logo, demoram a contar, quando contam, o partido se recusa a escutar e quando a bomba explode, são aqueles que primeiro descobriram, que morrem misteriosamente, ou são presos por não ter revelado antes. Aconteceu em Chernobyl, acontece em Wuhan.

Após um mês de lockdown. O Partido Comunista Chinês criou a narrativa oficial do sucesso heroico da China em domar a doença. E por isso, não tolera nenhum relato que prejudique a fé no partido ou seus esforços para aumentar o fervor patriótico. Até os familiares que perderam seus parentes em Wuhan, não podem chorar suas perdas e como aponta o New York Times, dizem que são assediados e monitorados enquanto falam sobre elas. Os números divulgados mostram que houveram reduções nas mortes e na contaminação, o que foi prontamente aceito pelos outros países, que não sabiam muito bem como enfrentar a pandemia.

A China utilizou sua máquina tecnológica para tentar parar o vírus. É interessante notar que na China, nenhum ato passa sem ser notado, seja o acesso à internet, as compra,os contatos entre cidadãos,as viagens, todo tipo de atividade é controlada. Por sinal, a China ainda por cima começou em 2020, o “crédito social”, ele funciona dando e retirando pontuações, dependendo do comportamento do cidadão que pode perder créditos seja por má direção, má alimentação ou por postar fake news e ganha pontos quando fala bem do regime, tem bons hábitos alimentares e é um bom vizinho e etc. Quem consegue boa pontuação pode ter acesso aos melhores empregos, colégios para os filhos e créditos bancários mais baratos. Já aqueles que tem um mau comportamento, ficam limitados em suas viagens, perdem empregos e chegando ao cumulo, de perderem a guarda de seus cães, como aconteceu na cidade de Jinan, no leste da China, onde foi imposto o sistema de crédito social para donos de cães. Lá, se os animais provocassem muito distúrbio, os cães eram confiscados e somente após realizar um teste dos regulamentos para a posse de animais, poderiam obter seus cães de volta. Esse é o tipo de sistema que o ocidente quer se espelhar para combater a pandemia.

Como o mundo respondeu à pandemia

A resposta chinesa, ao invés de ter sido rechaçada, foi louvada pela OMS e por muitos países (apesar de que agora algumas nações como EUA, Canadá e Reino Unido, já estão culpando a resposta tardia chinesa) e copiada. Lockdowns foram prontamente replicados na Itália, Espanha, França, India e Reino unido e muitos outros países aderiram a estrategia chinesa, inclusive adotando seus números nada confiáveis. Em 26 de março, cerca 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo estavam sob algum tipo de restrição.

Países como o Reino Unido, que não estavam praticando isolamento social, e estavam adotando a estratégia de “herd immunity”ou “imunidade de rebanho”, no qual, as pessoas iriam se infectar, se recuperariam da doença e criariam anticorpos para obter imunidade. Porém, tiveram que mudar de ideia, quando o Imperial College, de Londres, revelou que se não houvessem intervenções drásticas, mais de meio milhão de britânicos morreriam . O relatório também projetou mais de 2 milhões de mortes nos Estados Unidos, se não houvessem intervenções urgentes. Diante desses números o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, mudou de rumo e ordenou que a população ficasse em casa.

Os números utilizados eram de Wuhan e da Itália, e os dados chineses não eram confiáveis, o que fez, com poucos dias após a política de quarentena ter sido aplicada no Reino Unido, Neil Ferguson, o cientista que liderou a equipe do Imperial College, testemunhou diante do Parlamento britânico e revelou novos dados e os números de mortes alarmantes de pouco antes, foram diminuídos para cerca de 20.000. Ter apenas uma fonte de consulta com tantas vidas em jogo é algo temerário, como explica o jornalista Zeypnep Tufekci do The Atlantic:

Mas não houve reviravolta, nem retorno, nem mesmo uma revisão no modelo. Se você ler o artigo original, o modelo apresenta uma série de previsões — de dezenas de milhares a 500.000 mortos — que dependem de como as pessoas reagem. Essa variedade de resultados potenciais provenientes de um único modelo epidemiológico pode parecer extrema e até contra-intuitiva. Mas essa é uma parte intrínseca de como elas funcionam, porque as epidemias são especialmente sensíveis aos insumos e prazos iniciais e porque as epidemias crescem exponencialmente.

Os números chegaram ao Brasil, pelo biólogo e youtuber, Átila Iamarindo, que fez uma projeção, que cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil poderiam morrer se nada fosse feito. Os números alarmantes, foram prontamente rechaçados por alguns e adotados por outros como arma política. Ser a favor dos dados da China e de Átila tornou-se “moralmente superior” e irrefutável, todos que pensassem o contrário, automaticamente eram anti-científicos e pró-Bolsonaro.

Entretanto, esses números foram refutados pelo economista Samy Dana e pelo matemático e estatístico Alexandre Simas, além de outros especialistas da USP. A tese que os autores defendem é de que os modelos que previram o número de mortes pelo novo coronavírus (Covid-19) no Brasil e no mundo estão errados. Os critérios usados para estimar as mortes teriam inflado o resultado final, em números absolutos. Por exemplo, os cálculos do Imperial College não levaram em conta a quantidade de casos subnotificados da doença, aqueles que não entram nas estatísticas. O que explica Dana:

“Eles foram acusados no mundo inteiro de superdimensionar o número de mortes, mesmo nos cenários mais otimistas. Por isso, acreditamos que nosso modelo é mais correto”.

Novamente, ninguém parece estar certo de qual método é mais eficaz ao combate, mas como esse vírus tem impactado o Brasil?

3 sérios problemas Brasileiros: A subnotificação, a supernotificação e o negacionismo

Há três grandes problemas no combate ao coronavirus no Brasil: a subnotificação e a supernotificação dos casos e o negacionismo.

No Brasil, muitas pessoas com os sintomas menos graves, nao são testados e muitos morrem sem saber se tinham ou não a doença, pois o tempo de demora pode chegar a 50 dias de espera. No país, a proporção de testagem é baixíssima, considerando a proporção de testes por cada 1 mil habitantes no Brasil, considerando uma população de 210 milhões de pessoas, é de 0,63 (ou 63 por cada 100 mil habitantes),em comparação com Alemanha (25,11) Itália (23,64), e dos Estados Unidos (12,08). Até o dia 20 de abril, de acordo com o Ministério da Saúde, foram realizados 132.467 testes específicos para covid-19. Outros 56.613 estão em análise. Além dos países desenvolvido, somos uns dos piores da america latina, como Cuba (2,65), Chile (6,43), Paraguai (0,83), Peru (4,44), Argentina (0,76) e Equador (1,15).

Devido a subnotificação, segundo estimativas do grupo Covid-19 Brasil, um coletivo de pesquisadores universitários, havia 313.288 casos (13/04): 15 vezes mais do que os 20.727 confirmados anunciados pelo Ministério da Saúde na ocasião.

Por outro lado, há o perigo de uma supernotificação, como vemos no decreto 64.880 do governo de São Paulo e em resolução da Secretaria Estadual da Saúde, que durante a pandemia os médicos nas ambulâncias passarão a atestar mortes naturais, indefinidas e causadas pela Covid-19 ocorridas fora dos hospitais. Obviamente, os profissionais estão preocupados, pois,

“Uma vez que o médico do Samu não fará uma autópsia completa, se for obrigado a emitir o atestado deverá colocar como causa da morte apenas o provável, o que pode levar tanto a uma supernotificação como a uma subnotificação de mortes pela Covid-19.”

E o último problema é o negacionismo, que parte do chefe do estado brasileiro, que desde o inicio tem feito declarações diminuindo a pandemia ou sendo diametralmente contrário ao seu próprio ministro de saúde. Bolsonaro tem feito um péssimo serviço de gestão e parece negar todas as 16.118 mortes(dados de 17/05) que tem acontecido no Brasil.

Além da sucateação da saúde, baixa escolaridade e tantos outros problemas, o que há é um voo cego. Não é possível saber com o mínimo de precisão se estamos às portas de uma catástrofe ou do controle da doença que passará em breve.

Quarentena como única solução

Por enquanto a única solução apresentada, a quarentena, é posta em dúvida,pois, entre o tempo de encubação e os primeiros sintomas podem demorar, de acordo com a (OMS), entre 1 a 14 dias, por esse motivo é difícil saber se a quarentena está resolvendo, pois as ações e os resultados têm sempre 2 semanas de atraso. Ou seja, podemos estar à beira do colapso e o vírus está aguardando seu tempo para surgir com força ou não há muitos casos, seja pelo sucesso do isolamento social,ou pela imunização em massa. Nunca saberemos de fato, se a quarentena funcionará ou não. Essa total falta de clareza, tem sido usada por prefeitos e governadores para apertar a quarentena, decretar estado de calamidade, comprar produtos hospitalares sem licitação e muitas outras ações que só saberemos se foram acertadas ou não no futuro.

Sem saber qual é a real proporção da pandemia no Brasil, faz com que o Presidente da República, ignore todas as medidas protetivas das autoridades de saúde, seu desacordo levou a demissão do antigo ministro, Henrique Mandetta, que era a favor da quarentena, e da ciência, em suas palavras, para um aliado,Nelson Teich, que não mostrou à que veio e já foi embora. Além disso, Bolsonaro, com sua beligerância , deixa tanto a imprensa quanto os governadores e prefeitos contra todas suas sugestões de combate (se existe alguma). A Hidrocloroquina, que virou “droga do Bolsonaro”, é usada como argumento contrário para ser instrumetalizado contra o presidente, e por esse motivo, é rechaçado pela imprensa. Isso também faz com que os governantes ajam por si, pois, sem um líder que os guie nesse momento de tantas incertezas, prefeitos e governadores estão tentando, seja de boa fé ou não, combater a pandemia.

Alguns têm imposto isolamento social e monitoramento da população através de celulares, como João Doria(SP), que depois, voltou atrás, ou Witzel(RJ), tem usado drones para alertar a população sobre a importância de evitar aglomerações em meio à pandemia e também anunciou que prenderá cidadãos que resolverem quebrar o isolamento. Além disso, temos casos bizarros de compras ilícitas pelo Brasil afora,como na cidade de Aroeiras-PB, teve deflagrada uma investigação pela PF, por indícios de fraude na aquisição de livros, sem licitação, com a justificativa de auxiliar na disseminação de informação e combate à situação de pandemia do Coronavírus. Ou no Amazonas, onde o governador comprou respiradores com preços acima do mercado em uma loja de vinhos. São muitos casos em várias partes do país de denúncias de licitações e superfaturamento em compras emergenciais.

Diante de tudo isso, vemos uma instrumentalização da ciência em favor de narrativas ideológicas. O que tem acontecido é que qualquer teoria apresentada, deve ser abraçada imediatamente, sem ponderá-la ou verificar quais os riscos e danos que essa nova teoria pode apresentar. Aqueles que são céticos às propostas são acusados de anti-científicos e devem ser imediatamente jogados na fogueira dos negacionistas e terraplanistas.

Karl Popper e a teoria da falseabilidade

O filosofo da ciência, Karl Popper, elaborou uma teoria para determinar o que é ciência e o que é pseudociência, pois em sua época, havia um problema de delimitar o limite entre ciência e outros saberes que se denominavam como tal. Como diferenciar a teoria da relatividade de Einstein, a teoria da história de Marx e o subconsciente de Freud, se todos eram chamados de ciência? Sendo assim, Popper criou sua teoria da falseabilidade, explicada em linhas gerais, determina que uma teoria só pode ser considerada científica quando pode ser refutada. Sendo assim, o que não pode ser falseável não é científico. Então Einstein e sua teoria podem ser considerados científicas, pois seus métodos podem ser testados e comprovados e se no futuro surgir uma teoria melhor, ela será substituida, o que nao acontece no subconciente Freudiano ou na teoria da história marxista, que sempre podem ser “acomodadas” e nunca refutadas, logo, são pseudociência. Se tomarmos essa teoria para entendermos a atual situação, verificamos que estamos vivendo em um momento limite no qual, ciência e pseudociência estão lutando lado a lado para serem aceitas, e muitas vezes fica difícil de discernir uma da outra, tanto pela velocidade de informação propagada, quanto, pela gravidade da situação, não há tempo de realizar estudos completos e minimamente seguros para que as teorias sejam testadas, e assim, serem refutadas ou aprovadas.

Estamos vivendo tempos novos, enfrentando uma guerra, não de um exército contra outro, mas de um vírus que não sabemos sua letalidade e sua propagação. E por isso, colocamos sobre a ciência, uma responsabilidade que ela não tem — de ter todas as respostas. A ciência nunca se propôs a isso, ela testa cenários, faz projeções, mas nao é capaz de prever o futuro — alías somente os videntes, médiuns e futurólogos tentam fazer tal coisa.

Obviamente se ouvirmos somente os cientistas, sem economistas, médicos, sociólogos, filósofos, enfim, todos os profissionais que lidam diretamente com o problema, podemos ultrapassar limites e causar maiores danos em nome do ”ouvir a ciência”, mas a pergunta é: Qual ciência?. A realidade é que estamos em um barco à deriva, perdidos querendo pegar qualquer braço que apareça para nos resgatar, entretanto, devemos agir com prudência, pois se não podemos confiar na ciência, nem nos politicos, ou quem quer que seja, que ajamos com razão e cautela.

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Thiago Holanda Dantas
vanitas

Teólogo, professor, licenciatura em filosofia, missionário e escritor de blog. instagram.com/vanitasblog . Segundo colocado da 3ª Chamada Ensaios do Radar abc2