As oportunidades e os benefícios que o desenvolvimento de jogos oferecem para a saúde

Laura Clobochar Pereira
Venturus
Published in
4 min readFeb 15, 2019

Por Rafael Gava de Oliveira

Como desenvolvedor de software, acredito que participar da criação e elaboração de um jogo seja o desejo da maioria dos profissionais dessa área. Isso porque os desafios técnicos envolvidos nesse tipo de software são inúmeros, iniciando-se pela escolha ou desenvolvimento de um framework, passando pelos aspectos gráficos, a física e a matemática que serão aplicadas ao jogo, o som, a jogabilidade em si (se a plataforma será 2D ou 3D), sem contar com (talvez o mais fundamental) o enredo.

Além do ambiente descontraído e criativo que um projeto deste tipo proporciona ao desenvolvedor, um jogo pode oferecer ao profissional certa visibilidade e reconhecimento mundo afora. Posso fazer a afirmação acima por experiência própria, tendo feito parte, há algum tempo atrás, de uma equipe de desenvolvimento de jogos pelo Venturus para um de nossos clientes, e que nos rendeu resultados bem interessantes.

Nesse caso em particular, além do número de downloads que atingiram a casa dos milhões, os inúmeros comentários e “reviews” recebidos por parte dos usuários, em diversas línguas, ele também nos proporcionou alguns convites de viagens para ministrar palestras em cursos de tecnologia em universidades pelo Brasil e também para uma exposição, a convite do nosso cliente, em uma das feiras mais importantes de tecnologia do mundo, a Computex em Taiwan.

Na área da saúde, a força dos jogos não poderia ser diferente.

Recentemente, o desenvolvimento de jogos para fins de saúde tem crescido muito e contribuído grandemente para a finalidade educacional, especialmente em cursos de medicina, haja vista que proporciona uma forma mais interativa e motivadora de aprendizado, tanto para estudantes como para a população em geral.

Em uma busca rápida pela Internet, você encontra facilmente jogos de todos os tipos relacionados à saúde. Por exemplo: jogos com referência à primeiros socorros você encontra uma infinidade de opções, desde como proceder em caso de ataque epilético, como lidar com mordidas de cachorro, como fazer respiração boca-a-boca, enfim, inúmeras situações as quais podemos inesperadamente nos deparar em nosso dia-a-dia.

No tocante aos estudos de diagnósticos clínicos também existem vários disponíveis. Alguns, entretanto, extremamente técnicos voltados exclusivamente para estudantes ou mesmo para profissionais de medicina. Existem outros, contudo, que oferecem uma situação mais próxima da realidade, que são os simuladores. Alguns, por exemplo, oferecem uma integração com bonecos e proporcionam sinais vitais e sintomas clínicos de bebês, crianças, adultos, gestantes etc., e para as mais diversas situações, como por exemplo, simulador nascimento em situações de emergência, de paciente recém-nascido, entre outros.

Entretanto, o que de fato me motivou a escrever hoje sobre jogos para questões relacionadas à saúde foi a apresentação de um “case” em um congresso de saúde digital. Neste “case”, uma brasileira e ex-paciente de câncer, desenvolveu um jogo que ensina crianças e também aos pais a lidarem com o diagnóstico de câncer através de vários desafios no jogo.

O jogo em si foi muito premiado, inclusive internacionalmente. Porém, além do reconhecimento recebido, o interessante foram os comentários e os feedbacks que médicos e enfermeiros deram a respeito da eficácia e do auxílio que o jogo proporciona, entre os comentários, esses profissionais citam os seguintes pontos: maior compreensão da criança a respeito do tratamento e dos exames pelos quais ela será submetida; maior engajamento da criança nos procedimentos médicos; maior conscientização do motivo pela qual ela está ali, em tratamento; enfim, o jogo passa a ser uma ferramenta muito importante de comunicação, já que, para os profissionais da saúde e principalmente para os pais, muitas vezes tentar explicar apenas com palavras para uma criança é tarefa árdua e penosa, caindo no risco de não serem compreendidos. Mas com o auxílio do jogo tudo muda.

Os resultados e como contribuir para o desenvolvimento do jogo:

De acordo com a ONG Beaba o jogo beneficiou mais de 15.000 pacientes e impactou mais de 500.000 pessoas. Por esse motivo, a idealizadora do projeto, Simone Lehwess Mozzilli, convida a todos (desenvolvedores ou não) a contribuírem com o crescimento e evolução do jogo. Seja através de contribuições financeiras, como também técnica para desenvolvimento de novas fases, internacionalização, correção de bugs etc.

Para maiores informações e também sobre como ajudar, visite o site: https://beaba.org/

Conclusão

Assim como os softwares livres, é fácil encontrar outros projetos de jogos na área de saúde que demandam desenvolvimento. Então, se você deseja fazer parte desse seleto time de programadores, basta se juntar a um projeto e começar.

Diante dessas iniciativas, portanto, é de se constatar que o desenvolvimento de um jogo é algo fascinante e pode ser facilmente direcionado para questões relacionadas à saúde, bastando para isso foco e determinação, pois demanda e oportunidades é o que não falta nesta área. Fica aí a dica…

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