Impressão de exames médicos: baixo custo e com alta qualidade

Laura Clobochar Pereira
Venturus
Published in
4 min readFeb 12, 2019

Por Rafael Gava de Oliveira

Quando trabalhamos com tecnologia e desenvolvimento, é fato que sempre queremos estar na “crista da onda”, ou seja, desenvolver ou utilizar o que há de mais moderno em termos de tecnologia. Falar em utilizar ou desenvolver algo legado de imediato já faz torcer o nariz de qualquer desenvolvedor.

Em desenvolvimento aplicado à saúde ocorre o mesmo. Aliás, quem não gostaria de trabalhar ou utilizar tecnologias como “Machine Learning”, “Deep Learning”, “Big Data”, “Processamento de Imagens”, “Weareables”, etc. em projetos nesta área?

Porém, algumas vezes, essa realidade se comparada a demanda, leva-nos a utilizar algo não tão novo para atender a necessidade do cliente, e porque não dizer, até da população.

Fazendo uma analogia, seria como fazer uma viagem com os amigos em vários carros, na qual o carro que está à frente mostrando o caminho acelera mais que os demais, de modo a se perder de vista, o que muitas vezes pode acabar em desencontros entre as partes. É uma situação bem semelhante quando lidamos com nosso cliente: muitas vezes propomos algo que está muito à frente da realidade ou da necessidade dele, como o carro em disparada na frente, perdendo, assim, a sinalização que o cliente nos dá e, consequentemente, o contato.

Podemos citar um caso real. Recentemente, um de nossos clientes requisitou o desenvolvimento de um projeto chamado Print Server. Em suma, o projeto consistia em desenvolver um sistema capaz de receber imagens enviadas dos equipamentos médicos, tais como ressonância, tomografia, ultrassom, raio x, ou mesmo de um servidor PACS, através do protocolo DICOM (abreviação de “Digital Imaging and Communications in Medicine” ou comunicação de imagens digitais em medicina) e imprimir tais imagens em impressoras convencionais, ou seja, as mesmas utilizadas em escritórios ou em casa, mas com recursos adicionais como a possibilidade de selecionar múltiplos layouts de impressão, permitir pequenas edições de imagem antes da impressão, além da customização de cabeçalhos e rodapés.

Logo de início, achamos a ideia interessante, pois teríamos que entrar um pouco mais a fundo no protocolo DICOM. Entretanto, não demorou muito para questionarmos o fato do projeto fazer uso de papel, uma vez que a tendência dos usuários, empresas e até mesmo hospitais é reduzir essa demanda e passar a utilizar somente o meio digital. Então, propusemos um projeto alternativo, mais inovador, para transferência de imagens através de dispositivos móveis ou até mesmo através da nuvem. Foi então que o cliente nos notificou da real necessidade do projeto que nos fez “pisar um pouco no freio”. Tal demanda não vinha diretamente dele, mas sim de requisições de vários hospitais e clínicas, pois seus pacientes estavam solicitando a impressão dos exames para que pudessem ser levados para casa. Ou seja, mesmo com toda tecnologia disponível, a mudança de certos hábitos ainda é gradual.

Outro problema encontrado era a perda da qualidade da imagem na impressão, prejudicando os fins de diagnóstico e/ou análise clínica. A solução, então, era imprimir exames em filmes dry, e isso pode custar caro para os hospitais e clínicas. Portanto, como ainda não há nenhuma norma que estabeleça regras de transferências, impressão e disponibilização de imagens entre instituições e pacientes, a melhor saída era tentar atender os anseios dos pacientes a custos relativamente mais baixos.

Contudo, o desenvolvimento do projeto foi algo extremamente motivador e desafiador, uma vez que entender as especificações e os detalhes para manipulação de imagens no formato DICOM não é nada simples. São várias as terminologias utilizadas neste formato, desde a forma de manipulação de bits, passando pela especificação do protocolo para comunicação entre equipamentos, informações do paciente contida nos cabeçalhos do arquivo, até a imagem propriamente dita. Sem contar os testes e as adequações sistêmicas necessárias para manter a compatibilidade e garantir a funcionalidade entre os vários tipos de fabricantes e equipamentos.

E o desafio não ficou apenas na manipulação do arquivo DICOM propriamente dito. Uma das exigências do cliente foi desenvolver um pequeno editor WEB para visualização e edição de imagens antes mesmo delas serem enviadas para a impressora, onde o usuário poderia selecionar quais imagens seriam impressas, escalonar a imagem, alterar controles de brilho e contraste, além da possibilidade de adicionar comentários e marcadores na imagem.

A lição obtida com este projeto foi a existência de inúmeras oportunidades de desenvolvimento que fazem uso de tecnologias um pouco mais legadas, mas que oferecem um grande desafio técnico e, além disso, nos mostra a importância de sempre manter o contato com os nossos clientes.

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