O Impacto da Transformação Digital

Sylvio Alves
Venturus
5 min readMay 10, 2019

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O conceito de transformação digital é abrangente e seria interessante começar a explicar em partes. Vamos começar pela palavra digital. Qual o sentido dessa palavra? Vou começar a interpretá-la usando conceitos que não tem significado com ela. Digital não quer dizer a criação de um website, tweets, vídeos no youtube, posts nas redes sociais, nem mesmo o uso de uma tecnologia específica.

A palavra digital deve ser entendida como um sinônimo que descreve a rapidez com que a adoção da tecnologia está sendo absorvida por pessoas e empresas. Isso tem colocado muitas organizações sob pressão perante o cenário global e exigindo mudanças no modelo de negócios. Enquanto algumas indústrias enxergam os sinais, outras não.

Temos visto dois tipos de organizações: as que estão apenas sendo digitais e aquelas que são inovadoras digitais. E sim, as inovadoras digitais estão vencendo! Organizações como a Amazon, Uber, SpaceX, entre outras, quebram paradigmas e aceleram o ritmo de crescimento através da adoção de novas tecnologias. O grande erro que tem sido notado é que muitas organizações digitalizam serviços existentes e atribuem o nome “transformação digital” para esta ação. Está errado. Transformação digital é uma jornada estratégica e planejada para a redefinição de uma organização. Ela começa com a capacitação dos times com técnicas que permitem respostas estratégicas rápidas e nova postura cultural focada em inovação. Também não é a simples adoção de uma tecnologia no ambiente, mas sim a criação de um novo negócio que pode usar tecnologias emergentes como motor. No cenário atual, é necessário que empresas entendam as mudanças causadas no comportamento e nas expectativas dos consumidores. Dispositivos móveis dominam o tempo total gasto online e tanto os clientes quantos os competidores estão conectados, procurando por serviços, lendo e-mails, navegando ou comprando produtos.

As principais razões para a aceleração da transformação digital são:
1) A tecnologia continua evoluindo a uma taxa exponencial.
2) A elevada disponibilidade de dados úteis de processos e pessoas.

A soma das afirmações acima deve ser interpretada como sendo um resultado muito positivo: organizações que usam a tecnologia para extrair informações de dados, seja dos seus clientes ou do seu processo produtivo, serão as mais competitivas.

O que torna a transformação digital diferente nos dias atuais são os dados. E não somente dados históricos, mas dados em tempo real sobre os consumidores e competidores, da cadeia produtiva e do mercado. Ter os dados em mãos e saber utilizá-los faz com que decisões críticas fiquem à prova de opiniões aleatórias ou duvidosas, além de trazer alternativas estratégicas inteligentes. Em outras palavras, isso ajuda uma organização a tomar decisões que a leva em direção a soluções inovadoras e ao sucesso. Empresas de pequeno e médio porte também se tornam competitivas através do uso de ferramentas de baixo custo. Muitas organizações transformaram seus processos e modelos de negócio para melhorar a experiência e relação com o consumidor. O essencial para uma transformação digital são dados que precisam ser adquiridos com eficiência, segurança e serem armazenados corretamente. Devem passar por ferramentas analíticas e então transformados em informações decisivas através de aplicações.

Quais as competências essenciais para aplicar e manter essa transformação? Qual o mindset que os líderes e times de uma organização precisam buscar para terem sucesso?

Desenvolvimento de software, análise de dados e segurança

As habilidades específicas que cada organização requer depende da área de atuação. No entanto, neste contexto vemos que qualquer transformação digital implica em elevado volume de dados, ou seja, uma equipe com know-how em análise de dados em massa de processo e de mercado (big-data, data analytics) deve ser prioridade.

Vamos pensar no seguinte contexto: imagine uma organização que tenha interesse em implementar a automação de processo (RPA — Robot Process Automation) que utilize robôs para executar tarefas repetitivas de aquisição de dados e inserção em banco, portais, aplicações, etc. Um projeto como esse requer uma revisão da infraestrutura do banco de dados. Será necessário competência no que diz respeito ao gerenciamento do banco de dados, seja com desenvolvimento, manutenção e administração do mesmo. Será necessário, também, uma equipe de analistas para extrair informações que contribuam nas tomadas de decisão. Como exemplo, a eficiência do RPA pode ser melhorada com os inputs gerados, melhorando a eficiência do processo através da identificação de falhas e redução de custos. Eles também podem identificar gargalos e pontos manuais que podem ser automatizados. Habilidades com software e web também são essenciais para garantir a longa duração da transformação digital. Ter um time habilidoso ou contratar terceiros que sejam incorporados para dentro da empresa são opções para atender essa necessidade.

Não podemos esquecer que manter todas essas informações seguras faz parte desse quadro. Estar de acordo com a legislação atual e garantir que dados internos e de clientes estejam protegidos é primordial.

Criatividade e aprendizado contínuo

Não devemos subestimar a importância do homem nesse mundo que passa por transformação digital. A comunicação eficiente e raciocínio analítico são fundamentais para a geração de insights dentro da organização para promover a mudança. A automação de processos não deve eliminar colaboradores do ambiente de trabalho, mas sim promover a atualização do conhecimento e das skills dessas pessoas. No exemplo anterior, o RPA irá eliminar pessoas de postos manuais. Cabe aos líderes incentivar e fornecer oportunidades para estes empregados com tarefas de maior valor agregado. Cabe aos colaboradores procurarem meios de aprender novas ferramentas e focar em tarefas de alto nível. Novas contratações devem considerar pessoas com capacidade de diversificação de tarefas e também de superar mudanças rápidas no ambiente de trabalho. Um conceito usado nesse contexto é o learnability, onde há o desejo do colaborador de estar sempre aprendendo e melhorando suas habilidades para continuarem empregadas. Ainda no caso do RPA, os novos colaboradores poderiam ser treinados a instalar o sistema RPA, bem como dar um passo à frente e aprender novas técnicas que promovam ou melhorem o sistema.

Espalhar conhecimento por toda a organização

Conforme a transformação digital vai ocorrendo numa empresa, todos os colaboradores precisam ter um conhecimento mínimo das ferramentas para podem tirar proveito delas. No entanto, a maior parte das organizações só tem conhecimento em ferramentas básicas de navegação e geração de documentos. A empresa deve fornecer treinamentos para toda a equipe e garantir que novos empregados também recebam os mesmos conhecimentos, tornando a empresa a prova de erros ao longo do tempo.

Colaboração entre diferentes times na organização

A transformação digital requer que líderes colaborem uns com os outros, porém, isso deve ser além do nível gerencial. Um estudo da EY mostra que 70% de empresas digitalmente maduras compartilham times para a execução de tarefas. Na era do conceito de projetos ágeis e times distribuídos, a colaboração entre equipes é essencial para atender a demanda do mercado. Tecnologias disruptivas tem redefinido rapidamente a função de cargos técnicos e gerencias e forçando o compartilhamento de conhecimento e habilidades entre as equipes.

A transformação digital pode mudar a estratégia corporativa e o modelo de negócio de uma organização. Ela tem influenciado o jeito que as marcas fazem negócio. Ela representa uma grande oportunidade para líderes em trazer novos cargos e habilidades para o negócio. Novas habilidades e competências devem emergir tanto de líderes quanto dos times técnicos, com novos mindsets, comunicação eficiente e foco em inovação. A colaboração entre equipes deve aumentar através do compartilhamento de informações para suportar a rápida mudança do cenário externo.

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Sylvio Alves
Venturus

engenheiro de automação e sistemas embarcados