A empresa que anda entre os protagonistas do futebol

Em vários países, os clubes da Red Bull já faz parte do alto escalão do futebol, e ela pretende o mesmo no Brasil

Rafael Bizarelo
Venzo Media
4 min readAug 26, 2019

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Torcedores do NY Red Bulls em partida da MLS (Foto: New York Red Bulls)

Ter uma empresa agindo entre os protagonistas no cenário do futebol incomoda muita gente, e esse é o caso da Red Bull. A empresa austríaca de bebidas energéticas decidiu investir no futebol em 2005, quando comprou o SV Austria Salzburg e injetou uma grande quantidade de dinheiro, o que gerou sucesso imediato, fazendo o clube se tornar o terceiro maior vencedor da Austrian Football Bundesliga. Em 2014, o RB Salzburg chegou até a semifinal da Europa League, competição essa que o clube já havia sido vice-campeão em 1994, quando ainda se chamava SV Casino Salzburg.

No ano seguinte, a Red Bull decidiu comprar o New York MetroStars, o que mostrava uma ótima estratégia de mercado. Afinal, a cidade de Nova York é conhecida no mundo todo, e expor a sua marca através do esporte mais famoso do planeta é algo inteligente. O New York Red Bulls nunca venceu a Major League Soccer, nem mesmo com o investimento da empresa, mas ganhou três vezes a MLS Supporter’s Shield, que é o troféu que premia a melhor campanha dos pontos corridos. Além disso, o clube já contratou jogadores como Thierry Henry, Rafael Márquez e Juninho Pernambucano.

Na África, porém, a Red Bull não teve muito sucesso. O Red Bull Ghana foi fundado em 2008 e não venceu nada, e não teve destaques positivos. O clube só chegou a primeira divisão em 2010. Então, em 2014, a Red Bull decidiu tirar os seus investimentos da equipe, que se juntou com o West African Football Academy SC, clube que serve como academia de jovens do Feyenoord em Gana.

O clube mais forte e mais conhecido da Red Bull do mundo é, sem dúvidas, o Leipzig. A equipe comprada da vez foi o SSV Markranstädt, que não era a primeira escolha da empresa. O Sachsen Leipzig seria comprado pela Red Bull, mas após fortes protestos de torcedores que não queriam ter a imagem de seu clube ligada diretamente ao nome de uma empresa, os responsáveis pela equipe cancelaram o acordo. Assim, surgiu o RasenBallsport Leipzig, que tem esse nome por conta das regras da federação alemã, que proíbe o nome de uma empresa em um clube, a menos que o acordo tenha pelo menos 20 anos, como é o caso do Bayer Leverkusen, que é vinculado aos farmacêuticos da Bayer.

O RB Leipzig teve um sucesso astronômico, e saiu da 5ª divisão alemã em 2009 para o vice campeonato da Bundesliga na temporada 16/17, conseguindo o acesso inédito para a Champions League da temporada 17/18. Hoje, o clube tem jogadores que estavam na Copa do Mundo de 2018, como Timo Werner, Emil Fosberg e Yussuf Poulsen.

Em Campinas, um clube também surgiu com asas. O Red Bull Brasil foi fundado em novembro de 2007, e conseguindo apenas em 2015 estrear não só na série A-1 do Campeonato Paulista, mas também na Série D do Campeonato Brasileiro. Após não conseguir muito sucesso, o RB Brasil se fundiu com o tradicional Bragantino, formando o RB Bragantino na cidade de Bragança Paulista. O clube está liderando a Série B do Campeonato Brasileiro no momento, e com um investimento inicial de 45 milhões, o novo Bragantino parece mesmo que vai alto nos próximos anos. O sucesso imediato que os investidores da Red Bull queriam pode realmente acontecer.

Existe também um grande ódio contra os clubes da Red Bull. No Brasil, é visto o discurso do futebol raiz contra o futebol moderno, ridicularizando o fato do clube ser jovem e não ter história, algo que não pode ser dito agora que a equipe se fundiu ao Bragantino, que tem certa história no cenário nacional.

Na Áustria, o SV Austria Salzburg foi refundado em 2005 por torcedores que acharam que perderam o seu clube para sempre após a compra efetuada pela Red Bull. Em Nova York, a MLS estimula a presença de clubes como o NY Red Bulls, e pouca repressão que existe do “novo” NY Cosmos não atinge o clube o suficiente.

Os alemães, porém, tem um ódio fulminante pelo RB Leipzig. Na cidade, o derby de sangue e conflitos dignos de polícia entre Sachsen e Lokomotiv ainda sobrevive mesmo com o poderoso e jovem rival ganhando asas na Bundesliga. Entre os grandes também existe repressão, vide o protesto de torcedores do Augsburg na imagem abaixo. O Leipzig não burlou as regras, mas deu um jeito de manobrá-las. Nenhuma empresa pode ser dona de mais da metade do clube, e por isso, a Red Bull é dona de 49% do RasenBallsport Leipzig. Os outros 51% seriam para os sócios, mas a empresa decidiu vender essa porcentagem para 17 membros do quadro da própria Red Bull.

Protesto da torcida do Augsburg contra o RB Leipzig (Foto: Michaela Rehle/Reuters)

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