CBF: uma entidade que retrocede o futebol brasileiro

Mesmo com a promessa de mudanças, a CBF continua a mesma de semprpe

Rafael Bizarelo
Venzo Media
4 min readAug 19, 2019

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Rogério Caboclo, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, em sua cerimônia de posse (Lucas Figueiredo/CBF/Flickr)

A Confederação Brasileira de Futebol é alvo de investigações da Polícia Federal e do FBI e teve três presidentes afastados por corrupção em sete anos. Além disso, a CBF também é responsável por inúmeros momentos que atrapalharam e atrapalham até o futebol brasileiro, e mesmo com as mudanças que o presidente Rogério Caboclo propôs, o futuro do futebol no Brasil não parece promissor com a CBF por aqui.

Os problemas na instituição não começaram há pouco tempo. Em 1979, o Campeonato Brasileiro contou com 94 equipes. Em 1986, foram 80. A confusão levou à criação do Clube dos 13, e de toda a briga entre e Sport e Flamengo pelo título de 1987.

Na década de 90, as viradas de mesa se tornaram comuns. Em 1992, o Grêmio conseguiu o acesso para a primeira divisão após terminar a Série B na 9ª colocação e jogou o Brasileirão de 1993 com outras 31 equipes com um regulamento bizarro. Em 1996, o Fluminense e Bragantino foram beneficiados com uma decisão que anulou o rebaixamento naquele ano em um caso de possíveis manipulações de resultados envolvendo Ivens Mendes, antigo presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol.

No ano 2000, a Copa João Havelange mostrou como a CBF estava sem controle algum da situação. A confusão começou quando foi descoberto que Sandro Hiroshi, que estava inscrito pelo São Paulo, tinha a idade adulterada em seus documentos, o que fez com que Botafogo e Internacional entrassem na justiça para conseguir os pontos perdidos contra o São Paulo. A decisão a favor do alvinegro e do colorado fez com que os dois times se salvassem do rebaixamento e empurrassem o Gama para a segunda divisão. O Gama, por sua vez, sentiu-se prejudicando com a situação e entrou na Justiça comum para fazer com que a CBF não organizasse o campeonato no ano seguinte. Assim, a Copa João Havelange foi organizada pelo Clube dos 13 e contou com 116 participantes. Esse número de participantes se deu pelo fato de vários clubes que não tinham o acesso natural à Série A terem subido com o novo torneio. América-MG e Bahia que não haviam se classificado em 1999 foram beneficiados, assim como o Fluminense, que havia subido para a segundona naquele ano.

Sandro Hiroshi quando atuava pelo São Paulo (Foto: iG/Divulgação)

No século XXI, o caso mais lembrado é o do rebaixamento da Portuguesa em 2013. O Fluminense havia sido rebaixado em campo, mas após a escalação irregular de André Santos do Flamengo e depois a de Héverton da Portuguesa, o tricolor conseguiu se manter na primeira divisão com a perda de pontos de seus pontos de seus adversários.

Deve ser lembrado o momento em que Coronel Nunes, ex-presidente da CBF, mostrou que o humor também faz parte da instituição. Em 2018, a CBF já estava combinada com a América do Norte e iria votar em sua chapa para sediar a Copa do Mundo de 2026, mas Nunes decidiu votar no Marrocos pois acreditava que o voto era secreto. Alejandro Domínguez, presidente da CONMEBOL, não viu o ato como algo digno de risada, mas sim como uma traição.

Mas falemos de hoje.

Rogério Caboclo foi eleito presidente após ser indicado por Marco Polo Del Nero, hoje banido de atividades relacionadas ao futebol. Caboclo prometeu que o calendário brasileiro iria parar em datas FIFA. Hoje, os clubes brigam com a CBF para escalar seus jogadores em partidas decisivas enquanto eles estão servindo a seleção em amistosos ou até em partidas do sub-20 ou sub-17. Times como Atheltico Paranaense e Fluminense já foram prejudicados com convocações para torneios como o de Toulon, que não tem muita importância. Além disso, o clube pode ser punido com perda de pontos e multa em caso de escalação do jogador.

Outro problema que a CBF não tem controle é o uso do VAR. Como eu disse na coluna da semana passa, que pode ser lida no link abaixo, a fraca arbitragem brasileira faz com que o árbitro de vídeo seja banalizado no país. Erros se tornam comuns mesmo com o auxílio da imagem.

O presidente Rogério Caboclo, que havia prometido que não haveriam jogos em data FIFA decidiu voltar atrás. Segundo o Globoesporte.com, os estaduais serão reduzidos para que o Brasileirão não pare durante a Copa América de 2020.

Resta saber o que mais sairá de ruim da CBF nos próximos anos. As promessas de Caboclo eram, aparentemente, frases soltas para empolgar aquele que ainda acredita em algo bom da maior entidade do futebol brasileiro.

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