Os Dias da Peste (Fábio Fernandes)

Segunda edição de livro cyberpunk brasileiro

Diego
Ver mais… Textão!
3 min readAug 26, 2017

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2ª edição em formato digital

Para quem não conhece, o autor Fábio Fernandes já participou de várias antologias, mas também pode ser visto nos créditos de edições mais recentes de Neuromancer, 2001. Uma Odisseia no Espaço e A cidade e a cidade, nos quais atuou como tradutor.

Por intermédio da página Ficção Científica com Wilbur D., vi o anúncio do autor sobre a nova edição do livro, que está disponível exclusivamente no formato digital. Você pode comprá-lo por R$ 10,00 (preço na data de publicação) ou ler gratuitamente (pegar emprestado) se for assinante do serviço Kindle Unlimited (para resumir: um “Netflix” de Livros).

E, ao contrário do que muitos pensam, não é necessário possuir um Kindle, você também pode ler no aplicativo para PC, Android, iOS ou até mesmo no navegador de internet. Você pode comprar o livro ou baixar uma amostra grátis no site da Amazon.

Tenho aqui a primeira edição e gostei muito quando li (há sete anos). Mesmo assim, pretendo comprar a 2ª edição, que conta com prefácio de Fausto Fawcett (cantor da música da “Kátia Flávia” e autor de livros cyberpunk).

Aliás, Fábio Fernandes promete mais dois livros que irão formar uma trilogia. Mas fique tranquilo: o livro funcionou e ainda “funciona” individualmente. Abaixo, trago um compilado de algumas anotações e impressões que tive à época.

Primeira edição, publicada pela extinta Tarja Editorial

Em Os Dias da Peste, Fernandes traz um romance de autoria própria, seguindo suas influências da Ficção Científica e do subgênero Cyberpunk, traz referências e homenagens a outras obras, utilizando uma narrativa bem original. A história se passa no Brasil e é contada na forma de um diário. Tal fato é deixado claro, desde o início. Imagine estar 100 anos no futuro e encontrar um diário escrito em nossa época, será que entenderíamos tudo? E as gírias que caíram em desuso ou tiveram seus sentidos alterados ao longo do tempo?

O livro é encarado exatamente neste ponto de vista, de alguém visitando um museu e acessando este material. Existem até mesmo notas de rodapé contextualizando isso: é a visão de uma pessoa de 2109 lendo um texto de 2010, tentando entender expressões e gírias que não são da sua época. Por exemplo, a expressão zero-bala:

“Expressão desconhecida. Supõe-se que seja algo ligado à extrema violência registrada no Rio de Janeiro do começo do século XXI, mas até o momento não se conseguiu entender porque existiria uma variedade de bala zero (alguns atribuem à gravidade zero […]”.

Em outro trecho: “O Saito é um Wii* que deu certo. Um equipamento de RV adaptado para jogos”. Na nota de rodapé: “*Não foi encontrada nenhuma referência a esta palavra. Pesquisas lingüísticas sugerem que Wii possa ser um grito de guerra de uma tribo conhecida como surfistas, juntamente com outros monossílabos como iça, içaí?, uhú!”. :-)

Na terceira parte do livro a coisa começa a ficar bem mais interessante e empolgante, pois fica bem cyberpunk mesmo: implantes cibernéticos, realidade aumentada, “datagloves”, etc… bem no estilão Blade Runner! Não vou dar maiores detalhes para não ter spoiler, mas essa terceira e ultima parte do livro foi a mais frenética! O final foi bem impactante, valeu a pena a leitura! Recomendado!

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