RESUMO
Este verbete tem como intuito apresentar um aparato conceitual e histórico do termo “cultura organizacional”. O termo Cultura nos traz a justificativa para a manifestação de vários aspectos de uma sociedade. Dentro de uma organização não é diferente, pois a Cultura Organizacional nos mostra uma identidade concretizada por ideias, abstrações e comportamentos que moldam o modo de agir de uma instituição. Os autores aqui trabalhados discorrem o tema a fim de consumar o conceito de Cultura Organizacional.
2. HISTÓRICO CONCEITUAL
Na Academia, é inexistente um conceito definitivo para o verbete Cultura Organizacional. Segundo Edward B. Tylor (1871), Cultura seria um complexo que inclui arte, conhecimento, crenças, normas, leis, costumes e todos os hábitos adquiridos pela humanidade ao longo do tempo.
A concepção de Cultura Organizacional remete diretamente a compreensão que se tem de Cultura. Conforme Schein apud Fleury et al. (1996, p.20), entende-se Cultura Organizacional como:
“o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas”.
Permeando assim, os diversos setores e níveis das empresas, influenciando sobre vários aspectos, desde o comportamento dos seus profissionais e gestores até a formulação de estratégias e o desempenho organizacional. É perceptível que há uma inquietação para ir além de condutas observáveis, levantando a presença de suposições inconscientes e que retratam o pensamento dos membros de uma organização. O desenvolvimento de diretrizes depende da forma como os integrantes vão enxergar e agir dentro da instituição.
Alguns autores trazem a Cultura Organizacional como instrumento de poder e liderança, acreditando que a cultura de uma organização, com todos os seus elementos, permite condicionar e direcionar o desempenho de uma organização. “A cultura de uma organização tem consequências poderosas, em especial, quando é fortalecida pela continuidade da liderança e estabilidade dos membros no grupo” (TAVARES, 1996).
De acordo com o portal Portogente, a consciência sobre Cultura Organizacional ganhou força na segunda metade do século XX, por intermédio de discussões surgidas a partir de Estudos Organizacionais. Com o objetivo de encontrar soluções para as organizações, as ciências sociais consistiam a metodologia preferida para abordar a Cultura Organizacional até 1980.
Schein (2001) segmenta a Cultura Organizacional em três níveis essenciais e de profundidade crescente: a) artefatos, comportamentos e produtos que se referem a qualquer elemento tangível da cultura; b) normas e valores referentes às hierarquias de valores na cultura e seus códigos de conduta; e c) concepções básicas, comportamentos e crenças profundamente enraizadas na mente e na programação dos indivíduos, que geralmente são inconscientes.
Muitos consultores e administradores defendem a ideia de mudança da Cultura Organizacional através da modificação de elementos visando conveniência. Para Oliveira (1988, p. 34), a cultura esta enraizada no íntimo da organização e não se pode mudá-la de uma hora pra outra. O autor ainda define Cultura Empresarial, equivalente de Cultura Organizacional, como o “conjunto de valores, crenças e hábitos comportamentais que permeiam as atividades de uma determinada empresa”.
Para a professora Gabriela Freitas (2015), a marca é o que visualmente simboliza todo o conjunto característico de uma Cultura Organizacional. Todas essas questões que são importantes, que são “sagradas” para a marca, estão presentes na questão visual, simbólica e tipográfica.
Dentro de uma organização temos um conjunto de pessoas, a fim de alcançar o mesmo objetivo, onde a Cultura Organizacional direciona o que a organização considera como certo ou errado. A partir de segmentos como normas comportamentais, formais ou informais, que determinam os seus interesses. Tudo isso trazendo o conjunto de atributos que a torna única (TAVARES, 1996).
Carmazzi (2010) acredita que a Cultura Organizacional se divide em cinco tipos: cultura de culpa, cultura multidirecional, cultura vive e deixa viver, cultura que respeita a marca e cultura da liderança enriquecida. Esses tipos partem do pressuposto de um mínimo plano de compromisso até o máximo compromisso pessoal que os funcionários podem possuir. As organizações devem ser vistas como “fenômeno de comunicação”, onde o processo de comunicação ajuda a criar a cultura organizacional (Freitas, 1991, p. 34). Comunicação e cultura interagem entre si. O suporte de informações e fatores culturais para o público interno é de responsabilidade da Comunicação, assim como para o público externo.
Segundo Marchiori (2011), não há complexidade apenas na cultura, mas também na comunicação das organizações. A autora afirma que a essência da comunicação organizacional se transmuta e passa a defender a observância daquilo que lhe é peculiar, que a diferencia, ou seja, de sua cultura, abrangendo a perspectiva interpretativa como um movimento natural na evolução das práticas e processos. Na concepção de Vanessa Negrini (2015), o comunicador organizacional auxilia na transmissão de valores culturais, mas também tem o papel de trabalhar na manutenção do status quo. Sendo assim, o gestor da mudança organizacional.
3. SAIBA MAIS
Algumas produções acadêmicas sobre Cultura Organizacional na internet:
A Cultura Organizacional e suas contribuições
A Cultura Organizacional e sua influência nos processos internos de mudança
Cultura e comprometimento organizacional
Cultura Organizacional em organizações públicas no Brasil
Cultura Organizacional: Generalizações improváveis e conceituações imprecisas
Vídeo sobre Cultura Organizacional:
Cultura Organizacional Alavancando Negócios
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARZZI, A. F. Que tipo de cultura organizacional existe na sua empresa? Disponível em: <http://pt.slideshare.net/carlaovidio/tipos-de-cultura-organizacional>. Acesso em: 27 de outubro de 2015.
FREITAS, G. Gabriela Freitas: entrevista concedida para a disciplina Teorias da Comunicação Organizacional [nov. 2015]. Entrevistadores: Gustavo Santos e Larissa Gonçalves. Brasília: FAC/UnB, 2015.
FREITAS, M. E. de. Cultura organizacional: formação, tipologias e impactos. São Paulo: Makron/McGraw-Hill, 1991.
MARCHIORI, M.; VILAÇA, W. P. T.. Cultura Organizacional e Comunicação nas Organizações Contemporâneas: Temas Imbricados ou Desarticulados?. 2011.
NEGRINI, V. Vanessa Negrini: entrevista concedida para a disciplina Teorias da Comunicação Organizacional [nov. 2015]. Entrevistadores: Gustavo Santos e Larissa Gonçalves. Brasília: FAC/UnB, 2015.
PORTOGENTE. O que é Cultura Organizacional? Disponível em: <https://portogente.com.br/portopedia/o-que-e-cultura-organizacional-79632>. Acesso em: 30 de outubro de 2015.
RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de Comunicação. Campus: São Paulo, 2001.
SCHEIN, Edgar. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 2001.
TYLOR, Edward Burnett. Primitive culture : researches into the development of mythology, philosophy, religion, language, art, and custom. Londres: J. Murray, 1920.
TAVARES, Fernanda. A cultura organizacional como instrumento de poder. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, V. 1, N° 3, 2° SEM./1996.
Autores: Gustavo Azevedo e Larissa Gonçalves
Este verbete foi produzido na matéria Teorias da Comunicação Organizacional do curso de Comunicação Organizacional da FAC/UnB