A era da atenção, completude e auto-conhecimento

Ces Michelin
Vernos
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4 min readAug 21, 2020

Faz um tempo que minha frequência nas redes sociais diminuiu. Eu também notei que tenho tirado poucas fotos, lido poucos livros, tocado poucas músicas…

Uma nova rotina tomou conta das minhas horas. Os dias se misturam e com exceção da ida ao mercado no sábado e da natural exclusividade do domingo, está cada vez mais difícil distinguir o ontem do anteontem e antes e antes...

Teve uma semana que eu contei 44 calls sobre os mais diversos assuntos, com uma hora de duração em média cada um. Há atendimento a professores, aulas, planejamento, propostas, novos projetos no Brasil, novos projetos na América Latina… Eu não voltei a contar quantos calls tenho feito. Esse é o “novo normal” do meu Google Calendar.

As redes sociais estão mais quietas, as câmeras mais tímidas, os livros esperando e o violão empoeirando.

Mas agora tenho dois gatos, matei algumas muito boas séries, tomo café, almoço e janto com a Natty. Voltei a cozinhar y estoy intentando aprender español, enquanto me sinto produtivo e afiado.

São 44 calls, eram 48, mas nesse meio tempo me formei em UX numa turma que migrou do presencial ao remoto e me expôs ao mesmo desafio como aluno, que eu encaro como líder pedagógico.

Aliás eu não contei, mas em Março a parada foi doida enquanto migrávamos, do dia pra noite, toda uma operação de ensino do presencial ao remoto. Porém, o tamanho do desafio me obrigou a amadurecer em alguns aspectos e me descobrir em outros. Assumir a responsabilidade em conjunto e em prol de um time é uma sensação energizante.

Como dizia o decacampeão de basquete norte-americano John Wooden: um jogador que faz um time excelente é mais importante do que um excelente jogador; se perder no time, em prol do time, isso é trabalho em equipe.

Quero ser sempre esse tipo de jogador!

No meio dos inúmeros meetings de trabalho home-office, há espaço para oferecer companhia a amigos distantes fisicamente, mas tão naturalmente dentro de casa. Dar um check para saber como os outros estão nesses dias há de ser das tarefas mais importantes das nossas agendas.

Fazia um tempo que eu não escrevia também. Dá um pouco de angústia deixar as coisas que gostamos meio paradas, mas enquanto EU não estiver parado, a energia está fluindo. É o movimento que nos mantém vivos.

É verdade que na tríade: corpo, mente e espírito; a mente está dando uma monopolizada esses dias. E eu sei que é movimento com equilíbrio que nos mantém vivos e bem!

Então preciso me comprometer com meu eu espiritual e meu eu físico que irritantemente me alerta todo dia com uma nova dorzinha aqui ou ali ou um novo kilo que vai custar em partir.

Mas olha só, escrevi. E provavelmente esse texto irá para as redes sociais. Foi meio em tom de auto-ajuda, é verdade. Mas acho que a mensagem que eu queria deixar aqui (e que não tinha clareza quando comecei a escrever) é que o que é verdadeiro nas nossas vidas se comporta como bons amigos, daqueles que a vida nos distancia, mas que quando aproxima parece que nada mudou.

Também incluí algumas fotos aqui. E para mim, fotos tem a capacidade de viajar no tempo. Por isso é importante ter consciência de que o tempo tem seu jeito e cadência para cada um, para cada coisa… Manter-se em movimento é dar um check de vez em quando, e perceber o quão verdadeiras as coisas e as pessoas são nas nossas vidas.

Estamos vivendo a era da atenção. E estar atento o tempo todo é cansativo. Porém também estamos vivendo a era da completude, na qual mesmo distantes percebemos como precisamos uns dos outros. E talvez seja essa a era do auto-conhecimento, e eu já me liguei que enferrujo quando paro.

E você? Tem feito o que gosta, tem sentido falta de algo, tem dado um check nos amigos (tem recebido), tem se movimentado, tem se desenvolvido, tem descansado, tem se conhecido?

Eu lhe recomendo tudo isso, respeitando a cadência do seu próprio tempo.

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Ces Michelin
Vernos
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Escrevo textos e ideias soltas, despretensiosas. Quem sabe, podem fazer sentido para ti em algum momento.