O Facebook não sabe o que quer e isso é problema seu

Ricardo Oliveira
VETOR cultura digital
3 min readAug 26, 2015

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O Facebook está de brincadeira. Se ainda não ficou claro, explico porquê.

A gente se acostumou que ele não é uma rede de seguir pessoas. É um ambiente de relacionamento. Amigos e colegas.

Twitter é pra seguir. Instagram é para seguir. Pinterest é para seguir.

Mas o Facebook, segundo ele demonstra em suas apresentações anuais, sempre foi esse esse espaço onde o que mais importa são as fotos do fim de semana, do bebê e da última festa - e menos o que a gente compartilha de notícias e outros conteúdos que vêm de fan pages.

As fan pages (e quem trabalha com isso) sofreram com a diminuição da atenção baseada nesse valor. Ou seja, fan pages importam menos nesse espaço que a última foto pessoal. O mesmo para links compartilhados.

Um textão com ou sem foto, por exemplo, tem bem mais chances de bombar do que um link com thumbnail vindo de uma grande fan page. Porque é tratado pelo algorítimo da rede como orgânico, horizontal e humano.

E aí quando “todo mundo está se acostumando” com isso, eles permitem que agora você marque perfis e páginas como “Quero ver primeiro”.

Antes foi o tal de “Seguir”, agora, isso.

O que estiver marcado assim, vai aparecer na sua timeline antes de qualquer outra coisa. Ou seja, utilizam um parâmetro de mídias sociais de seguir conteúdo, como Twitter, Instagram e afins.

Mas não era ao contrário?

E aí que, agora que conheço a função, vou marcando o que eu quero ver primeiro. Mas só marquei, sei lá, 2 perfis legais que sigo. Gente tipo Mentor Neto, que tem um texto melhor o o outro.

Só que…agora só aparece Neto antes de tudo. E eu não quero ser alienado por Neto, por mais legais que seus textos sejam.

Logo, eu teria que parar um tempo numa rede que já está fluindo pra mim e montar toda uma nova rede de pessoas que eu “sigo e quero ver primeiro”, no espaço onde isso não era possível.

Se ainda não ficou claro, vou ser mais direto: isso é uma bagunça.

Então vamos combinar o seguinte, Facebook. Eu sei bem o que quero e como quero consumir conteúdo na web. Sei as ferramentas que quero usar para suas funções específicas. E se você tinha deixado claro para mim que não era uma rede de seguir pessoas, mas de se relacionar, eu assumo que esse é seu valor enquanto empresa. É parte do seu posicionamento de marca e que isso dificilmente mudará.

Mas se você não sabe… assim fica difícil.

Vê se decide o que quer e sustenta um argumento e evolui nas ideias em torno dele. Em torno dos seus valores, do seu posicionamento.

Eu, pessoa física, posso até mudar de ideia todo santo dia. Normal - não presto contas a muita gente. Mas uma empresa com 1 bilhão de consumidores (e uma penca de gente que compra mídia e “paga a conta”) talvez não possa se dar a esse luxo.

Crédito da foto

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Ricardo Oliveira
VETOR cultura digital

Faço conteúdo e escrevo sobre ele. Empresário fundador do Dois Cafés (www.estudiodoiscafes.com.br), palestrante e professor.