Islândia em 6 dias

A Islândia, terra de paisagens deslumbrantes e contrastes naturais, é uma ilha mágica esculpida por vulcões, geleiras e uma rica cultura. De auroras boreais dançantes a fontes termais relaxantes, cada canto revela uma história fascinante. Embarque nesta jornada única, onde a natureza selvagem se encontra com a autenticidade islandesa.

Melissa Stella
Viagem à Milanesa

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A Islândia conquistou um espaço especial em minha lista de destinos desejados após o inesquecível ano de 2010, marcado pela erupção do vulcão Eyjafjallajökull, que paralisou o tráfego aéreo europeu. Naquela época, alguns voos meus foram cancelados, levando-me a uma noite inesperada no aeroporto de Barajas, em Madri. Curiosa, comecei a explorar mais sobre esse país que, até então, eu mal sabia onde estava no mapa.

Foi em 2013, assistindo ao filme “A vida secreta de Walter Mitty”, que a Islândia ganhou vida diante dos meus olhos. As paisagens deslumbrantes me deixaram encantada, me fazendo pesquisar onde tinha sido gravado o filme, até descobrir que era na Islândia. Em seguida, a série “Vikings” aumentou a fama do país entre os turistas, especialmente após aquela cena memorável na praia de areia preta. Desde então, a Islândia não é apenas um ponto no mapa, mas um destino cheio de história e beleza.

Escolher a época ideal para visitar a Islândia é desafiador, pois cada estação proporciona uma experiência única. No inverno, os dias são mais curtos e o frio intenso demandam preparação especial, mas a recompensa é a certeza de presenciar auroras boreais. Na primavera e no verão, as auroras dão lugar ao sol da meia-noite, clima ameno e paisagens vibrantes. Optamos pelo outono (novembro/2023), onde a luz solar persiste das 9:00 às 17:00 mais ou menos, as paisagens adquirem tons alaranjados, sem a ameaça de nevascas, e há ainda a chance de avistar auroras boreais. Ficamos satisfeitos com nossa escolha, mas a Islândia desperta um desejo incessante de retornar em outras estações, pois é verdadeiramente viciante.

Existem dois principais roteiros de viagem na Islândia:

O primeiro é o Golden Circle, um percurso de 300 km que inclui paradas nos pontos turísticos como o Parque Nacional de Thingvellir, a área geotérmica Geysir e a cascata de Gullfoss. O segundo é a Ring Road, um trajeto que circunda toda a Islândia, exigindo no mínimo 10 dias de viagem.

Nós não tínhamos à disposição esses 10 dias, então criamos nosso próprio roteiro. Decidimos por mesclar pontos do Golden Circle com uma parte da costa sul do país. Conseguimos explorar todos os lugares desejados com calma e sem pressa. Abaixo, compartilharei detalhes do roteiro que seguimos, juntamente com algumas considerações e dicas.

Embora seja possível explorar a Islândia por meio de guias turísticos e passeios saindo de Reykjavik, meu conselho é superar o receio e optar pelo aluguel de um carro, criando assim seu próprio roteiro. Sou aquela pessoa que geralmente prefere trens ou passeios guiados, apreciando a tranquilidade de não se preocupar com estradas, mas a Islândia é um país que se revela verdadeiramente através da exploração de carro. Ao contrário de lugares onde o foco está no centro histórico da cidade, aqui, os pontos turísticos estão no meio do nada, e o percurso até eles tornam-se parte integral da experiência.

Ao planejar sua viagem pela Islândia, comece definindo o roteiro antes de comprar as passagens. Pesquise os lugares que deseja visitar, marque-os no Google Maps e, em seguida, trace sua rota, observando a distância entre os pontos, o tempo de viagem e as comodidades ao longo do caminho, como restaurantes, mercados e hotéis. Reserve algumas horas livres para explorar os pontos escolhidos, pois algumas atrações, como cachoeiras, podem exigir trilhas para alcançá-las, não estando diretamente acessíveis perto do estacionamento.

Considere a época do ano para determinar a quantidade de horas de sol disponíveis e, assim, planeje a duração da viagem. Depois disso, procure passagens, alugue o carro e faça as reservas de hotéis.

Ao escolher hotéis, verifique a localização, se há uma cidade próxima, e se há opções para jantar ou mercados para comprar comida. Em regiões remotas, onde o hotel pode ser isolado, confirme a disponibilidade de restaurantes. Esses detalhes garantirão uma experiência mais tranquila e bem planejada durante sua jornada na Islândia.

Dia 1:

Chegando no Aeroporto de Keflavik, próximo da área de retirada de bagagem tem um mercadinho, aproveite para comprar algumas coisinhas. Muitas pessoas recomendam comprar bebidas alcoólicas aqui, pois são mais acessíveis em comparação aos mercados nas cidades. Nós optamos por alguns vinhos, garrafas de água e alguns petiscos. Vale mencionar que a água da torneira na Islândia é potável, e em praticamente todos os lugares há pontos para encher sua garrafinha.

Em muitos blogs de viagem aconselham você a comprar alimentos, como macarrão, para preparar nas hospedagens, mas esteja ciente de que nem todos os tipos de acomodações possuem cozinhas disponíveis. Como não reservamos Airbnb ou albergue com essa facilidade, optamos por não comprar.

No próprio Aeroporto de Keflavik, você encontrará a empresa de aluguel de carro ou motorhome que reservou. Recomendaram a escolha de um carro 4x4, mesmo que não pretenda usar estradas não pavimentadas. Dado que passará boa parte da viagem no carro, o conforto é fundamental. Se o chip do seu celular é brasileiro, sugiro alugar um dispositivo de Wi-Fi disponibilizado pela empresa de aluguel de carro para garantir conectividade durante a jornada.

  • Blue Lagoon

A Blue Lagoon está localizada a 23 km do Aeroporto de Keflavik, por isso se você tiver o interesse de ir, coloque-a no seu roteiro ou no primeiro dia ou no último. Recomendo comprar os ingressos com antecedência pelo site, pois os preços aumentam e a disponibilidade pode diminuir. Optamos pela opção mais econômica, que incluía uma toalha, uma máscara de sílica e uma bebida.

Ao chegar, você recebe uma pulseira que serve para abrir seu armário, guardar pertences e facilitar as compras no café e restaurante disponíveis. O armário tem espaço para pendurar casacos, mas não comporta malas de rodinhas. Lembre-se de levar uma mochila com sua troca de roupa e chinelo, deixando a mala no carro. O banheiro é amplo, com duchas (com shampoo e condicionador) e até uma mini secadora para suas roupas de banho. Essa secadora fica próxima dos chuveiros e é uma discreta caixinha preta presa na parede, que você coloca uma peça por vez e ela centrifuga por uns 15 segundos.

Uma dica valiosa é levar aquelas bolsinhas à prova d’água para proteger o celular enquanto explora a lagoa. Vi muitas pessoas fazendo o mesmo.

Dentro da lagoa, aproveite para explorar, há saunas, uma bica de água potável, um quiosque com máscaras faciais, um bar, uma área de silêncio, e muito mais. Não há limite de tempo, então desfrute o quanto quiser.

  • Reykjavik

Passear pela Skólavörðustígur (Rainbow Street) é uma experiência encantadora, repleta de lojas, restaurantes e casinhas coloridas. Não deixe de visitar a The Handknitting Association of Iceland, onde um grupo de pessoas, principalmente mulheres, produzem e vendem tricôs feitos com a lã de ovelhas islandesas desde 1977. Na mesma rua, está o Hegningarhúsið, o cárcere mais antigo da Islândia, que teve em atividade de 1872 a 2016. No final dessa rua, você se deparará com a famosa igreja Hallgrímskirkja, que é um verdadeiro cartão postal do país, com sua incrível torre de 73 metros de altura. Outro lugar interessante para visitar é a Harpa Concert Hall, localizada em frente ao porto antigo da cidade. Além de apreciar sua beleza arquitetônica, você pode entrar e explorar seu interior, onde encontrará um café/restaurante, banheiros e lojas. Praticamente em frente à Harpa, você verá um parque com uma estátua do explorador norueguês e fundador da cidade, Ingólfur Arnarson. A rua Laugavegur, possui 1,5 km de extensão, é a principal via comercial da cidade e a mais antiga, nela você encontrará uma variedade de restaurantes, bares, cafés, lojas, brechós e muito mais.

Dicas de onde comer em Reykjavik:

> Bæjarins Beztu

Em Tryggvagata, fica a barraquinha de rua que vende o mais famoso — e considerado o melhor — hot dog da Islândia. Existente desde 1937, a receita é uma herança de família guardada a sete chaves. Dizem que o segredo é a salsicha de cordeiro, mas se destacam também a cebola frita, a cebola crua, mostarda doce e o remolaði, um molho à base de maionese com sabor doce.

> ROK Restaurant

Frakkastígur 26a

Local descolado e aconchegante, comida islandesa contemporânea e drinks deliciosos.

> Mokka Kaffi

Skólavörðustígur 3A

Uma tradição islandesa desde 1958 e continua sendo um dos cafés mais antigos ainda em funcionamento em Reykjavik. Não deixe de experimentar seus famosos waffles durante a visita.

> Icelandic Street Food

Lækjargata 8

É uma empresa familiar que preserva as receitas das avós dos proprietários, oferecendo aos visitantes comida tradicional islandesa a preços acessíveis. No cardápio tem dois tipos de sopa fresca com ingredientes locais islandeses: sopa de cordeiro, feita com cordeiro islandês, e sopa de marisco, feita com vieiras e camarões islandeses. A sopa é servida dentro de um pão e depois como refil tem sopa de tomate à vontade.

Hotel Múli: Ótima localização, com estacionamento gratuito, quartos novos e muito limpos.

Distâncias:

Aeroporto a Blue Lagoon = 23 km / 22 min

Blue Lagoon a Reykjavik = 48 km / 45 min

Aeroporto a Reykjavik = 52 km / 49 min
Total = 123 km

Dia 2:

  • Parque Nacional Thingvellir

Foi aqui que, por volta de 930 d.C., foi fundado o primeiro parlamento democrático do mundo e onde nasceu a República da Islândia, em 17 junho de 1944. Este é também o ponto de encontro das placas tectónicas (Almannagjá) da América do Norte e Eurásia. Já imaginou caminhar entre dois continentes?

Aqui, você verá sua primeira cachoeira do passeio, a Öxarárfoss, que, embora não seja muito grande, não deixa de ser bonita.

Dica: Coloque no GPS o nome “Vallakrókur Parking”. Trata-se de um estacionamento gratuito e mais próximo da entrada do parque.

  • Geiser Strokkur

No vale de Haukadalur, encontra-se uma das zonas geotermais mais ativas da Islândia e provavelmente a mais famosa do mundo. O gêiser mais ativo atualmente é o Strokkur, que lança jatos de vapor e água que podem atingir mais de 40 metros de altura a cada 6 ou 10 minutos, aproximadamente.

  • Gullfoss

Cujo nome significa “cascata dourada”, deve seu nome à luz dourada que refletem em suas águas durante o pôr do sol. Composta por duas quedas d’água, a primeira mede 11 metros, enquanto a segunda alcança 21 metros de altura.

Descoberta em 1907 por uma mulher islandesa chamada Sigríður Tómasdóttir, Gullfoss instantaneamente cativou seu coração. Determinada a proteger a cascata da exploração de indústrias hidroelétricas que queriam explorar o poder da água para produzir energia, Sigríður travou uma batalha durante anos, mas no final ele conseguiu salvá-la e preservar essa maravilha da natureza.

É um spa natural que abriga a primeira piscina da Islândia, construída em 1891 para aproveitar a fonte termal de Hverahólmir, perto da pequena cidade de Fludir. Consiste em uma única piscina, com pouco mais de 1 metro de profundidade, abriga 1 milhão de litros de água a uma temperatura entre 36–41°C. Embora menos conhecida que a famosa Blue Lagoon, a Secret Lagoon oferece uma atmosfera mais tranquila, preços mais acessíveis e é mais fácil de reservar. Nós não fomos, mas fica aqui a informação.

  • Hella

Localizada no coração da natureza no sul da Islândia, esta pequena cidade está próxima ao vulcão Hekla e oferece uma variedade de atividades nas proximidades. Desde passeios a cavalo até caça à aurora boreal, passeios guiados em super jipes, passeios de snowmobile, exploração de cavernas e até passeios de helicóptero até o vulcão, há opções para todos os gostos. Além disso, a cidade conta com uma variedade de restaurantes, bares, cafés e um posto de gasolina para atender aos visitantes.

Escolhemos essa cidade como parada durante nossa viagem, pois estava convenientemente localizada no meio do caminho para nosso próximo destino no dia seguinte.

Nos hospedamos no Hotel Stracta e ficamos muito satisfeitos com a experiência. Jantamos no restaurante do hotel e ficamos encantados com a qualidade da comida. O café da manhã também foi excelente. O hotel oferece comodidades como sauna, piscinas de água quente e até mesmo um serviço de despertar para avisar sobre a ocorrência da aurora boreal. Uma escolha acertada para uma estadia confortável e agradável.

Distâncias:

Reykjavik ao Parque Thigvellir = 52 km / 50 min

Parque Thigvellir ao Geyser = 56 km / 47 min

Geyser ao Gullfoss = 10 km / 9 min

Gullfoss a Secret Lagoon = 32 km / 28 min

Secret Lagoon a Stracta Hotel = 53 km / 53 min

Total = 203 km

Dia 3:

  • Keldur

Nossa primeira parada do dia foi na aldeia desabitada de Keldur. As casinhas com telhado de turfa (uma massa de tecido de plantas e musgo), e a linda igrejinha de estilo nórdico são agora protegidas e administradas pelo Museu Nacional da Islândia.

Este lugar não é muito conhecido entre os turistas, então ter a oportunidade de ficar ali fotografando completamente sozinhos, no meio do nada e a 11 km da estrada principal, foi realmente especial.

  • Seljalandsfoss

Um dos destinos mais procurados e fotografados da Islândia. A espetacular cachoeira Seljalandsfoss possui 63 metros de altura, criando uma névoa constante e ensurdecedora. Além disso, permite aventurar-se atrás do jato de água, desfrutando de uma perspectiva verdadeiramente única.

Está localizada perto de outras atrações naturais, como a cachoeira Gljúfrabúi e o famoso vulcão Eyjafjallajökull.

Casaco, calças e botas impermeáveis são essenciais se não quiser continuar o dia completamente molhado.

  • Rutshellir Cave

A caverna Rutshellir, também conhecida como Caverna de Rutur, é uma das maiores cavernas artificiais da Islândia, famosa por sua origem misteriosa e folclórica. À beira da estrada existe degraus esculpidos por onde se pode passar do estacionamento à caverna.

  • Skógafoss

É conhecida por sua beleza imponente e pela possibilidade de avistar um arco-íris em dias ensolarados, graças à neblina formada pela queda d’água. Localizada no rio Skógá, a cachoeira tem 60 metros de altura e 25 metros de largura, sendo alimentada pelo derretimento da geleira Eyjafjallajökull, o que significa que o fluxo de água pode variar dependendo da estação. Durante os meses de verão, quando o fluxo é mais forte, o poderoso borrifo da cachoeira pode ser visto a até 20 km de distância.

À direita da cachoeira, há uma escada, um pouco íngreme, que permite aos visitantes subirem e contemplarem a vista do alto.

Curiosidade: Aos pés da majestosa cachoeira Skógafoss, ocorreu uma das cenas mais românticas de Game of Thrones: o beijo entre Jon Snow e a Rainha Daenerys.

  • Farol de Dyrhólaey

Aqui você desfrutará de uma vista panorâmica incrível, contemplando a praia de areia preta, o oceano, as falésias e, durante o verão, poderá avistar o famoso puffins (papagaio-do-mar), símbolo da Islândia. Para chegar exatamente ao local, basta colocar “Dyrhólaeyjarviti” no GPS.

  • Reynisfjara Beach

As duas rochas marinhas mais famosas da Islândia, as colunas de basalto, cavernas e areia extremamente preta. A praia de Reynisfjara é tudo isso.

  • Vík í Myrdal

É uma pequena cidade com 300 habitantes e uma encantadora igrejinha. Apesar do tamanho, oferece uma ampla variedade de opções de hotéis, restaurantes, bares, lojas e mercados. Além disso, é o ponto de partida para passeios espetaculares. É um destino turístico importante para os amantes da natureza e da aventura. Daqui partem passeios de snowmobile nas geleias, passeios a cavalo na praia de areia preta, inúmeras rotas para caminhadas, visitas às cavernas de gelo, apresentações com lava de vulcão, entre outros.

Os restaurantes Strondin, Halldorskaffi e Sudur Vik são muito recomendados, onde podem saborear pratos típicos, como o cordeiro ou a truta do Ártico.

Nesse dia, nos hospedamos no Hotel Dyrhólaey, que oferecia uma vista incrível para a praia. O restaurante do hotel servia comida deliciosa, e atendimento foi excelente.

Distâncias:

Hella a Keldur = 100 km / 1h 20 min

Keldur a Seljalandsfoss = 38 km / 32 min

Seljalandsfoss a Rútshellir cave = 26 km / 25 min

Rútshellir cave a Skógafoss = 5 km / 6 min

Skógafoss a Dyrhólaey = 28 km / 33 min

Dyrhólaey a Reynisfjara = 19 km / 20 min

Reynisfjara a Vik = 11 km / 10 min

Total = 227 km

Dia 4:

  • Eldhraun Lava Field

O vasto campo de lava Eldhraun surgiu de uma das maiores erupções registadas na história e é considerada um dos maiores do tipo no mundo. A erupção durou de 1783 a 1784, sendo considerada pelos cientistas como uma das erupções mais venenosas de todos os tempos. Foi um evento cataclísmico não apenas para a Islândia, mas também para a Europa, causando doenças, quebra de colheitas e fome.

Na década de 60, os astronautas da NASA utilizaram esse campo como local de treinamento para a missão Apollo 11. A NASA acreditava que a paisagem e as condições geológicas de Eldhraun se assemelhassem às da lua.

O campo e as crateras de Eldhraun são cobertos por um tipo especial de musgo conhecido como musgo lanoso. É esse musgo que confere à paisagem uma aparência estranha e sobrenatural. No entanto, esse musgo é extremamente frágil e leva cerca de 100 anos para crescer.

  • Skaftafell

O Parque Nacional Skaftafell e suas extensas e diversas trilhas, todas perfeitamente sinalizadas, oferecem inúmeras maravilhas naturais: cascatas imponentes, colunas de basalto, geleiras majestosas, pássaros peculiares e maravilhosas vistas panorâmicas das montanhas.

Uma das caminhadas mais populares leva os visitantes a cachoeira de Svartifoss, com o percurso de 8 km (ida e volta), conhecida pelas colunas hexagonais em basalto que a enquadram. Depois seguindo caminhando para norte até Skaftafellsjökull, poderá admirar a língua da geleira Vatnajökull, o maior da Europa, que cobre 11% da superfície da Islândia.

  • Jökulsárlón e Diamond Beach

A espetacular lagoa Jökulsárlón está situada aos pés da geleira Vatnajökull, onde se podem admirar numerosos icebergs de cor branco-azulada flutuando e que serão lentamente transportados para o mar, dando vida à Diamond Beach. Aqui você tem a oportunidade de apreciar as maravilhas naturais do lago, fazer caminhadas, passear de barco, fotografar os icebergs, e também oferece a chance de avistar vida selvagem, como focas e inúmeras aves.

  • Fosshotel Glacier Lagoon

Chegamos a um ponto crucial da viagem, onde tínhamos duas opções: continuar na estrada e dar a volta completa pela Islândia ou começar a retornar em direção ao aeroporto. Poderíamos ter ido até a cidade de Höfn e nos hospedado em um hotel por ali. No entanto, considerando nosso desejo de avistar a Aurora Boreal, optamos pelo Fosshotel Glacier Lagoon, situado no meio do nada, cercado por uma paisagem deslumbrante de montanhas, geleiras e oceano. Embora tenha sido o hotel mais caro de toda a viagem, cada centavo investido valeu a pena. O restaurante oferecia uma deliciosa variedade de pratos típicos islandeses e culinária internacional. Além disso, o hotel contava com piscinas de água quente e sauna. E o ápice da experiência foi poder contemplar a Aurora Boreal diretamente da janela do nosso quarto.

Distâncias:

Vik a Skaftafell = 139 km / 1h 42 min

Skaftafell a Jokulsárlón = 58 km / 49 min

Jökulsárlón a Fosshotel = 30 km / 27 min

Total = 225 km

Dia 5:

Reservamos o hotel Konvin em Keflavík, próximo ao aeroporto, já que nosso voo estava programado para a manhã seguinte, tornando o trajeto mais tranquilo. No entanto, programamos o GPS para nos levar a Reykjavík, para aproveitarmos a tarde e a noite na cidade. Voltamos com calma, explorando tudo com mais atenção e menos ansiedade.

Fizemos uma parada para esticar as pernas em Kirkjubæjarklaustur, uma cidade de 200 habitantes, mas excelente para comprar suprimentos e abastecer o carro. A apenas 4 km dali, fica a cachoeira Stjórnarfoss, que apesar de sua altura modesta e formato pequeno, ela está inserida numa paisagem deslumbrante de rochas vulcânicas, falésias e encostas verdes verdejantes no verão, e congeladas no inverno, tornando-a uma das vistas mais pitorescas, perfeita para os entusiastas da fotografia.

Ao lado está Kirkjugólf, que são fascinantes formações rochosas que você verá no solo, lembrando caminhos e pisos de paralelepípedos. “Kirkjugolf” significa “chão da igreja”, que tem uma forma tão uniforme que, durante muitos anos, tanto os habitantes locais como os visitantes acreditaram que deviam fazer parte de um piso de uma igreja. Na realidade, as colunas de basalto foram formadas quando a lava esfriou e contraiu, criando as formas hexagonais perfeitas que vemos hoje.

Distâncias:

Fosshotel a Reykjavík = 350 km / 4 h 30 min

Reykjavík a Kovin Hotel Keflavik = 48 km / 1 h

Kovin Hotel a Aeroporto de Keflavik = 7 km / 12 min

Total= 405 km

Dia 6:

Dia de ir devolver o carro e pegar o voo de volta pra casa.

Considerações finais:

Antes de comprar as passagens, dediquei bastante tempo ao estudo da Islândia. Adquiri livros, analisei mapas, assisti a vídeos de viagem e li blogs com dicas. Todos enfatizavam a importância dos cuidados com as roupas, das mudanças repentinas de clima, da necessidade de abastecer o carro sempre que possível, da moeda local e da compra de alimentos, já que a comida local não era considerada boa. No entanto, após essa viagem, pude perceber que a Islândia está mais preparada para receber turistas do que muitas cidades turísticas por aí. É um país muito desenvolvido, receptivo e internacionalizado.

Moeda: Não trocamos dinheiro pela moeda local e realizamos todas as transações apenas com cartão, já que todos os estabelecimentos aceitam pagamentos dessa forma.

Posto de gasolina: Encontramos postos de gasolina e tomadas para carros elétricos em todos os pontos turísticos, mesmo nos mais remotos. Para abastecer, basta inserir o cartão e senha, que irá liberar a mangueira para abastecer. Depois que encheu o tanque, a bomba faz a cobrança de quanto você utilizou.

Estacionamentos: É proibido estacionar em lugar que não seja próprio. Todos os pontos turísticos há estacionamentos, os mais famosos e movimentados são pagos, com possibilidade de pagamento nas máquinas.

Comida: A culinária local foi uma grata surpresa, não é atoa que o melhor salmão e o melhor bacalhau são de lá. Todos os dias nós almoçamos sanduiches naturais que comprávamos nos mercados, o que além de delicioso, economizava tempo durante os trajetos.

Banheiros: Em distâncias maiores você encontra banheiros públicos limpíssimos em meio a estrada, mas também tem disponíveis nos pontos turísticos, assim como restaurantes e cafés.

Roupas: Sobre as roupas, se você comprar as certas, como um casaco impermeável e corta-vento, segunda pele térmica, calçado impermeável, touca grossa, luvas e meias térmicas, são o suficiente para se manter aquecido durante a viagem.

Mercados: Os mais conhecidos são Bonus, Kronan e Netto, porém é importante destacar que esses estabelecimentos não vendem bebidas alcoólicas, para isso você tem que ir no Vinbudin para adquiri-las.

Aplicativos para ter no celular:

112 Iceland — através dele você pode pedir socorro em caso de emergência e sua localização será enviada por SMS.

Iceland Road Guide e My Aurora Forecast — para previsão de aparições de auroras.

Sites para acompanhar:

Road.is e SafeTravel para saber da situação das estradas.

Vedur para acompanhar a previsão do tempo.

O que não esquecer de levar: Tripé/selfie stick, carregador portátil, capinha a prova d’água para celular, cabo USB para conectar no carro, chinelo, roupas de banho.

Playlist: pode parecer bobo o que vou dizer, mas a playlist da minha viagem pela Islândia fez toda diferença. Claro, está tudo bem você ouvir suas músicas preferidas, mas eu sugiro procurar no Spotify por “Roadtrip Iceland” ou pela playlist que criei com as melhores músicas que ouvi durante a viagem. Hoje, quando escuto uma dessas músicas, sou transportada de volta para aquele momento e confesso que meus olhos até se enchem de lágrimas. Vai por mim ;)

É difícil expressar em palavras a magnitude das experiências vividas e das paisagens deslumbrantes que testemunhamos. Desde as poderosas cachoeiras até as vastas planícies de lava, cada momento foi uma aventura única e memorável.

Explorar a Islândia por conta própria revelou-se uma jornada repleta de descobertas, surpresas e conexões com a natureza de uma maneira que só este país singular pode proporcionar. Das ruas coloridas de Reykjavik às paisagens épicas das estradas, cada parada foi uma oportunidade para mergulhar na cultura, na história e na beleza natural desta ilha incrível.

Espero que este roteiro tenha sido útil para te ajudar a planejar sua própria jornada islandesa e que você tenha a chance de vivenciar pessoalmente a magia desta terra extraordinária.

Lembre-se, na Islândia, a aventura está sempre à sua espera. Até logo, viajante!

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Melissa Stella
Viagem à Milanesa

Ítalo-brasileira, casada, escorpiana, viajante, deslumbrada, sonhadora, intensa, apreciadora de uma boa cerveja e uma boa comida… Insta:@milanesatours