Piores Músicas de Rock de Todos os Tempos — Parte 3

The Torture Never Stops

Marco Aurélio Corrêa
Viagem Ao Fim Da Noite
7 min readAug 19, 2018

--

Def Leppard (Pour Some Sugar On Me) — Quando era moleque a única graça que alguém ainda via no Def Leppard era o freak show da banda ter um baterista com um braço só (sim, é uma história de superação, mas ninguém liga para isso). Porém, estávamos sendo injustos com o Rick Allen, o verdadeiro freak show eram as músicas da banda, principalmente aquelas feitas do Hysteria em diante. A canção basilar dessa ruindade é Pour Some Sugar On Me, que possui a seguinte passagem: “jogue um pouco de açúcar em mim em nome do amor”. Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso desistiria da música aí ou nos inúmeros inuendos sexuais dignos do pior do axé. Mas, para aqueles que são valentes ou tem má comunicação entre os neurônios, uma audição repetida revela uma música que tem o som das produções artificiais do Mutt Lange conforme ele foi se aproximando do pop cretino. O som é ridiculamente limpo, porém, tem reverb o suficiente para enganar os incautos que a música tem peso. Mas, um crédito tenho que dar ao Mutt, ele sabe dos gostos imbecis que as pessoas têm em música e fez um tremendo de um hit.

Iron Maiden (The Angel And The Gambler) — Agora eu consigo umas ameaças de morte, ainda mais que eu realmente detesto Iron. Porém, essa daqui a todos que não sejam completamente enlouquecidos pela banda devem concordar. The Angel And The Gambler foi o primeiro single do Virtual XI (o último disco com o inexplicável Blaze Bayley). O clipe da música apesar de ser uma animação gerada por computador horrorosa (com o Blaze fazendo carinha de mau), ainda é enganoso, pois só possui quatro minutos, esse lixo em sua totalidade possui quase dez. Nesses dez minutos o refrão é repetido pelo menos duas vezes por minuto (sim, até o fim isso vira uma tatuagem no seu neocórtex). Outra coisa infame na música é um hammond inacreditavelmente irritante. A letra que geralmente é embaraçosa, pois o Harris quer ser um poeta (ou assassinar obras de poetas de verdade como em Rime of the Ancient Mariner), dessa vez é inofensiva, a música é tão ruim que ele poderia ter escrito qualquer coisa. Bem, é isso, agora os fãs do Iron podem escrever a vontade o que quiserem sobre mim, ao contrário do que fizeram com o Anton Maiden, eu não vou acabar me matando por isso.

Europe (The Final Countdown) — Preciso explicar essa aqui? É uma das músicas mais irritantes de todos os tempos graças ao notório riff de teclado do Joey Tempest e seu timbre vagabundo que não saem da cabeça. A música tem a ideia de um ritmo galopante baseado no Iron e a letra é baseada em Space Oddity (se fosse o Bowie ou do Iron ficaria profundamente ofendido), porém a única coisa que eu lembro é “It’s the final coundown” repetido ad nauseam. Pena que fazer uma coisa assim não seja crime.

Toto (Rosanna) — Coitado do Jeff Porcaro, gastou sua magnífica variação do Purdie Shuffle nessa música (ao menos foi recompensado monetariamente). Toto tem sua origem em músicos de estúdio que tocavam com o Steely Dan entre outros e eles são como o Steely Dan após uma lobotomia. Traduzindo: é um show de proficiência musical dedicada a fazer músicas horrorosas com letras risíveis. Essa ode a Rosanna Arquette é simplesmente brega demais, de fato, parece que o tiro saiu pela culatra e o Steve Porcaro foi trocado pelo Peter Gabriel (que escreveu a cultuada In Your Eyes para ela). Pouco depois os membros do Toto tiveram importante participação no Thriller do Michael Jackson, provando que eles deveriam ter ficado como músicos de aluguel.

Red Hot Chilli Peppers (Californication) — Primeiramente, eu entendo muito bem o que o Kiedis canta, porém, ele elenca tantos objetos diferentes na letra (espiões psíquicos da China, Kurt Cobain, unicórnio primogênito) que a coisa parece um flashback das drogas que ele tomou. Durante a época do By The Way, Kiedis deu a entender que o objetivo da banda era se afastar o máximo possível do som funk-punk tipo Gang of Four. Porém, já em Californication temos uma fuga completa desse som e um show de melodia insípida. Já falei da produção? O disco inteiro é conhecido por ser ultra comprimido para dar a ilusão de um volume maior, o que acaba distorcendo todos os instrumentos, além disso eu sempre tive a impressão que a música inteira é em mono (mas pode ser só impressão). Parece injusto incluir essa música, pois ele fariam coisas muito piores depois, porém aqui está o resumo/molde de todas as ideias ruins dos Chilli Peppers.
P.S. O clipe que parece um jogo de Dreamcast é ótimo.

Paul McCartney (Simply Having a Wonderful Christmastime) — Isso saiu na época do Paul com os Wings que eles não acertavam porra nenhuma. Entretanto essa música foi ressuscitada como um zumbi comedor de cérebros (certamente ouvir isso diminui o Q.I.) de um repertório anterior do Paul. Assim, Macca tem todos os créditos, algo esperto tendo em vista que o único motivo de escrever uma canção cretina de Natal é rechear o bolso. É pior que Então é Natal? Sim, é. Afinal, Então é Natal vem de uma música do Lennon que é um pouco melhor (será que eles estavam disputando quem escrevia a maior porcaria?) Duas coisas são particularmente irritantes: o sintetizador barato e a repetição de “simply having a wonderful christmas time” até parecer um mantra (a Índia fez um mal danado aos Beatles). Se eu fosse lojista e tivesse que ser torturado por essa música, cogitaria o suicídio.

Nickelback (How You Remind Me) — Nickelback tem atrocidades maiores, mas isso aqui foi o estopim. Além de ser o equivalente musical do Massacre de My Lai, Nickelback merece um estudo sociológico. Afinal, eles não são exceções, tudo que fez sucesso no mainstream dos anos 2000 em diante foi uma completa bosta. O rock colapsou como se fosse as Torres Gêmeas (esse disco foi lançado no mesmo dia do ataque do Bin Laden, negócio profético). Bem, e a música? Realmente não sei, assim que o Chad Kroeger começa a cantar com sua guitarrinha broxa eu sinto que vou ter um aneurisma e paro de ouvir. Então, tirem suas conclusões por própria conta e risco
P.S. Um cara no Whiplash acha o disco que contém essa música algo transcendental, certamente um de nós dois está louco. Vou deixar o link aqui:
https://whiplash.net/materias/cds/281932-nickelback.html

Yes (Don’t Kill The Whale) — Essa daqui é constrangedora (bem, a maioria é, mas essa é especial). A letra tem uma mensagem ecológica sobre não matar as baleias com toda pompa que só o Jon Anderson pode dar (enquanto isso nós temos Moby Dick do outro lado). Não preciso dizer que a pretensão poética do Jon Anderson (que mal completou o primário e se perdeu em estudos religiosos superficiais) nos dá ótimos versos como: “matando nossa última besta do céu” (?!) ou “no despertar da nova era que defende os frágeis” (Jon não podia deixar passar sem seu esoterismo de quinta categoria). Além disso Jon canta “don’t kill the whaaaaaaale” com seu tipo único de falsete, algo para se apreciar. Porém, já falei muito do Jon, mas a música que acompanha? Era 1977, ano do punk, o que nossos heróis do progressivo vão fazer? Vão a abraçar a idéia ou criar algo mostrando todo seu poder técnico e sonoro? Nenhum dos dois. Primeiro, a produção é uma bagunça e é até difícil de discernir o som dos instrumentos numa primeira audição. Mas se o Alan White fosse competente teria colocado uma batida disco e isso seria um hit (o baixo que o Chris Squire fez está pronto para isso). Enfim, a música me dá sentimentos japoneses em relação aos cetáceos.

Queen (Body Language) — Essa daqui até o Brian May ficou putaço. Assim que Another One Bites The Dust fez sucesso a banda se moveu para um terreno mais ligado ao funk, disco e até o eletrônico. Body Language tem o som minimalista de uma boate gay européia (porém muito mais esparso), obviamente a música foi feita pelo Freddie Mercury e o som é pontuado por uma linha de baixo feita num sintetizador e uma bateria eletrônica (sim, Queen rocks!) E o Brian May? Bem, se você prestar atenção dá para achar ele no final escondido como se fosse a criança feia da família (isso é um dos motivos dele não gostar da música e pelo que sei nem tocar ela ao vivo). Enquanto isso Freddie canta sobre sexo (o que mais seria com esse som?), algo bobo, porém não comprometedor em face da música horrorosa. Logo eles fizeram um clipe para complementar com atores nus, porém a banda tirou o corpo fora e todos aparecem vestidos. O clipe foi proibido, mas nem precisava, tudo é muito chato para excitar alguém.

America (A Horse With No Name) — Vamos a esse clássico que o Walter White gosta de cantar no carro. Alguns versos da canção são assim (como sempre porcamente traduzidos por mim): “Havia plantas e pássaros e pedras e COISAS”, “O CALOR estava QUENTE e o chão estava seco, mas o ar estava cheio de som”, “Porque não há ninguém de para não te dar dor” (é uma sintaxe mais estranha que eu consigo traduzir), “depois de três dias na DIVERSÃO do deserto eu estava olhando para o leito de um rio”, etc. Bem, e o som? É uma cópia do Crosby, Stills and Nash ou do próprio Neil Young. Porém, o que importa? Com essa letra do cara que não consegue nem dar nome ao próprio cavalo podia ser Beethoven e mesmo assim seria uma porcaria.

Gostou? Aqui tem o link para a parte 1 com links para todas as partes: https://medium.com/viagem-ao-fim-da-noite/piores-m%C3%BAsicas-de-rock-de-todos-os-tempos-d41bd2ee43a8

Link para todos os artigos https://medium.com/viagem-ao-fim-da-noite/

--

--