The Residents — Olhos gigantes para o nada.

Marco Aurélio Corrêa
Viagem Ao Fim Da Noite
2 min readSep 17, 2018

De 1974 até 1981 os Residents eram a melhor banda do mundo que ninguém ouvia. Basicamente eles caíram no buraco negro do rock tanto pela sua aparição logo depois do fim dos hippies na America (o que matou grande parte do público experimental), tanto pela vontade dos próprios de serem obscuros. Ao ponto de criarem uma Teoria da Obscuridade, onde basicamente o seu melhor resultado enquanto músico irá aparecer o mais longe outras pessoas estejam de ouvir. Assim alguns discos eram gravados e demoravam anos para aparecer. A música é muitas vezes incaraterizável, é como se o Frank Zappa finalmente tomasse as drogas que detestava, perdendo toda sua energia, indo brincar com gravadores, fazendo paródias com melodias simples e tentando ser um músico erudito ao mesmo tempo. Um dos elementos distintos da banda é o visual, todos os membros usavam capacetes de olhos gigantes, vestidos de fraque e cartola, assim, durante muito tempo as identidades eram desconhecidas, sem dúvida de maneira mais elegante que o Slipknot. A banda também é notória por covers demenciais (Beatles, Led, Elvis, James Brown, Stones…) onde basicamente a intenção deveria ser ofender todos os fãs dos músicos e por fazer video clipe antes mesmo de ter um veículo para exibi-los, depois cada inovação tecnológica foi incorporada no lançamento, assim basicamente foram a primeira banda a explorar o que um CD ROM podia fazer. Talvez o disco mais conhecido deles durante um longo tempo seja o Eskimo (com participações do Chris Cutler do Henry Cow e do Don Preston que era do Mothers of Invention), um disco etnográfico sobre a vida do povo Inuit, sobre a caça, os mitos, os enterros, mas claro, tudo inventado (porém o que importa mesmo é a encenação, infelizmente não posso postar o encarte que deixa tudo claro). O som tem baterias tribais, um persistente barulho de vento, alguma rara melodia e cânticos ininteligíveis (porém na faixa que escolhi existe um claro “Coca-cola is it / Coke adds life / We want Coke oh yeah”). É o único disco de música ambient divertido que conheço e caso vocês não se divirtam, tem a versão “disco” dele

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