Anos 2000, Sony Mavica e o nosso testamento digital

Ivens Machado Costa Sollohandd
casasbahiatech
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3 min readDec 2, 2021

Estava em um dos meus sites favoritos, o The Verge, e vi uma matéria que me fez pensar no meu passado e no nosso futuro. Se importa de me acompanhar nessa viagem textual?

Na distante era dos anos 2000, eu trabalhava como estagiário em uma rádio de São Paulo (Brasil 2000, como eu te amava!). Era responsável por ajudar na área de jornalismo com a criação de pautas, realização de entrevistas e a maravilhosa tarefa de cobrir eventos e shows!

Anos 2000: vários anos e quilos atrás

Minha criatividade sempre me acompanhou para escrever os melhores textos e perguntas. Além disso, outra coisa que sempre me acompanhava era a minha Sony Mavica e seus 0,35 megapixels. Ah! E claro, uma caixa de disquetes de ¾. Não, você não leu errado: disquetes de ¾ e 0,35 megapixels. Talvez você possa estar rindo do alto do seu smartphone com sei lá quantas câmeras e dezenas de megapixels, mas a Mavica era o ápice da fotografia digital à época. Por conta dessa maravilha moderna, eu não precisava me preocupar! Era clique atrás de clique! Pitty? CLIQUE! Lenny Kravitz? CLIQUE! Slipknot? CLIQUE! Ziggy Marley? CLIQUE!

Para quem nunca viu uma Mavica… ou um disquete de 3/4 com incríveis 1.44MB

Creio que foi nessa época que comecei a criar o meu patrimônio digital: fotos, textos, vídeos, roteiros, aplicativos, testemunhais (saudades do Orkut, né?), mensagens de amigos e familiares… infelizmente, muita coisa eu perdi, me foi roubada ou simplesmente diluiu-se na infinidade que é a internet.

Smithereens, o segundo episódio da quinta temporada de Black Mirror também aborda o assunto

Conforme os anos foram passando, a minha bagagem digital foi aumentando (jogos digitais, apps, programas, assinaturas digitais, artigos como este) e, junto com ela, a importância dos dados na nossa sociedade — LGPD, já ouviu falar? Por mais que sejam digitais, são pertences com valor emocional que não quero que sumam ou fiquem inacessíveis quando eu for dessa para uma melhor. Algumas empresas estão olhando essa questão com atenção e, em breve, creio que a nossa sociedade irá adotar um novo comportamento: o de incluir as posses digitais em testamento. Uma dessas empresas é a Apple, que incluirá no seu IOS 15.2 a opção para escolher 5 pessoas como seus “contatos de legado” que poderão ter acesso ao conteúdo do ICloud. Eles estão fazendo isso para lidar com uma cláusula do seu termo de serviços que diz que quando uma pessoa morre, os seus dados vão junto com ela, mesmo com um atestado de óbito. Facebook e Google já possuem processos semelhantes, mas, como de costume, será que elas estão definindo o futuro do nosso legado digital? E você, já parou para pensar para quem você irá deixar o seu patrimônio de zeros e uns?

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